A <i>Santa Música</i> de Erasmo Carlos
Tremendão lança eclético álbum de inéditas, com canções celebrando o amor e criticando o militarismo
Mônica Loureiro
16/02/2004
Com a parceria com Roberto Carlos interrompida há três anos devido à morte da esposa do Rei, Maria Rita e o fechamento da Abril Music, sua gravadora anterior, Erasmo Carlos ficou um bom tempo se dedicando unicamente a compor. O resultado foi Santa Música, seu novo disco pela Indie Records, com 12 faixas inéditas que levam apenas sua assinatura. "Quando comecei a fazer o disco ainda estava na Abril. Durante os contatos e discussões sobre novas gravadoras, continuei compondo. Ao acertar com a Indie, já passava do meio do ano e resolvemos, então, esperar para lançá-lo em um momento mais apropriado. Quando reparei, já estava com mais músicas que o necessário! Tenho duas ou três que nem entraram", explica o Tremendão.
Satisfeito com o momento atual que atravessa, Erasmo diz que não sentia tanto prazer em entrar em um estúdio desde os anos 80. "Todas as gravadoras sempre têm um projeto para o artista. De repente, podem querer que eu regrave Carmem Miranda! A Indie me deu liberdade e é isso que todo artista precisa", destaca. A autonomia se estendeu à escolha dos músicos: "Minha mãe sempre dizia: `Junte-se aos bons e serás um deles'. Eu sigo o ditado e consegui reunir um timaço. Gosto de ver encontros de diferentes gerações, como o que aconteceu entre Liminha e Paulo César Barros. Eles podem ter as mais diferentes referências, mas, na hora do dó maior e do ré, todos se conhecem!", diz.
Apesar do título e da capa do CD (que traz as mãos de Erasmo entreabrindo uma "Bíblia" que ao invés de versículos têm partituras musicais), que podem fazer com que as pessoas pensem que ele enveredou para os temas religiosos, Erasmo continua falando de amor, dando umas alfinetadas sociais - tudo sempre fiel ao rock. "Eu e meu filho Leonardo pensamos a capa, de forma a materializar a concepção da música sob um tom de divindade. Se fosse um long-play, com maior espaço, teria também o Alcorão e livros de outras religiões, além da Bíblia", explica. E sobre sua religião, é simples: "Fui criado dentro do catolicismo, mas não tive respostas às minhas perguntas. Então, sempre digo que a minha religião é o bem".
O clima geral do novo trabalho de Erasmo Carlos é o amor, mas isso não é novidade, pois Erasmo diz que, qualquer que seja o tema com que trabalha, tenta aproximá-lo ao máximo do amor. "Até na música No Olho do Furacão, eu encontrei um jeito, falando do cara que ia encontrar a mulher no dia seguinte, quando aconteceu a guerra", conta. O cantor diz como se sentiu na época da invasão do Iraque, tema da música citada: "Me lembrei da Guerra do Golfo, quando começou essa história de guerra televisionada. A do Iraque teve hora marcada para acontecer! Fiquei p... no dia da invasão, imaginando o cidadão fazendo seus planos para o dia seguinte, me deu uma angústia...".
Apesar do novo CD de Erasmo ter elementos de reggae (Dois em Um) e até eletrônico (Sinto Muito, com participação da dupla Ramiro Musotto e Sacha Amback), ele diz que, ao mostrar o trabalho para os músicos, ouviu que tudo estava com harmonia de bossa nova. "Aí eu falei: se virem para fazer rock com bossa! Afinal, sou um roqueiro de nylon", define. Ainda assim, faz questão de reafimar que sempre bebeu e continua bebendo da fonte do rock'n roll. E critica a falta de melodia na música de hoje: "Não sei como será o futuro da nova geração, que não tem essa referência. Sempre estarei de mãos dadas com a melodia, mesmo perdido num mundo de ritmos!", brinca.
Estar afastado do irmão e amigo de fé Roberto Carlos ("Quando acabar o luto e ele sentir que tem condições de retomar o trabalho, é só telefonar") e fazer um disco só com músicas próprias não significa necessariamente isolamento para Erasmo Carlos. O cantor e compositor tem feito coisas com outros parceiros, como Marisa Monte, Roberto Frejat, Celso Fonseca e Max de Castro. "Roberto (Carlos) é o único parceiro com quem componho junto, com sua presença física, afinal são mais de 40 anos juntos. Sou tímido e muito bem educado. Com outras pessoas, se falarem um negócio que eu não gosto, vou ficar sem jeito de dizer", diz.
Ele conta como foram feitas as músicas com os novos parceiros: "Mandei a música para a Marisa e ela e Carlinhos Brown fizeram a letra; já com o Max, ele mandou a música e eu fiz a letra. O Celso me mandou uma música que eu ainda estou fazendo a letra, e com Frejat, foi tudo computadorizado! Foi a primeira música nessa nova fase de e-mails. Mas eu prefiro o telefone", confessa.
