RENATO TEIXEIRA - 2 LPS EM 1CD
Renato Teixeira (2001)
Crítica
Cotação:
Da geração dos festivais, cantado tanto por uma iniciante Gal Costa (Dadá Maria) quanto por um Roberto Carlos já à galope na Jovem Guarda (Madrasta, parceria com Beto Ruschel), o santista criado em Taubaté Renato Teixeira foi um dos deflagradores da vertente neocaipira (não confundir com o rock rural de Sá, Rodrix & Guarabira) a partir do estouro de Romaria na voz de Elis Regina, em 1977. Os dois LPs acoplados neste CD são consequencia dessa fase: Romaria, de 1978 e Amora, de 1979. No primeiro, que inclui, obviamente o megasucesso, Renato frequenta vários formatos da música interiorana, da moda violeira (Viola Malvada) ao rasqueado (Agulha no Palheiro) e o agalopado Vira (No Meu quintal), sempre com um polimento pop que direciona algumas de suas composições para o território etéreo da valsa (Lira Rara) ou da canção (Olhos Profundos). Também nas letras sua pegada é leve, como no discreto protesto de Sentimental Eu Fico ou no sussurro etário da paulsimoniana Eu e Ney Sentados na Ponte: "a gente ia pra cidade soltar a fera/ que numa certa idade/ todo peito encerra".
No delicado Amora, a começar pela canção título há o mesmo equilíbrio do rural temperado pela urbanidade como na onírica A Primeira Vez Que Fui ao Rio. Em Mato Dentro, o contraste dos dois universos é metaforizado. Já em Sina de Violeiro, Morro da Imaculada e no clássico referencial de Tonico & Tinoco Canta Moçada (parceria de Tinoco com Nhô Fio e Nonô Basílio), o sertão brota dos acordes enxutos e da emissão com o erre ligeiramente arranhado pelo sotaque capiau do solista, cioso de sua procedência. Trata-se, no entanto, de um jeca antenado como demonstram as geracionais Antes da Guerra da Coréia e Madrugadas de 68. Desta ultima, salta o lamento sutil da derrota do projeto da imaginação (e despojamento) no poder. "Tudo estava preparado dentro da cabeça/ para desarmar/ o gatilho dessa velha arma/ que proíbe o homem de criar". O sertanejo nacional ainda não era um texano que nasceu fora do lugar.
(Tárik de Souza)
No delicado Amora, a começar pela canção título há o mesmo equilíbrio do rural temperado pela urbanidade como na onírica A Primeira Vez Que Fui ao Rio. Em Mato Dentro, o contraste dos dois universos é metaforizado. Já em Sina de Violeiro, Morro da Imaculada e no clássico referencial de Tonico & Tinoco Canta Moçada (parceria de Tinoco com Nhô Fio e Nonô Basílio), o sertão brota dos acordes enxutos e da emissão com o erre ligeiramente arranhado pelo sotaque capiau do solista, cioso de sua procedência. Trata-se, no entanto, de um jeca antenado como demonstram as geracionais Antes da Guerra da Coréia e Madrugadas de 68. Desta ultima, salta o lamento sutil da derrota do projeto da imaginação (e despojamento) no poder. "Tudo estava preparado dentro da cabeça/ para desarmar/ o gatilho dessa velha arma/ que proíbe o homem de criar". O sertanejo nacional ainda não era um texano que nasceu fora do lugar.
(Tárik de Souza)
Faixas