<i>Os Saltimbancos</i> voltam em produção luxuosa

Adaptado por Chico Buarque em 1977, musical infantil reestréia em nova montagem este sábado, no TBC, em São Paulo

Tom Cardoso
13/03/2001
Sandy e Júnior, Xuxa, KLB, Angélica, Twister dão uma trégua - e entra a obra de Chico Buarque. É o que a garotada poderá assistir a partir de sábado, no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), em São Paulo, quando estréia uma nova versão da célebre opereta infantil Os Saltimbancos. Adaptado por Chico a partir da história do italiano Sérgio Bardotti, baseada no conto Os Músicos de Bremen, dos irmãos Grimm, o musical fez um estrondoso sucesso no fim dos anos 70 e revolucionou, com sua abordagem social e política, a maneira de se fazer teatro para crianças no Brasil.

Saltimbancos será a segunda montagem do projeto Cia. de Repertório Musical do TBC, que pretende levar aos palcos paulistanos peças e musicais escritos por Chico Buarque. A montagem escolhida para estrear foi A Ópera do Malandro, com direção de Gabriel Villela, cenografia de J.C. Serroni e direção musical de Babaya, o mesmo núcleo de produção que cuidou de Saltimbancos e das outras peças do compositor, como Gota D’ Água, Calabar e O Grande Circo Místico.

"Trabalhar com um repertório escrito por Chico Buarque é sempre muito prazeroso. Além de as canções serem lindas, ele sabe lidar com as crianças sem soar infantil demais", diz Babaya, que foi professora da afamada Música de Minas Escola Livre, criada por Milton Nascimento e Wagner Tiso. A pedido de Villela, ela escolheu a dedo os atores da peça. "Selecionei um elenco que soubesse atuar e cantar bem. Não adianta ser uma grande atriz, chegar lá e desafinar."

Para viver os quatro principais personagens - o jumento, o cão, a galinha e gata, que, cansados da dura vida de explorados, tentam a sorte como músicos - foram escolhidos os atores Vera Zimmermann, Eduardo Silva, Léo Diniz e Cláudia Valle. Com arranjos de Fernando Muzzi e do meastro Ernani Maletta, algumas canções diferem das versões compostas por Chico. É o caso de O Jumento, que ganhou um toque de baião, e de História de uma Gata, uma valsa com interferências de samba.

Sotaques
Outra exigência de Villela é que cada um dos quatro protagonistas tenha um sotaque específico - o cachorro (Eduardo Silva) será carioca, o jumento (Léo Diniz) nordestino, a gata (Vera Zimmerman) gaúcha, e a galinha (Cláudia Valle) mineira. "A gente quer discutir e refletir sobre as diversas culturas brasileiras. Dar esse caráter regionalista a cada personagem é muito importante", diz Babaya.

Orçada em R$ 200 mil, Os Saltimbancos contará com uma superprodução. Por resgatar elementos cênicos da commedia dell’arte, gênero italiano iniciado no século XV, Villela foi até a Itália aprofundar sua pesquisa sobre o assunto. De lá, importou parte do figurino, como as máscaras sartorianas, confeccionadas em Veneza. Apesar do luxo e do investimento pesado, a peça não cobrará ingressos caros - o patrocinador vai subvencionar parte das entradas, que serão destinadas aos alunos da rede pública de ensino. É o velho biscoito fino para as massas.

Os Saltimbancos ficará em cartaz no TBC (Rua Major Diogo, 315, Bela Vista, Tel. 3115 4622), quintas e sextas (só para escolas) e sábado e domingo, a partir das 16h. Os ingressos custam R$ 12 e a duração é do espetáculo é de 60 minutos.