O Tremendão fala que seu trabalho está completamente ligado às pessoas: "Estou sempre pensando, anotando frases. Vivo das pessoas, são elas que me dão inspiração e fazem meu trabalho". Sobre seu processo de criação, ele revela que lança mão de um artifício: agora só faz música acompanhado de uma bateria eletrônica. "É uma coisa complicada, precisa ser cientista para mexer naquilo! Então, não perco tempo, coloco no botão de rock e acompanho no violão", diz.
Satisfeito com o momento atual que atravessa, Erasmo diz que não sentia tanto prazer em entrar em um estúdio desde os anos 80. "Todas as gravadoras sempre têm um projeto para o artista. De repente, podem querer que eu regrave Carmem Miranda! A Indie me deu liberdade e é isso que todo artista precisa", destaca. A autonomia se estendeu à escolha dos músicos: "Minha mãe sempre dizia: `Junte-se aos bons e serás um deles'. Eu sigo o ditado e consegui reunir um timaço. Gosto de ver encontros de diferentes gerações, como o que aconteceu entre Liminha e Paulo César Barros. Eles podem ter as mais diferentes referências, mas, na hora do dó maior e do ré, todos se conhecem!", diz.
Apesar do título e da capa do CD (que traz as mãos de Erasmo entreabrindo uma "Bíblia" que ao invés de versículos têm partituras musicais), que podem fazer com que as pessoas pensem que ele enveredou para os temas religiosos, Erasmo continua falando de amor, dando umas alfinetadas sociais - tudo sempre fiel ao rock. "Eu e meu filho Leonardo pensamos a capa, de forma a materializar a concepção da música sob um tom de divindade. Se fosse um long-play, com maior espaço, teria também o Alcorão e livros de outras religiões, além da Bíblia", explica. E sobre sua religião, é simples: "Fui criado dentro do catolicismo, mas não tive respostas às minhas perguntas. Então, sempre digo que a minha religião é o bem".
O clima geral do novo trabalho de Erasmo Carlos é o amor, mas isso não é novidade, pois Erasmo diz que, qualquer que seja o tema com que trabalha, tenta aproximá-lo ao máximo do amor. "Até na música No Olho do Furacão, eu encontrei um jeito, falando do cara que ia encontrar a mulher no dia seguinte, quando aconteceu a guerra", conta. O cantor diz como se sentiu na época da invasão do Iraque, tema da música citada: "Me lembrei da Guerra do Golfo, quando começou essa história de guerra televisionada. A do Iraque teve hora marcada para acontecer! Fiquei p... no dia da invasão, imaginando o cidadão fazendo seus planos para o dia seguinte, me deu uma angústia...".
Apesar do novo CD de Erasmo ter elementos de reggae (Dois em Um) e até eletrônico (Sinto Muito, com participação da dupla Ramiro Musotto e Sacha Amback), ele diz que, ao mostrar o trabalho para os músicos, ouviu que tudo estava com harmonia de bossa nova. "Aí eu falei: se virem para fazer rock com bossa! Afinal, sou um roqueiro de nylon", define. Ainda assim, faz questão de reafimar que sempre bebeu e continua bebendo da fonte do rock'n roll. E critica a falta de melodia na música de hoje: "Não sei como será o futuro da nova geração, que não tem essa referência. Sempre estarei de mãos dadas com a melodia, mesmo perdido num mundo de ritmos!", brinca.
Estar afastado do irmão e amigo de fé Roberto Carlos ("Quando acabar o luto e ele sentir que tem condições de retomar o trabalho, é só telefonar") e fazer um disco só com músicas próprias não significa necessariamente isolamento para Erasmo Carlos. O cantor e compositor tem feito coisas com outros parceiros, como Marisa Monte, Roberto Frejat, Celso Fonseca e Max de Castro. "Roberto (Carlos) é o único parceiro com quem componho junto, com sua presença física, afinal são mais de 40 anos juntos. Sou tímido e muito bem educado. Com outras pessoas, se falarem um negócio que eu não gosto, vou ficar sem jeito de dizer", diz.
Ele conta como foram feitas as músicas com os novos parceiros: "Mandei a música para a Marisa e ela e Carlinhos Brown fizeram a letra; já com o Max, ele mandou a música e eu fiz a letra. O Celso me mandou uma música que eu ainda estou fazendo a letra, e com Frejat, foi tudo computadorizado! Foi a primeira música nessa nova fase de e-mails. Mas eu prefiro o telefone", confessa.
O Tremendão fala que seu trabalho está completamente ligado às pessoas: "Estou sempre pensando, anotando frases. Vivo das pessoas, são elas que me dão inspiração e fazem meu trabalho". Sobre seu processo de criação, ele revela que lança mão de um artifício: agora só faz música acompanhado de uma bateria eletrônica. "É uma coisa complicada, precisa ser cientista para mexer naquilo! Então, não perco tempo, coloco no botão de rock e acompanho no violão", diz.