SEXO PURO

Pedro Luís / Suely Mesquita (2002)

2002
Independente
Crítica

Cotação:

Suely Mesquita começou a fazer (mais) barulho a partir de 2001, quando lançou-se em uma série de shows bem comentados pela crítica e por companheiros de MPB. A moça, no entanto, já passou dos dez anos de carreira e só se fez notar agora, tardiamente, por causa do lançamento de seu primeiro disco solo, Sexo Puro. Identificada com a geração que trouxe Pedro Luis, Fred Martins, Mathilda Kóvak e Arícia Mess, Suely tem uma das obras mais enxutas e ecléticas de este "grupinho" de compositores cariocas. Quem já conhecia a moça (através de composições gravadas por gente como Fernanda Abreu e Daúde, ou de shows) não vai se decepcionar com a tradução que Sexo Puro faz de seu talento. Quem ainda não conhece, certamente vai se surpreender com o manancial de Suely. Ela trafega numa zona vaga entre o pop/rock e a dita "nova MPB", uma posição que, para outros artistas, pode traduzir incerteza criativa e falta de personalidade. O jeito com que Suely mescla essas influências e outras mais (samba, blues, baião), no entanto, não deixa dúvida de que este ecletismo é parte fundamental de seu processo criativo - no qual se integram letras argutas e uma inesperada sofisticação nas melodias e harmonias.

Nos melhores momentos de Sexo Puro, Suely faz crer que há sim uma nova safra de talentos, pulsante, na música brasileira. Sua boa voz a conduz, num só fôlego, por flertes com a tradição (como no ótimo samba Interesse) e também por passagens bem próprias. A moça soa solta e inovadora nos momentos mais pessoais. O quase-rock'n'roll Filhote da Ditadura, de melodia pegajosa, o blues torto (e brasileiríssimo, mais, carioquíssimo) de Maldade da Memória ou a contundente parceria com Zeca Baleiro em Pisca celebram essa assinatura toda particular de Suely. Depurando idéias já vistas em contemporâneos como Pedro Luis (como nas percussivas e suingantes XXI e Bebe Chuva), Suely soa menos original, mas ainda assim interessante. Pela tangente, desligada de movimentos falsamente inovadores ou refúgios seguros no tradicionalismo, a cantora faz bonito.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas
Ouvir todas em sequência
3 Interesse Ouvir
(Suely Mesquita, Pedro Luis)
4 Prazer, prejuízo e ócio Ouvir
(Suely Mesquita, Celso Fonseca)
7 Sapatinho de cristal Ouvir
(Suely Mesquita)
No boteco (Rodrigo Campello, Suely Mesquita)

8 Samba Ouvir
(Suely Mesquita)
9 Aristocracia Ouvir
(Suely Mesquita, Luís Capucho)
10 Maldade da memória Ouvir
(Suely Mesquita)
12 Filhote da ditadura Ouvir
(Mathilda Kóvak, Suely Mesquita)
 
SEXO PURO