UM TOM DO ZÉ
Bete Calligaris (2001)
2001
Independente
Crítica
Cotação:
Em tempos de songbooks a torto e a direito, a cantora Beth Caligaris sai-se modesta mas apaixonadamente com uma coleção de músicas de Tom Zé. Trabalho apaixonado sim, pois ninguém que regrava 12 canções do mais idiossincrático dos tropicalistas está de olho num retorno comercial concreto. A impressão se completa ao ouvir o álbum, que não procura "popularizar" a musicalidade do baiano e aposta num tom austero - através de arranjos econômicos, quase camerísticos. Mesmo neste registro minimal, Beth consegue a proeza de criar diversos tons para cada uma das canções, apostando também nas nuances de sua interpretação casadas com a instrumentação esparsa. O resultado mereceu a benção do próprio homenageado, que canta com Beth em Ui! (Você Inventa). Não revoluciona nada, nem tem a pretensão de soar mais brilhante que a obra original, mas é agradável e consegue lançar uma luz diferente, suave, sobre as canções de Tom Zé - evidenciando seu talento, às vezes subestimado, como melodista refinado.
Muito piano, sintetizadores e cordas emolduram a voz de Beth Caligaris disco afora. A homogeneidade dos arranjos, que poderia tornar o disco enfadonho, é compensada com um esforço em alternar o clima de música para música. Assim, temos o tom lúdico de Me Dá, Me Dê, Me Diz, que dá espaço à dramaticidade em Se o Caso É Chorar e chega a ambiências mais sombrias, como a criada para Distância. Boa parte das faixas investe na delicadeza da interpretação de Beth, decisão acertada em faixas como Passageiro e Vai. O samba, tão caro a Tom Zé, ganha espaço enfim com Ui! (Você Inventa), levada em dueto com o próprio cantor. E ao final, a polirritmia de O Riso e a Faca, conjugando influências ibéricas e pura nordestinidade, encerra em sua diversidade um bom resumo para o disco. (Marco Antonio Barbosa)
Muito piano, sintetizadores e cordas emolduram a voz de Beth Caligaris disco afora. A homogeneidade dos arranjos, que poderia tornar o disco enfadonho, é compensada com um esforço em alternar o clima de música para música. Assim, temos o tom lúdico de Me Dá, Me Dê, Me Diz, que dá espaço à dramaticidade em Se o Caso É Chorar e chega a ambiências mais sombrias, como a criada para Distância. Boa parte das faixas investe na delicadeza da interpretação de Beth, decisão acertada em faixas como Passageiro e Vai. O samba, tão caro a Tom Zé, ganha espaço enfim com Ui! (Você Inventa), levada em dueto com o próprio cantor. E ao final, a polirritmia de O Riso e a Faca, conjugando influências ibéricas e pura nordestinidade, encerra em sua diversidade um bom resumo para o disco. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas