VÊ SE GOSTAS -JACOB DO BANDOLIM, WALDIR AZEVEDO e ADEMILDE FONSECA
Ademilde Fonseca / Waldir Azevedo / Jacob do Bandolim (2000)
Crítica
Cotação:
Três cobras criadas do choro – dois músicos e uma cantora, a única especializada no setor – são reunidos nessa coletânea de 22 faixas pescadas nas décadas de 40 e 50. Rivais em popularidade, cada um exímio em seu instrumento, Jacob Pick Bittencourt (1918-1969), o Jacob do Bandolim, e Waldir Azevedo (1923-1980), ás do cavaquinho, mostram como é possível (ou foi, naquela época) fornecer biscoitos finos de virtuosismo estético para as massas. Dedilhando instrumentos de recursos limitados, tanto Jacob quanto Waldir imprimem tal brilho e vivacidade às respectivas execuções que não há monotonia ou sonolência mesmo em faixas mais lentas como a secular Flor Amorosa (composta por Joaquim Calado em 1880!) ou as valsas Feia, Glória e Salões Imperiais por Jacob. Menos compromissado com o rigor estilístico, Waldir, que teria composto numa única corda seu megaclássico Brasileirinho (incluído no CD), espalha-se num boogie-woogie (o avô do rock) em Cinco Malucos. Edifica uma obra prima em Vê Se Gostas, corteja o gênero de sucesso da época, o baião, em Delicado, com um êxito tal que a música estouraria no norte (nos EUA, em gravação do maestro Percy Faith) e acopla o gênero co-irmão em Amigos do Samba. Mas o sisudo Jacob também fazia balançar o esqueleto rítmico de seus choros como ocorre em Treme-Treme, Remeleixo ou Cabuloso. Velocista vocal fiel ao rendilhado do choro, Ademilde Fonseca (Macaíba, RN, 1921) esgrime a voz de platinela em autopistas como Tico-Tico no Fubá e Apanhei-te Cavaquinho (onde impressiona pela fidelidade às escalas) ou em passagens menos vertiginosas como os choros-canções Sonhando e Sonoroso, o choro Urubu Malandro (com solos devastadores do flautista Benedito Lacerda) e o samba Volte pro Morro (na escola de Carmen Miranda). Um banquete para famintos e gourmets
(Tárik de Souza)
Faixas