SAMBALAND CLUB
Jongo Trio / Jair Oliveira / Wilson Simoninha (2002)
Crítica
Cotação:
De toda a trupe dos Artistas Reunidos, Wilson Simoninha é o mais explicitamente reverente ao passado - opção evidente até no apelo visual de seus discos - e quem tem a mais coesa proposta sonora. Não que, com isso, possa taxar-se o cantor de saudosista e limitado. Ele apenas centra fogo em referências sonoras bem definidas, às vezes nostálgicas, ao contrário das tentativas (às vezes frustradas) de seus companheiros em perseguir modernidades e ecletismos. Sambaland Club, seu segundo disco solo, reafirma essa teoria. O que pretendia ser antes uma "espanada" pós-moderna na música negra brazuca, reprocessando sons e influências do passado (no primeiro solo, Volume 2) agora assume seu caráter 100% inspirado em sonoridades dos anos 60 e 70. Leia-se: muito samba-esquema-novo e suas várias possibilidades. O samba-jazz dos trios de bossa, o samba-soul de Simonal, o samba tingido de black music de Tim Maia. Simoninha então ressurge com um disco nostálgico e fiel à sua trajetória. Sem a ambição de Max de Castro, a sutileza cool de Jairzinho ou os ares de ídolo romântico de Pedro Mariano, o filho mais velho de Simonal segue seu rumo mais coerente que nunca.
Posto isso, Sambaland surpreende ao revelar-se, aos poucos, um disco de sofisticações inauditas dentro de seu suingue macio e suas várias referências sonoras. As melhores estão no entroncamento entre o compositor nitidamente contemporâneo que Simoninha é, e a sonoridade que emula o passado (conseguida não apenas por influências, mas também pelo uso de equipamentos e instrumentos antigos). Assim é o pout-pourri Ela É Carioca/Samba do Carioca - na qual pontifica o Jongo Trio, emprestando credibilidade e um molejo únicos na base instrumental. Samba-jazz, aliás, é o que não falta na mistura do disco, vindo à tona em Mais um Vira-lata (citação a Antonio Adolfo, claro), Seja Bem Vindo e até mesmo contaminando a música mais pop do disco (Barbarella). A soul music, junto à emoção falando mais alto, fica por conta da participação do coral americano Just Sing Choir, dando colorido a Tributo a Martin Luther King e Quem Sou. Curiosamente, apenas quando Simoninha tenta dar ares menos nostálgicos a suas composições é que a coisa não anda muito bem. Saudade Machuca, por exemplo, soa despersonalizada - composta por Jair Oliveira, poderia estar em qualquer disco dos Artistas Reunidos e passar despercebida. Rei de Maio também não faz muito mais do que emular o funk-pop apurado à exaustão por Cláudio Zoli, e não convence. Mas como dito antes, são nas sofisticações inesperadas (os metais da versão instrumental de Seja Bem Vindo, a levada irresistível de Mais um Lamento) que Simoninha liquida a fatura.(Nenhum)
Posto isso, Sambaland surpreende ao revelar-se, aos poucos, um disco de sofisticações inauditas dentro de seu suingue macio e suas várias referências sonoras. As melhores estão no entroncamento entre o compositor nitidamente contemporâneo que Simoninha é, e a sonoridade que emula o passado (conseguida não apenas por influências, mas também pelo uso de equipamentos e instrumentos antigos). Assim é o pout-pourri Ela É Carioca/Samba do Carioca - na qual pontifica o Jongo Trio, emprestando credibilidade e um molejo únicos na base instrumental. Samba-jazz, aliás, é o que não falta na mistura do disco, vindo à tona em Mais um Vira-lata (citação a Antonio Adolfo, claro), Seja Bem Vindo e até mesmo contaminando a música mais pop do disco (Barbarella). A soul music, junto à emoção falando mais alto, fica por conta da participação do coral americano Just Sing Choir, dando colorido a Tributo a Martin Luther King e Quem Sou. Curiosamente, apenas quando Simoninha tenta dar ares menos nostálgicos a suas composições é que a coisa não anda muito bem. Saudade Machuca, por exemplo, soa despersonalizada - composta por Jair Oliveira, poderia estar em qualquer disco dos Artistas Reunidos e passar despercebida. Rei de Maio também não faz muito mais do que emular o funk-pop apurado à exaustão por Cláudio Zoli, e não convence. Mas como dito antes, são nas sofisticações inesperadas (os metais da versão instrumental de Seja Bem Vindo, a levada irresistível de Mais um Lamento) que Simoninha liquida a fatura.(Nenhum)
Faixas
Samba do carioca (Carlos Lyra, Vinícius de Moraes)
Feitinha pro poeta (Baden Powell, Lula Freire)
Feitinha pro poeta (Baden Powell, Lula Freire)