SÃO BONITAS AS CANÇÕES - As Parcerias Para Teatro de Edu Lobo e Chico Buarque
Marianna Leporace / Edu Lobo / Sheila Zagury / Chico Buarque (2000)
2000
Independente
FL 01
Crítica
Cotação:
As canções são mesmo bonitas. A parceria de Chico Buarque e Edu Lobo pode não ser a mais vasta (33 músicas até agora, sem contar as que estão sendo compostas atualmente para o musical Cambaio), mas rendeu um considerável número de clássicos. Partindo dessa matéria-prima, a pianista Sheila Zagury e a cantora Marianna Leporace se juntaram para realizar este São Bonitas as Canções, título tirado de um verso de Choro Bandido. Com exceção de Moto-Contínuo (do disco Almanaque, de Chico) e Nego Maluco (do disco Corrupião, de Edu) todas as outras canções de Chico e Edu foram compostas para experiências teatrais - os balés O Grande Circo Místico (1982) e Dança da Meia-Lua (1987-88) e a peça O Corsário do Rei (de Augusto Boal, 1985) - mas indubitavelmente ganharam autonomia por seu real valor artístico e hoje são mais famosas do que os espetáculos que as geraram. Sheila e Marianna demonstram entrosamento ao longo das 14 músicas que preenchem as 15 faixas do disco (a animação circense de Na Carreira aparece duas vezes, abrindo e encerrando o repertório). Sheila Zagury, que teve formação erudita e graduou-se com tese sobre a música popular brasileira, mostra segurança e criatividade ao piano. Não se limita ao simples acompanhamento e oferece boas soluções tanto para as canções líricas como O Circo Místico e Abandono quanto para as mais rítmicas como o Tango de Nancy ou Na Carreira, apesar de alguns excessos de "pianice" em Meia-Noite. Em outras como a ótima Verdadeira Embolada mistura a percussão de acordes mais timbrísticos que harmônicos com levadas bem brasileiras. Marianna também mostra a que veio, graças ao acerto na escolha de tons agradáveis para sua voz. Não comete exageros e mostra respeito em canções que tiveram outras interpretações de grosso calibre, como Zizi Possi, que gravou O Circo Místico, ou Gal Costa, que gravou Lily Braun. Só mesmo Beatriz deixa a desejar, não porque seja uma gravação ruim, mas porque a versão original, na voz de Milton Nascimento, é tão definitiva que não se entende bem o motivo que leva outros cantores a insistirem em regravar Beatriz, melodia tão difícil e com mais de duas oitavas de extensão. Nesse clima, mais bem-sucedida foi a acertada escolha de Abandono para o repertório, em interpretação emocionada.
Quase todas as faixas ficam mesmo no esquema piano-e-voz, mas algumas participações especiais são bem-vindas em A História de Lily Braun (gaita de José Staneck), Tororó e Bancarrota Blues (sopros de Daniela Spielmann) e Nego Maluco (percussão de Mila Schiavo). Todas essas contam ainda com o baixo de Fernando Leporace e a bateria de Cacá Colon. Os dois homenageados comparecem nos vocais, Chico em Tororó e Edu em Na Ilha de Lia, no Barco de Rosa. O lançamento é independente e os contatos podem ser feitos pelo e-mail saobonitasascancoes@bol.com.br .(Nana Vaz de Castro)
Quase todas as faixas ficam mesmo no esquema piano-e-voz, mas algumas participações especiais são bem-vindas em A História de Lily Braun (gaita de José Staneck), Tororó e Bancarrota Blues (sopros de Daniela Spielmann) e Nego Maluco (percussão de Mila Schiavo). Todas essas contam ainda com o baixo de Fernando Leporace e a bateria de Cacá Colon. Os dois homenageados comparecem nos vocais, Chico em Tororó e Edu em Na Ilha de Lia, no Barco de Rosa. O lançamento é independente e os contatos podem ser feitos pelo e-mail saobonitasascancoes@bol.com.br .(Nana Vaz de Castro)
Faixas