RUÍDO ROSA
Pato Fu (2001)
Crítica
Cotação:
Beleza: logo depois de seu melhor disco, Isopor, de 1999, o Pato Fu ainda conseguiu fazer melhor. Ruído Rosa, seu sexto álbum, é a mostra de como a banda evoluiu de uma inteligente curiosidade pop, no começo dos 90, para uma das melhores e mais bem-sucedidas bandas do pop brasileiro. A vocalista Fernanda Takai cresceu muito como intérprete e a mescla de sons eletrônicos e acústicos está bem mais orgânica, resultando num sonzão que atinge a cara do ouvinte logo na faixa de abertura, Eu, clássico da Graforréia Xilarmônica vertido para uma linguagem mais heavy. É um dos grandes rocks que o Pato Fu nos apresenta no Ruído Rosa. Em meio a um clima meio new wave-meio anos 60 Menti Pra Você, Mas Foi Sem Querer (de Rubinho Troll, com quem o guitarrista John tocou nos 80 na banda Sexo Explícito) faz sair ventinho dos alto falantes e a turma pular loucamente na sala. O batidão sessentão continua em 2 Malucos, que é a cara da banda galesa Super Furry Animals e parece uma jovem guarda turbinada pelo punk e pelas eletrônicas. Já Sorria, Você Está Sendo Filmado, cantada por John, escala o brega - mas elegantemente, como os americanos do Fastball fizeram no hit The Way.
O lado mais calmo do Pato Fu não ficou esquecido no novo disco. Xilofone e guitarra criam clima lounge para a boa balada Ninguém - que corre o risco de ser a Perdendo Dentes desse disco. A faixa-título também evoca o romantismo, e deve tocar bem nas rádios apesar dos atípicos versos "O amor é estranho e sem forma/ O amor é anormal". A série bonitinha se encerra com E O Vento Levou, também lounge, só que pela via contemporânea do trip hop. O velho jogo de citação de referências, que o Pato adora, também não foi abandonado em Ruído Rosa. Day After Day é um ótimo revival de Mulheres Negras - e não só pela presença da dupla André Abujamra/Maurício Pereira. Já Que Fragilidade é puro Mutantes (embora atualizado), com um clima meio Vaudeville. E por falar neles, a versão de Ando Meio Desligado, música mutantica óbvia, ganhou uma recriação feliz, bem arrojada e pancadona. Pena que não se possa dizer o mesmo de Tolices, canção pop perfeitinha na concepção original do Ira, cuja beleza principal - que eram as harmonias de guitarra de Edgard Scandurra -, foi soterrada pelas eletrônicas do Pato Fu. Mas é apenas uma bola fora num CD em que reina a criatividade. Para alguns pode não parecer grande coisa, mas tudo indica que, com Ruído Rosa, nós enfim temos disco para rivalizar com Beck e Super Furry Animals.
(Silvio Essinger)
O lado mais calmo do Pato Fu não ficou esquecido no novo disco. Xilofone e guitarra criam clima lounge para a boa balada Ninguém - que corre o risco de ser a Perdendo Dentes desse disco. A faixa-título também evoca o romantismo, e deve tocar bem nas rádios apesar dos atípicos versos "O amor é estranho e sem forma/ O amor é anormal". A série bonitinha se encerra com E O Vento Levou, também lounge, só que pela via contemporânea do trip hop. O velho jogo de citação de referências, que o Pato adora, também não foi abandonado em Ruído Rosa. Day After Day é um ótimo revival de Mulheres Negras - e não só pela presença da dupla André Abujamra/Maurício Pereira. Já Que Fragilidade é puro Mutantes (embora atualizado), com um clima meio Vaudeville. E por falar neles, a versão de Ando Meio Desligado, música mutantica óbvia, ganhou uma recriação feliz, bem arrojada e pancadona. Pena que não se possa dizer o mesmo de Tolices, canção pop perfeitinha na concepção original do Ira, cuja beleza principal - que eram as harmonias de guitarra de Edgard Scandurra -, foi soterrada pelas eletrônicas do Pato Fu. Mas é apenas uma bola fora num CD em que reina a criatividade. Para alguns pode não parecer grande coisa, mas tudo indica que, com Ruído Rosa, nós enfim temos disco para rivalizar com Beck e Super Furry Animals.
(Silvio Essinger)
Faixas