<b><i>Novos Sons:</b></i> Acid X estréia com pop sofisticado e dançante

Nova seção de Cliquemusic dedicada a artistas emergentes destaca a fusão elegante da banda carioca

Marco Antonio Barbosa
25/08/2003
Acid X (clique para ampliar)
Pop, mas sofisticado; dançante, mas também sutil e elegante; moderno, mas sem invencionices. Conjugar tudo isso em um só pacote, num formato não muito usual no mercado pop nacional, e ainda assim almejar o sucesso, é o desafio do grupo carioca Acid X, que lança agora seu álbum de estréia - Uma Geral, pela gravadora ST2. Levantando a bandeira do acid jazz (a balançada fusão de elementos da moderna música negra com a tradição do jazz) que esteve em voga em meados da década passada mas que não deixou representantes expressivos no país, o Acid X quer provar que há espaço para um som de classe em nossas FMs.

O núcleo da banda começou a se formar em 2001, com o encontro entre a vocalista Helena Cutter e o guitarrista André Valle. Pode haver quem não ligue um nome ao outro, mas o Acid X surgiu com o nome Acid Beatles, que tinha a proposta de fazer releituras de músicas de Lennon & McCartney com um suingue dançante e jazzy. "Estava há um ano cantando em barzinhos, aquela salada musical - Oasis, Chico Buarque, Djavan - e senti a necessidade de fazer um trabalho mais elaborado. Achei que podia ser interessante uma mulher cantando Beatles com arranjos diferentes", conta Helena.

Um amigo em comum a apresentou a André, instrumentista experiente e que em 15 anos de carreira já havia acompanhado nomes como Flavio Venturini, Sandra de Sá e Toni Garrido. A dupla se esmerou em fazer uma demo que seria o embrião do Acid Beatles, e a proposta logo encantou novos convocados. "Helena e André me mostraram o CD com algumas pré-produções de re-arranjos dos Beatles. Pirei quando ouvi a versão de Michelle meio acid-jazz! Apostei que esse estilo seria uma onda legal de se trabalhar", fala o baterista Kim Pereira, que completou a formação. Assim como André, Kim é músico experientes, com longa estrada de palco e estúdio.

A escolha do acid jazz como veia temática principal juntou algumas aspirações antigas dos integrantes do grupo. "Ouvi muito acid jazz, foi minha escola para o que estamos fazendo hoje. Bandas como Buckshot, James Taylor Quartet, Jamiroquai e US3 são referência para todos nós", explica André Valle. O jornalista Mario Marques, que assumiu a função de produtor e diretor artístico da banda desde a época de Acid Beatles, resume: "O acid jazz é apenas um elemento dos muitos que a banda mistura. Mas esse estilo seria o mais natural para todos, que curtem jazz e pop da mesma forma". Ajudando a formatar o estilo, o quarteto empregava ao vivo os préstimos de Jefferson Victor (trompete) e do DJ Fabio Machado.

Depois de chamar a atenção da crítica com alguns shows no Rio e se apresentarem na edição 2002 do festival MADA (Música Alimento da Alma), em Natal (RN), os Acid Beatles resolveram afinal partir para o repertório próprio, já visando a estréia em CD. "No começo ficamos meio desesperados porque o tempo urgia e estávamos ansiosos para entrar em estúdio logo", explica Helena. Tudo foi resolvido com a primeira canção original - exatamente Uma Geral, que dá título ao álbum. "André chegou com a música, fiz a letra em dois dias e desde então fomos compondo. Em três meses tínhamos o repertório, a maior parte nosso e duas composições de amigos.", diz a vocalista. Passariam então a apresentar-se como Acid X.

Uma Geral, o disco, reflete bem a gama de influências dos integrantes e o cuidado no polimento artístico e técnico da banda. "Os arranjos foram todos feitos na hora da gravação. Na hora de chamar os convidados, pensamos: 'Vamos gravar teclados? Quem é o melhor?' Aí fomos atrás do Renatinho Fonseca, que toca com o Djavan. Vamos gravar violinos? Quem é o melhor? Chamamos o Marcus Viana. Trompete? Trouxemos o Jessé Sadoc", narra André. Outros elementos, como as batidas eletrônicas do drum'n'bass e traços da música latina, encorpam o som dançante e cool do Acid X. O trompetista Altair (que já fez parte da banda do Backstreet Boys), o baixista Alexandre Catatau e o DJ Fábio Machado completaram o time.

Interessante é notar que o álbum, produzido por André, Mario Marques e Alexandre Castilho, foi gravado de forma indepedente e, depois de pronto, negociado com o selo ST2. "Fomos muito além do que podíamos, em termos financeiros. Mas entregamos o disco à gravadora exatamente do jeito que queríamos", diz André. Mario Marques comenta: "O grupo recebeu duas propostas de gravadoras - uma delas multinacional - mas ficamos com receio de dar um passo grande demais e ficar num disco só. Temos uma grande expectativa em relação à ST2." Depois de participar mais uma vez do MADA, em maio último, e lançar oficialmente o disco em São Paulo no último dia 17, o Acid X guarda forças para sair em turnê no último trimestre de 2003. "Temos que ter paciência para saber o momento certo de atacar", analisa André. "Nossa luta é para tentar levar as músicas às rádios. Acreditamos no poder das canções, achamos que elas têm espaço no dial."