UM FILME
Ana de Hollanda (2001)
Crítica
Cotação:
O roteiro que Ana de Hollanda escolheu para este seu Um Filme passa pelo samba, num feitio fino e delicado. Este é o terceiro disco da irmã de Chico Buarque, que mistura composições ancestrais com material (quase) fresquinho - que têm em comum basicamente a orientação voltada para o samba, em gradações variadas. O enorme espaçamento entre os discos da cantora (faz seis anos desde o penúltimo) não fez mal a seu peculiar estilo vocal, adequado a uma voz não muito potente mas bem colocada. No presente álbum, Ana mostra sua versatilidade não apenas como intérprete, mas também compondo e assinando a apurada pesquisa de repertório (que resgata algumas pérolas quase perdidas). Rimando economia sonora com sofisticação e variedade, a cantora sai-se bem em um disco de samba que, ao mesmo tempo em que olha para a tradição, não exala cheiro de velharia.
A Ana compositora é segura, com a vantagem de saber escolher bem os parceiros. Jards Macalé se junta a ela na faixa-título, um sambinha de harmonia irriquieta. Melhores ainda são as duas canções em andamento de quase-valsa que a cantora assina, Contra Mim e Girando sob a Tempestade, ambas com melodia envolvente. Intérprete de gosto refinado, Ana soube dosar os timbres e a instrumentação, quase sempre sem excessos, casando bem com sua voz. Ela caça no passado remoto interpretações clássicas de Aracy de Almeida (Mais Um Samba Popular e Engomadinho) e Paulinho da Viola (Depois de Tanto Amor) e as subverte, tornando-as um pouco suas também. Na hora de escolher material mais contemporâneo, ela capricha também. Particularmente inspiradas ficaram as recriações de Yes, Zés Manés, de Guinga, e da sempre bela Sem Maldade, esta tornada ainda mais pungente. Já compensam um pouco a bossinha meio padronizada de Marca (que no entanto tem letra marcante), momento mais escorregadio de um disco uniformemente simpático.(Marco Antonio Barbosa)
A Ana compositora é segura, com a vantagem de saber escolher bem os parceiros. Jards Macalé se junta a ela na faixa-título, um sambinha de harmonia irriquieta. Melhores ainda são as duas canções em andamento de quase-valsa que a cantora assina, Contra Mim e Girando sob a Tempestade, ambas com melodia envolvente. Intérprete de gosto refinado, Ana soube dosar os timbres e a instrumentação, quase sempre sem excessos, casando bem com sua voz. Ela caça no passado remoto interpretações clássicas de Aracy de Almeida (Mais Um Samba Popular e Engomadinho) e Paulinho da Viola (Depois de Tanto Amor) e as subverte, tornando-as um pouco suas também. Na hora de escolher material mais contemporâneo, ela capricha também. Particularmente inspiradas ficaram as recriações de Yes, Zés Manés, de Guinga, e da sempre bela Sem Maldade, esta tornada ainda mais pungente. Já compensam um pouco a bossinha meio padronizada de Marca (que no entanto tem letra marcante), momento mais escorregadio de um disco uniformemente simpático.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas