REAÇÃO
Pavilhão 9 (2001)
Crítica
Cotação:
O Pavilhão 9 foi uma das bandas que melhor traduziram em músicas a lei do cão que vigora na periferia paulistana. Por vezes, as histórias da interminável e sangrenta luta entre sistema e oprimidos (polícia e população pobre) chegavam a lembrar roteiros de filme de terror, mas é impossível negar a contundência (e o suingue) de faixas como Terra de Ninguém e Retrato de São Paulo, da obra-prima da banda, o disco Se Deus Vier, Que Venha Armado (99). Na passagem do Pavilhão para uma grande gravadora, a Warner, muito mudou. Mais do que a nova sonoridade – potente, mas enquadrada pelo produtor Tom Capone nos padrões de um disco de multi -, o disco Reação, o quinto da carreira da banda, surpreende pela guinada nas letras despejadas pelos rappers Rhossi e Doze. Eles não dão mais nome e endereço dos seus alvos, preferindo falar de forma genérica e evasiva – aparentemente, deixaram a realidade nua e crua para os outros rappers. “Atitude, respeito, evolução/ Não temos medo da repressão”, alfinetam em Trilha do Futuro - talvez uma resposta aos que os criticam por terem trocado anos atrás a base de toca-discos, tradição do hip hop, por uma banda. Reação, diga-se de passagem, é o primeiro disco do Pavilhão a não trazer uma faixa sequer de rap ortodoxo. O som está agora muito mais para Sepultura – e o baterista da banda endossa a influência, participando de Aperte o Play, uma curiosa viagem em cima da música de Jimi Hendrix – do que para o seu antigo som. As guitarras de Ortega revelam mais texturas sonoras e há até uma incursão pelo reggae, na acoplagem de Get Up Stand Up, de Bob Marley, a Levante a Cabeça (“escola é raridade na favela/ meu estudo não permite que eu saia fora dela/ tentei de várias formas um emprego, foi em vão/ querem muito estudo até para limpar o chão). Quem acompanha os discos do Pavilhão 9 não terá como não notar algo estranho em Reação - bom ou mau, depende da visão de cada um. Só resta saber se o grande público fará a conexão entre a banda e alguns dos grandes vendedores de disco do país, como O Rappa e Raimundos, que há muito têm se valido da poder do rap para despertar a indignação e os hormônios dos adolescentes da classe(Silvio Essinger)
Faixas
1
Trilha do futuro
2
Derrubando barreiras
3
Sigo com calma
4
190 há! há!
5
Aperte o play
6
Fé
7
Direto das ruas
8
Pot-pourri
Get up, stand up (Bob Marley - Peter Tosh)
Levante a cabeça (Rhossi - Doze - Ortega - Marinho)
Levante a cabeça (Rhossi - Doze - Ortega - Marinho)
9
Reação
10
Low rider
11
Verbal comunicação
12
Poderoso chefão
13
Planos, mapas e esquemas