SANGRE DE MI ALMA
Nana Caymmi (2000)
Crítica
Cotação:
Pela segunda vez, a diva Nana Caymmi se debruça num repertório de boleros antigos, porém irresistíveis. Embora munido de letras cortantes e melodramáticas, Sangre de Mi Alma é ainda mais luxuoso que o de seu CD Bolero (1993). Com arranjos de Dori Caymmi e Cristóvão Bastos, com direito a portentosa orquestra de cordas, o CD é a trilha sonora ideal para um bom orgasmo, pero, en español — o que é muito mais caliente. No repertório, há boleros mais e menos manjados. Os menos regravados estão especialmente bons na voz da cantora, como Acércate Más, Amor de Mis Amores, Verdad Amarga, Como Yo Te Amé e La Gata Bajo la Lluvia. Os demais, não há quem não conheça, mas aí a concorrência com as versões de outros ases do gênero é um pouco maior, e Nana tem de ficar à mercê do padrão de exigência do freguês. É o caso do antigo Solamente una Vez, que foi sucesso aqui no começo dos anos 40, antes mesmo da explosão do bolero, na década seguinte, e do argentino Dos Almas, que também é do tempo de Dom João Charuto (foi, depois de Santa, o segundo bolero a fazer sucesso aqui com Francisco Alves, em 1948). Completam o time outras bastante conhecidas, como Mi Ultimo Fracasso, Eclipse, Nunca Jamás, La Violetera e Te Quiero Dijiste (Muñequita Linda). As interpretações de Nana para esses boleros podem não ser definitivas, mas com certeza as tiram do limbo da cafonice para sempre. Porque o acabamento do CD é podre de chique e Nana está cantando como nunca, quer dizer, como sempre.(Rodrigo Faour)
Faixas
Mus. Inc. "Revérie"(Debussy)