VANUSA VOL. 2 - 2 LPS EM 1CD
Vanusa (2001)
Crítica
Cotação:
Vanusa sempre foi uma ótima cantora a serviço de um repertório irregular. Nos dois LPs da cantora relançados agora pela BMG no seu Volume 2, isso mais uma vez se evidencia. Porém há muitas canções consideradas bregas nesses dois discos que são tão bem cantadas e arranjadas (por cobras como Antonio Adolfo, Chiquinho de Moraes, Alexandre Gnattali e outros), trazendo uma sinceridade tão pungente da intérprete e compositora, que não há como não tirar o chapéu para Vanusa. Porque ela não fica apenas em cima da dor-de-cotovelo que norteia as temáticas dos discos dos cantores populares em geral. Ao contrário, faixa a faixa, faz questão de instigar seu público a lutar pelo que deseja, especialmente a mulher, com mensagens libertadoras, intercaladas com outras de paz e até de amor aos filhos.
Pode ser over, mas como resistir a um dos maiores sucessos da cantora, Mudanças ("Hoje eu vou mudar/ Vasculhar minhas gavetas (...) Deixar de ser menina/ Pra ser mulher"), na qual, ainda por cima, ao final a cantora faz um discurso feminista impagável? Essa faixa abre o LP Viva Vanusa (1979), que possui como destaque ainda outras duas na mesma linha, Gaiola Dourada ("Você precisa reencontrar a mulher que escondeu dentro de si/ Na rotineira gaiola dourada do seu dia-a-dia"), A Vida Não Pode Parar (Octávio Burnier/ Ivan Wrigg), que diz "Largue seus velhos problemas/ A vida não pode parar/ É de dentro da gente que se começa a plantar", além do belo bolero Veja Só (Altay Veloso) e da canção Espacial (Belchior).
Já no álbum homônimo de 1981 (que é superior ao de 79), a melhor faixa é a impagável versão do hit disco de Gloria Gaynor, I Will Survive (Eu Sobrevivo), assinada pelo mago Paulo Coelho - que, por sinal, produziu todo o LP -, outra de temática feminista. "Agora sai! Vê que eu mudei.../ Você não é mais alguém que eu tanto admirei/ Tenho sonhos pra sonhar/ Tenho tanto amor pra dar/ Eu sobrevivo!", brada. A faixa que abre o disco, Folhas do Tempo (Maxcilliano/ Paulinho Camargo - este último, autor do hit de Lady Zu A Noite Vai Chegar), também segue a mesma trilha: "Não quero ficar divagando entre as folhas do tempo/ Vou me agigantar e esquecer que viver é sonhar". Polivalente (Vanusa/ Vannucci), como o próprio nome indica, é outra que fala da mulher que tem que ser "sensacional na cama", "estar sempre bonita", trabalhar e cuidar dos filhos. Em S.O.S. Mulher (Vanusa), ela é ainda mais enfática: "A mão que te acaricia é a mesma que esbofeteia/ E boca que te beija é a mesma que injuria (...)/ O teu silêncio é cúmplice da violência/ Levanta o topete, ergue essa força...".
Para completar, a corajosa Castigo é baseada numa história real de uma mulher que acusava a cantora de ter-lhe roubado o marido. E, na letra, ela discorre sobre os defeitos dele e diz que, no final das contas, fez um bem à rival. "Casamento é loteria/ Ou dá certo ou dá em nada/ Eu tirei a sorte grande mas você foi premiada". Resultado: depois da canção, a mulher permitiu que seu ex-marido pudesse ver os filhos do primeiro casamento. Vanusa ainda dá um show na romântica Esse Homem (outra de Altay Veloso) e em sua versão - influenciada pela gravação de Elis Regina - de Travessia (Milton Nascimento/ Fernando Brant).
A BMG também relançou nessa mesma série os dois primeiros LPs (homônimos) da cantora, ainda sob a influência da sonoridade jovemguardista. Tomara que decida relançar os melhores: Amigos Novos e Antigos (75) e Vanusa 30 Anos (77).
(Rodrigo Faour)
Pode ser over, mas como resistir a um dos maiores sucessos da cantora, Mudanças ("Hoje eu vou mudar/ Vasculhar minhas gavetas (...) Deixar de ser menina/ Pra ser mulher"), na qual, ainda por cima, ao final a cantora faz um discurso feminista impagável? Essa faixa abre o LP Viva Vanusa (1979), que possui como destaque ainda outras duas na mesma linha, Gaiola Dourada ("Você precisa reencontrar a mulher que escondeu dentro de si/ Na rotineira gaiola dourada do seu dia-a-dia"), A Vida Não Pode Parar (Octávio Burnier/ Ivan Wrigg), que diz "Largue seus velhos problemas/ A vida não pode parar/ É de dentro da gente que se começa a plantar", além do belo bolero Veja Só (Altay Veloso) e da canção Espacial (Belchior).
Já no álbum homônimo de 1981 (que é superior ao de 79), a melhor faixa é a impagável versão do hit disco de Gloria Gaynor, I Will Survive (Eu Sobrevivo), assinada pelo mago Paulo Coelho - que, por sinal, produziu todo o LP -, outra de temática feminista. "Agora sai! Vê que eu mudei.../ Você não é mais alguém que eu tanto admirei/ Tenho sonhos pra sonhar/ Tenho tanto amor pra dar/ Eu sobrevivo!", brada. A faixa que abre o disco, Folhas do Tempo (Maxcilliano/ Paulinho Camargo - este último, autor do hit de Lady Zu A Noite Vai Chegar), também segue a mesma trilha: "Não quero ficar divagando entre as folhas do tempo/ Vou me agigantar e esquecer que viver é sonhar". Polivalente (Vanusa/ Vannucci), como o próprio nome indica, é outra que fala da mulher que tem que ser "sensacional na cama", "estar sempre bonita", trabalhar e cuidar dos filhos. Em S.O.S. Mulher (Vanusa), ela é ainda mais enfática: "A mão que te acaricia é a mesma que esbofeteia/ E boca que te beija é a mesma que injuria (...)/ O teu silêncio é cúmplice da violência/ Levanta o topete, ergue essa força...".
Para completar, a corajosa Castigo é baseada numa história real de uma mulher que acusava a cantora de ter-lhe roubado o marido. E, na letra, ela discorre sobre os defeitos dele e diz que, no final das contas, fez um bem à rival. "Casamento é loteria/ Ou dá certo ou dá em nada/ Eu tirei a sorte grande mas você foi premiada". Resultado: depois da canção, a mulher permitiu que seu ex-marido pudesse ver os filhos do primeiro casamento. Vanusa ainda dá um show na romântica Esse Homem (outra de Altay Veloso) e em sua versão - influenciada pela gravação de Elis Regina - de Travessia (Milton Nascimento/ Fernando Brant).
A BMG também relançou nessa mesma série os dois primeiros LPs (homônimos) da cantora, ainda sob a influência da sonoridade jovemguardista. Tomara que decida relançar os melhores: Amigos Novos e Antigos (75) e Vanusa 30 Anos (77).
(Rodrigo Faour)
Faixas