ROSA PASSOS CANTA CAYMMI
Rosa Passos / Dorival Caymmi (2000)
2000
Lumiar Discos
LD54-01/00
Crítica
Cotação:
A Bahia deu régua e compasso ao samba nascido nas casas das tias festeiras que se estabeleceram no centro do Rio no começo do século. Mas o samba propriamente baiano tem peculiaridades que o mestre Dorival Caymmi poliu e sofisticou para uso nacional. O emprego de acordes alterados em seus temas buliçosos de aparência simples transformaram a obra do compositor numa via de mão dupla da tradição com a modernidade. Não por acaso, tanto a bossa nova de João Gilberto quanto o tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, para ficar apenas nos conterrâneos, utilizaram seus alicerces semoventes. A também baiana Rosa Passos é discípula declarada do minimalismo joãogilbertiano de quem assimilou o diálogo intenso com o violão e o fraseado de recorte rítmico elaborado. Voz curta que prefere a insinuação e o sombreado à nota ferida, Rosa singra os vários Caymmis. O sincopado e dengoso aquarelista de Você Já Foi à Bahia?, Vatapá, Rosa Morena, Samba da Minha Terra e Vestido de Bolero e o épico expressionista das marinhas Milagre e O Bem do Mar. O remansoso dos sambas canções de sua fase carioca (Marina, Só Louco, Sábado em Copacabana, Você Não Sabe Amar) e o inovador nas aliterações rítmicas (Doralice) capaz de casar valsa & bossa (Das Rosas). Centrado nos arranjos e violão de Lula Galvão e numa pequena base instrumental, Rosa Passos Canta Caymmi realça com delicadeza e despretensão a presença gigantesca do Buda Nagô (como o chamou Gilberto Gil) na MPB.(Tárik de Souza)
Faixas