VIRA LATA
Vários Intérpretes (2001)
2001
Ouver Records
1108531-2
Crítica
Cotação:
Xiclete, o novo selo da gravadora Rastropop, inaugura seus trabalhos com a coletânea Vira Lata, reunindo artistas do novo pop carioca - seis novatos e um (o grupo Kongo) veterano. Como é regra em coletâneas deste tipo, nem sempre as boas intenções da iniciativa encontram correspondência na inspiração dos grupos incluídos. Mas não haverá de faltar surpresas agradáveis aos curiosos que se interessarem pelo disco. O artista mais interessante do lote é logo o que abre o disco, Gabriel Muzak. Apesar de, à primeira audição, Muzak parecer filiado à gasta estética da MPC (a dita "Música Popular Carioca", de Pedro Luís & A Parede, Farofa Carioca e afins), ele prova ter criatividade própria. Suas duas canções são malemolentes, cruzando funk e rock de forma bem interessante - especialmente em Estética Terceiro Mundo, de arranjo rebuscado e melodia oblíqua, cantada num quase-rap. O Staples não difere muito de suas bandas-matrizes americanas, numa onda meio punk, meio pop, com guitarras pesadas sublinhando melodias doces e letras em inglês. Sem maiores pretensões, conseguem resultado divertido nas rapidinhas e assobiáveis (apesar de pesadas) Twenty-One e Not a Teen. O vocal feminino (de Vivi) dá um certo diferencial ao som. Também roqueiro, com voz feminina e letras em inglês, o Oh!Valerie é menos frenético e prefere investir nos climas típicos do indie rock americano e britânico. Soam mais eficazes em Fuzzy do que em Crazy For You. Crioulo Core também é derivativo, mostrando influências do rap barra-pesada (no discurso e no som) de grupos como Câmbio Negro e Nocaute. Quase no mesmo barco está o Punkadaria Rapcore, que diz a que veio já no seu nome. Bases pesadas, quase metal, servem de plataforma para os vitupérios do vocalista Wagner. Falta, entretanto, um pouco de originalidade. Outra matiz da paleta black chega no raggamuffin' dos Enganjaduz: reggae eletrônico com forte presença do hip hop. A dupla de vocalistas Jimmy Luv e Sandro Black tem boa pegada nos toasts (estilo de rap veloz, típico da Jamaica). Embora as letras não fiquem muito acima de bobagens bem-humoradas, o bom som de Cada Um Cada Um e Bum Bum vale à pena a conferida. Quase isolado no meio de tantas bandas mais "mudernas", o veteranos do Kongo ainda professam o mesmo ska que faziam nos anos 80. Para quem era fã da banda na época, A Dança e Adeus Folia podem ser divertidos flashbacks.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas