FEMININO
Simone (2002)
Crítica
Cotação:
Simone despediu-se de 2002, e da gravadora Universal, com um álbum que pouco acrescenta a sua carreira; Feminino, uma coleção de canções quase aleatória, que tromba no óbvio em vários pontos de seu repertório, representa na verdade um passo atrás para a cantora. Principalmente se comparado ao disco anterior de estúdio, Seda Pura, no qual - não sem alguma ousadia - ela revestia sua musicalidade com um tom pop e moderno. Feminino, ao contrário, tem sabor de velharia conservadora. Mesmo que um interessante trabalho no campo dos arranjos (coordenados por Ricardo Leão), econômicos e limpos, contribua para dar um tom arejado ao disco, a opção de Simone por músicas muito batidas dá um ar de redundância ao trabalho. Mais: existe um indefinível sentimento de enfado no álbum, uma certa burocracia, como que deixando claro que tratava-se de A) um disco feito apenas para cumprir tabela e B) um disco mirando indisfarçavelmente o coração dos fãs menos exigentes, aqueles que compram toda e qualquer coisa que a cantora lance. Em especial, na época de Natal (e de 13º salário)...
Não, não é, na prática, um disco ruim. Não há nada a reparar na interpretação de Simone. Menos ainda na instrumentação, que dispensa a eletricidade das guitarras e aposta em violões e (surpreendentes e discretos) teclados. Chato é aquele gostinho de ser mais um disco ao vivo, ainda mais quando se sabe que o plano original de Simone era gravar o repertório mais esperto de Seda Pura. Há de se destacar a "empáfia", no bom sentido, da cantora em atacar Resposta ao Tempo, mais do que consagrada por Nana Caymmi. Aliás, a nova versão do clássico recente de Cristóvão Bastos e Aldir Blanc resume o feeling de boa parte do disco - aquela sensação de "precisava?" Os "covers" de A Maçã, Codinome Beija-Flor (já gravada anteriormente pela cantora), V'ambora, Um Certo Alguém e Me Chama não somam nada nem ao repertório de Simone nem às versões originais. No samba, a cantora se dá melhor, segurando-se no brilhantismo de Chico Buarque (Samba do Grande Amor) e na participação malandra de Zeca Pagodinho em Sem Compromisso. No frigir dos ovos, é aquilo - bem-feitinho, profissional, e dispensável.(Marco Antonio Barbosa)
Não, não é, na prática, um disco ruim. Não há nada a reparar na interpretação de Simone. Menos ainda na instrumentação, que dispensa a eletricidade das guitarras e aposta em violões e (surpreendentes e discretos) teclados. Chato é aquele gostinho de ser mais um disco ao vivo, ainda mais quando se sabe que o plano original de Simone era gravar o repertório mais esperto de Seda Pura. Há de se destacar a "empáfia", no bom sentido, da cantora em atacar Resposta ao Tempo, mais do que consagrada por Nana Caymmi. Aliás, a nova versão do clássico recente de Cristóvão Bastos e Aldir Blanc resume o feeling de boa parte do disco - aquela sensação de "precisava?" Os "covers" de A Maçã, Codinome Beija-Flor (já gravada anteriormente pela cantora), V'ambora, Um Certo Alguém e Me Chama não somam nada nem ao repertório de Simone nem às versões originais. No samba, a cantora se dá melhor, segurando-se no brilhantismo de Chico Buarque (Samba do Grande Amor) e na participação malandra de Zeca Pagodinho em Sem Compromisso. No frigir dos ovos, é aquilo - bem-feitinho, profissional, e dispensável.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas