A aquarela bossanovística de Emílio Santiago
Cantor, que optou por uma sonoridade intimista no CD Bossa Nova para homenagear Tom Jobim, diz que saiu da Som Livre sem ressentimentos
Rodrigo Faour
04/10/2000
Apesar de ter gravado diversos discos elegantes ao longo dos anos 70 e até de ter ganhado um festival interpretando um funk (Pelo Amor de Deus), o cantor Emílio Santiago não conseguia atingir novos patamares de sucesso. Foi só depois de ter conhecido Roberto Menescal, que o levou a popularizar mais seu trabalho a partir da série de álbuns Aquarela Brasileira, com clássicos da MPB intercalados com uma ou outra inédita de cunho romântico, que ele conheceu fama e fortuna. A fase Aquarela foi passada na gravadora Som Livre, que Emílio encerrou este ano, transferindo-se para a Sony Music, pela qual acaba de lançar o CD Bossa Nova, produzido por José Milton.
"Saí da Som Livre por questões profissionais. Depois de onze anos de gravadora era interessante procurar um outro caminho. Saí completamente, sem brigas", ressalta Emílio. A idéia de fazer um disco de bossa nova foi uma decisão que tomou em conjunto com seu produtor e a nova fábrica. "Disseram-me: ