ROSAS E VINHO TINTO
Capital Inicial / Alvin L. (2002)
Crítica
Cotação:
Engana-se quem pensa que o Capital Inicial está tranqüilinho da silva, depois dos dois
milhões de cópias vendidas do Acústico MTV. Na verdade - é só uma suposição,
mas bem pode ser realidade - Dinho & cia. devem suando frio na tentativa de, ao mesmo
tempo A) não pôr a perder a nova audiência com um disco radicalmente diferente do
anterior e B) tentar seguir com alguma hombridade o rumo natural de sua carreira
pré-desplugada. Rosas e Vinho Tinto até atinge este equilíbrio, empregando
passos cautelosos. O grupo já afirmou que o disco é, basicamente, uma continuação de
Atrás dos Olhos, o álbum de 1998. É e não é, por motivos diferentes. É, porque
reitera a sonoridade menos forçada daquele álbum, sem o (pseudo) radicalismo do início de
carreira ou as estéreis experimentações eletrônicas posteriores. E também não é, porque
inevitavelmente incorpora lições aprendidas no Acústico - arranjos mais limpos,
ênfase na força das composições - e porque faltou à nova safra de canções um tiquinho
de brilho. Não há nada tão grudento quanto Natasha aqui, por exemplo, ainda que o
grupo tenha tentado seguir a fórmula com resultados menos satisfatórios. Ainda assim, o
disco comprova que o Capital sobreviveu à ressaca do megasucesso.
Com a saída do guitarrista Loro Jones e a chegada de Yves Passarell - de retrospecto metaleiro - suspeitava-se que Rosas... recorreria no peso para exorcizar os violões do Acústico. Na primeira faixa, adequadamente intitulada 220 Volts, as guitarras entram mordendo mais agressivas e parece que o disco irá nesta direção. A impressão é desfeita pela clara aposta em canções mais macias, suaves. No pop límpido de Inocente, no lirismo movido à cordas de Olhos Vermelhos e no quase-folk de Incondicionalmente essa tendência encontra suas melhores soluções. E há espaço até para ecos de, vejam só, Legião Urbana (na ambientação de Enquanto Eu Falo) na velha-nova encarnação do CP. Ainda há ameaças de sons mais heavy (Como Devia Estar, que tem riff quase psicodélico e melodia bem bonitinha, na pop Falar de Amor Não É Amar e em Quatro Vezes Você). Mas nada que desequilibre a cuidadosa e "política" equação que o quarteto conseguiu resolver. (Marco Antonio Barbosa)
Com a saída do guitarrista Loro Jones e a chegada de Yves Passarell - de retrospecto metaleiro - suspeitava-se que Rosas... recorreria no peso para exorcizar os violões do Acústico. Na primeira faixa, adequadamente intitulada 220 Volts, as guitarras entram mordendo mais agressivas e parece que o disco irá nesta direção. A impressão é desfeita pela clara aposta em canções mais macias, suaves. No pop límpido de Inocente, no lirismo movido à cordas de Olhos Vermelhos e no quase-folk de Incondicionalmente essa tendência encontra suas melhores soluções. E há espaço até para ecos de, vejam só, Legião Urbana (na ambientação de Enquanto Eu Falo) na velha-nova encarnação do CP. Ainda há ameaças de sons mais heavy (Como Devia Estar, que tem riff quase psicodélico e melodia bem bonitinha, na pop Falar de Amor Não É Amar e em Quatro Vezes Você). Mas nada que desequilibre a cuidadosa e "política" equação que o quarteto conseguiu resolver. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas