SÁ & GUARABYRA - 2 LPS EM 1 CD
Sá e Guarabyra (2001)
Crítica
Cotação:
Inicialmente um trio, com a participação de Zé Rodrix (formação reeditada no ultimo Rock in Rio), o duo base do rock rural formado pelo carioca Luis Carlos Sá e o baiano Gutemberg Nery Guarabyra nunca foi pretensioso. O próprio apelido dado ao estilo que criaram (e levaram à boca do povo, mesmo sem a fixação do rótulo) já denota desapego ao cabecismo. Tanto Rodrix quanto os outros dois são especialistas em melodias ganchudas e não por acaso mantiveram uma carreira paralela no território sintético (e grudento) do jingle, com a façanha notável na década de 70 de levantar a venda de um refrigerante através de uma única peça publicitária, que acabou saindo em disco ("Só tem amor/ quem tem amor pra dar/ é no sabor de Pepsi..."). Por isso, nesses dois títulos acoplados da dupla, O Paraíso Agora, de 1984 e Harmonia, de 1985 pululam hits (ou ainda candidatos a) de melodia assobiável e letra fluente, das que aquecem as rodinhas de violão e dão aquela levantada na galera de qualquer show. Misturando Luiz Gonzaga, Crosby, Stills, Nash & Young, Simon & Garfunkel, João Pacífico & Raul Torres, eles mandam entre outras, Cheiro Mineiro de Flor, Capitão Meia Noite, Roque Santeiro, Dona e Me Faça um Favor, esta a primeira canção composta por eles ainda em 1968, com uma proposta programática que valeria para as demais: "Cante uma canção que fale de amor/ e que seja bem fácil de se guardar".
Embarreira um pouco esse rio musical cristalino o tecladismo vigente nos 80 e que hoje soa datado. No primeiro disco, sob a tutela de Ruriá Duprat, Rhodes 88, Emulator, Polysix, Yamaha, Prophet Five ainda obedecem sincronia com os violões Ovation (outra praga da época) de aço e nylon da dupla. Já em Harmonia, vários arranjos grandiloqüentes desmentem o título e banalizam canções (ou xotes, baiões, catiras, sempre estilizados). Uma delas, no mínimo mereceria regravação sem tanta pompa tecladista. Trata-se de Lembranças do Futuro, de bela melodia e letra que homenageiam a falecida poeta Ana Cristina César, trabalhando sobre um poema de Emily Dickinson traduzido por ela. Pena que o tamanho reduzido do encarte impeça a reprodução das letras como no LP original, mas ao menos a ficha técnica foi copiada na edição em CD. Valeu o cuidado.
(Tárik de Souza)
Embarreira um pouco esse rio musical cristalino o tecladismo vigente nos 80 e que hoje soa datado. No primeiro disco, sob a tutela de Ruriá Duprat, Rhodes 88, Emulator, Polysix, Yamaha, Prophet Five ainda obedecem sincronia com os violões Ovation (outra praga da época) de aço e nylon da dupla. Já em Harmonia, vários arranjos grandiloqüentes desmentem o título e banalizam canções (ou xotes, baiões, catiras, sempre estilizados). Uma delas, no mínimo mereceria regravação sem tanta pompa tecladista. Trata-se de Lembranças do Futuro, de bela melodia e letra que homenageiam a falecida poeta Ana Cristina César, trabalhando sobre um poema de Emily Dickinson traduzido por ela. Pena que o tamanho reduzido do encarte impeça a reprodução das letras como no LP original, mas ao menos a ficha técnica foi copiada na edição em CD. Valeu o cuidado.
(Tárik de Souza)
Faixas

