ROGÉRIO SKYLAB EM ''SKYLAB III''
Rogério Skylab (2002)
2002
Independente
s/nº
Crítica
Cotação:
A dedicatória no encarte do terceiro disco de Rogério Skylab denuncia tudo: o cantor carioca oferece o trabalho a Daminhão Experiença, assumindo assim sua filiação à nobre e subestimada linhagem dos verdadeiros freaks da MPB. Outras referências possíveis surgem aos poucos, nas citações a artistas como Arrigo Barnabé, Zumbi do Mato e Frank Zappa. Dito isso, compreende-se melhor a música e a proposta estética de Skylab, definitivamente um artista para poucos (e ele reconhece isso na letra de Lágrimas de Sangue) - já a partir da capa, que exibe a foto (retrabalhada) de um feto. Rogério é um iconoclasta que sempre busca confrontar o ouvinte para preservar sua autenticidade. Suas letras são o que há para se destacar. Não que a música seja inferior; a banda é competente e cria rocks, funks e até um blues (Blues do Para-choque), básicos mas eficientes, para emoldurar as melodias minimais de Skylab. Porém, é nos versos que se evidencia a personalidade única do cantor - que se esmera em criar um universo bizarro, por vezes desagradável, outras hilário, mas sempre à beira do desconforto terminal. Para pôr o público em uma permanente saia-justa, Skylab recorre à escatologia, sexo, palavrões e o que mais for. Daí, inútil recorrer a adjetivos ou classificações. O artista quebra o paradigma do "entretenimento" e da "mensagem"; com Skylab não há meio termo. Ou o ouvinte aceita o radicalismo e a distância (imposta pelo próprio cantor) entre ele mesmo e o artista, ou dá as costas repugnado.
Skylab III não chega a capturar a catarse que as performances ao vivo de Rogério são capazes de causar. Mas é, musicalmente, o mais variado e eclético de seus discos. Da desconstruída e minimalista Acorda Siva Maria ao peso quase metálico de Tiger, o disco todo é uma demonstração de fôlego da banda e do compositor. Impossível apontar destaques em meio à barragem de versos absurdos (porém cuidadosamente construídos) de Skylab. Capaz de fazer a única canção de amor da história que tem hemorróidas como tema (Lágrimas de Sangue), e de ao mesmo tempo fazer rir e causar nojo (Cocô), Skylab surpreende até mesmo seus fãs mais renitentes em pelo menos um momento. É quando chega-se ao lirismo desconcertante de Cântico dos Cânticos, com direito a discursos sampleados de... Leonel Brizola e Caetano Veloso! Pena que o encarte não inclui as letras.(Marco Antonio Barbosa)
Skylab III não chega a capturar a catarse que as performances ao vivo de Rogério são capazes de causar. Mas é, musicalmente, o mais variado e eclético de seus discos. Da desconstruída e minimalista Acorda Siva Maria ao peso quase metálico de Tiger, o disco todo é uma demonstração de fôlego da banda e do compositor. Impossível apontar destaques em meio à barragem de versos absurdos (porém cuidadosamente construídos) de Skylab. Capaz de fazer a única canção de amor da história que tem hemorróidas como tema (Lágrimas de Sangue), e de ao mesmo tempo fazer rir e causar nojo (Cocô), Skylab surpreende até mesmo seus fãs mais renitentes em pelo menos um momento. É quando chega-se ao lirismo desconcertante de Cântico dos Cânticos, com direito a discursos sampleados de... Leonel Brizola e Caetano Veloso! Pena que o encarte não inclui as letras.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas
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