SÃO PAULO CONFESSIONS
Suba (2000)
2000
Instituto Suba
suba01
Crítica
Cotação:
Editado no Brasil pelo Instituto Suba criado para preservar a memória do músico iuguslavo Mitar Subotic (1961-1999), este disco foi elogiado pela crítica no lançamento na Europa, no ano passado. É ouvir para entender logo o motivo. De formação erudita e eclética, radicado em São Paulo desde 1990, atuando nas áreas de teatro, dança, moda, publicidade e – claro – música, Suba sobrepõe idéias à utilização da eletrônica. Não é manipulado pela pirotecnia dos efeitos especiais. E para um recém chegado que teve menos de dez anos de vivência, traça um perfil bastante convicente do caos nacional. Quando propõe um Samba do Gringo Paulista, agrega humor autocrítico e destreza na montagem da batucada que casa o estranhamento do cavaquinho dedilhado pelo roqueiro Frejat ao jogo de samples de bateria de escola de samba equalizado por João Parahyba (Trio Mocotó). Mestre Ambrósio (de quem Suba produziu Fuá na Casa de Cabral) adensa com rabeca, percussão e baixo o coco/house/funk/maracatu atômico de Antropófagos. Na Neblina, referência à mítica garoa paulistana tem paisagem drum ‘n’ bossa como a única faixa não assinada por Suba, a fundadora Felicidade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, revestida por rica escolha de timbres eletrônicos. Em Um Dia Comum, vozes gravadas informam sobre erro de senha ou despertador automático, ditando a trilha sonora de um cidadão urbano. Abraço, servida por guitarra de Edgar Scandurra do Ira! (de quem Suba produziu o turbinado Benzina) casa (sem menção na ficha técnica) Quem Quiser Encontrar Amor (Carlos Lyra/ Geraldo Vandré) à declamação concretista de Arnaldo Antunes. A sombria Pecados da Madrugada contrasta com a sensualidade sussurrada do trip/maracatu com piano de bossa Você gosta (na voz de Taciana) e o samba/trip/maracatu Segredo (com Kátia B). Foi necessário aparecer um alquimista iuguslavo para ensinar aos locais que a MPB também pode suingar na eletrônica de ponta. Sem ser de estoque.
(Tárik de Souza)
Faixas