VERBALIZE
Natiruts (2001)
Crítica
Cotação:
A banda que um dia já foi Nativus e hoje é Natiruts segue, em seu quarto CD (terceiro com o novo nome), imperturbável na trilha fiel às tais roots do reggae. Se por lado essa opção pode ser vista como testemunho de coerência e fé na base do som jamaicano, por outro livra a cara da banda de qualquer tentativa de evolução - eles tocam aquilo e pronto, ninguém pode cobrar mais nada dos regueiros candangos. Mas também pode ser desculpa para um som que raramente ultrapassa a barreira da monotonia.
Considerando as duas faces da questão ao se ouvir Verbalize, dá para ter maior ou menor paciência com o grupo, alternadamente. O sonzinho é básico, mas bem-feito: ao ritmo tcheco-tcheco desacelerado que impera no disco (a maioria das músicas é lenta), o sexteto incluiu alguns detalhes que fazem a diferença nos arranjos. A preferência por teclados vintage, como velhos órgãos Hammond ou pianos Fender Rhodes, dá um molho extra à músicas como Eu Luto, Dance Se Quiser Dançar ou Hipnose do amor. Brincam de nordestinidade em Andei Só, entram na roda de capoeira em Discípulo de Mestre Bimba - o momento mais surpreendente do disco - e de rock pesado (que soa muito forçado, aliás) em Homem do Povo, esta com participação de Rodolfo, dos Raimundos.
O papo-cabeça (sem pé nem cabeça?) das letras de Alexandre Carlo nem é muito problema: sua voz agradável compensa as eventuais besteiras ("Falta o amor da tecnologia com a natureza", canta ele em O Fundo do Mar). Entretanto, não deixa de ser interessante quando ele se cala e o grupo se solta no instrumental Voz do Carcará, que fecha o álbum. A musicalidade que parece escassa no resto do disco (talvez derrubada em detrimento das "mensagens", uma pretensão comum ao reggae, que nem sempre se concretiza bem) encontra bom porto nessa faixa. No geral, vê-se que a grande vantagem do grupo é sua honestidade - e nisso pode residir a razão da admiração dos fãs. Estes, então, podem comprar o disco tranqüilos.(Marco Antonio Barbosa)
Considerando as duas faces da questão ao se ouvir Verbalize, dá para ter maior ou menor paciência com o grupo, alternadamente. O sonzinho é básico, mas bem-feito: ao ritmo tcheco-tcheco desacelerado que impera no disco (a maioria das músicas é lenta), o sexteto incluiu alguns detalhes que fazem a diferença nos arranjos. A preferência por teclados vintage, como velhos órgãos Hammond ou pianos Fender Rhodes, dá um molho extra à músicas como Eu Luto, Dance Se Quiser Dançar ou Hipnose do amor. Brincam de nordestinidade em Andei Só, entram na roda de capoeira em Discípulo de Mestre Bimba - o momento mais surpreendente do disco - e de rock pesado (que soa muito forçado, aliás) em Homem do Povo, esta com participação de Rodolfo, dos Raimundos.
O papo-cabeça (sem pé nem cabeça?) das letras de Alexandre Carlo nem é muito problema: sua voz agradável compensa as eventuais besteiras ("Falta o amor da tecnologia com a natureza", canta ele em O Fundo do Mar). Entretanto, não deixa de ser interessante quando ele se cala e o grupo se solta no instrumental Voz do Carcará, que fecha o álbum. A musicalidade que parece escassa no resto do disco (talvez derrubada em detrimento das "mensagens", uma pretensão comum ao reggae, que nem sempre se concretiza bem) encontra bom porto nessa faixa. No geral, vê-se que a grande vantagem do grupo é sua honestidade - e nisso pode residir a razão da admiração dos fãs. Estes, então, podem comprar o disco tranqüilos.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas