THE POEMS OF ELIZABETH BISHOP AND OTHER SONGS
Luciana Souza (2000)
Crítica
Cotação:
A cantora paulistana radicada nos EUA demonstra novamente seu rigor técnico e estético dois anos após o promissor An Answer to Your Silence (selo NYC), álbum que marcou sua estréia oficial no mercado fonográfico (o independente Luciana Souza, gravado no Brasil, em 1992, não chegou a ser distribuído comercialmente). The Poems of Elizabeth Bishop and Other Songs é um trabalho jazzístico avesso a concessões, que afirma o talento de Luciana como compositora, além de seus evidentes méritos de intérprete. Musicados por ela, quatro poemas da cultuada poeta norte-americana (que chegou a viver no Brasil) serviram de ponto de partida para esse álbum. Sonnet (1928) abre o repertório de 13 faixas com uma melodia que parece inspirada no calor emocional dos gospels. Carregada de melancolia, Argument fala sobre distância e saudade, com a voz sensível de Luciana seguida apenas pelo piano etéreo de Bruce Barth. Na belíssima Insomnia, é o sax soprano de Chris Cheek que realça os vôos da vocalista. Fechando o disco, a delicada Imber Nocturnus também se apóia no intimismo da combinação voz-piano.
Nas faixas restantes, Luciana releva em outras composições próprias um interesse especial pelo scat singing, trocando versos por vocalizações, no melhor estilo jazzístico. É o que acontece em faixas mais extensas, como a reflexiva In March, I Remember, a vibrante Backfile ou a impressionista The Occasional Bliss. Em todas elas, o quinteto (que inclui o contrabaixo de John Lockwood e a percussão de Marlon Browden) ganha espaço para longos improvisos, com destaque para Chris Chick, que alterna o sax tenor ao soprano. Mas Luciana também não deixa de exibir seu know-how de letrista, no samba-jazz Daze ("how many songs of trains and travel / of lost and found / and finding out / comings and goings / of ways and waves / and paths of stone and asphalt") e na sensível Do Tell, que revela influência de Djavan ("If it’s hot, you cool / if it snows, you melt / if I cry, you dry / you try not hard at all"). Madura como intérprete, Luciana soa pronta para conquistar um lugar de destaque entre as cantoras de jazz da nova geração. Para os brasileiros interessados em ouvi-la, fica uma notícia desagradável: os dois discos da cantora continuam inéditos no mercado nacional e precisam ser importados. O último está disponível para compra no site www.sunnysidezone.com.(Carlos Calado)
Nas faixas restantes, Luciana releva em outras composições próprias um interesse especial pelo scat singing, trocando versos por vocalizações, no melhor estilo jazzístico. É o que acontece em faixas mais extensas, como a reflexiva In March, I Remember, a vibrante Backfile ou a impressionista The Occasional Bliss. Em todas elas, o quinteto (que inclui o contrabaixo de John Lockwood e a percussão de Marlon Browden) ganha espaço para longos improvisos, com destaque para Chris Chick, que alterna o sax tenor ao soprano. Mas Luciana também não deixa de exibir seu know-how de letrista, no samba-jazz Daze ("how many songs of trains and travel / of lost and found / and finding out / comings and goings / of ways and waves / and paths of stone and asphalt") e na sensível Do Tell, que revela influência de Djavan ("If it’s hot, you cool / if it snows, you melt / if I cry, you dry / you try not hard at all"). Madura como intérprete, Luciana soa pronta para conquistar um lugar de destaque entre as cantoras de jazz da nova geração. Para os brasileiros interessados em ouvi-la, fica uma notícia desagradável: os dois discos da cantora continuam inéditos no mercado nacional e precisam ser importados. O último está disponível para compra no site www.sunnysidezone.com.(Carlos Calado)
Faixas