SEMENTE CAIPIRA - PENA BRANCA
Pena Branca e Xavantinho (2000)
Crítica
Cotação:
Sem o irmão Xavantinho (Ranulfo Ramiro da Silva) morto em outubro passado, o mineiro de Uberlândia Pena Branca (José Ramiro Sobrinho) segue na trilha dos caipiras de raiz, mas sem defender o congelamento do gênero. Como nos discos anteriores da dupla há uma ponte com a MPB, no caso a grife bossa nova de Tom Jobim e Luis Bonfá em Correnteza, uma toada estilizada que o cantor rapta para a órbita rural. Classicos atemporais como a toada Maringá , de Joubert de Carvalho, que deu nome a uma cidade do interior paranaense ou o folclórico Serenô ("eu caio/ eu caio/ serenô deixar cair") convivem com repertório neocaipira de autores como Juraildes da Cruz e Genésio Tocantins (Aliança) Kapenga Ventura e Guca (Espera Eu Chegar, A Banana Deu no Pé) ou velhas reminiscências como As Mocinhas da Cidade (Nhô Belarmino/ Nhá Gabriela), levado em compasso de vira português. O próprio Pena Branca (que chegou a esboçar o disco com o irmão) contribui para manter acesa a fornalha da produção do gênero. Assina do rasta-pé de humor ingênuo Papo Furado (com sonoplastia de batráquios) à toada nostálgica Casa Amarela e a moda de viola Rio Abaixo Vou Viver ("neste mundo sem porteira/ a viola a me levar"), parceria com Murilo Antunes, da ala mais rural do Clube da Esquina. Também deste ramal é Tavinho Moura (dos sucessos para-folclóricos Calix Bento e Peixinhos do Mar), autor da melhor faixa do disco, a folia São Gonçalo do Rio Preto com um saboroso trabalho de cordas e vozes entrelaçados, introduzidos pela viola de cocho de Zé Gomes. Pureza e depuração.
(Tárik de Souza)
Faixas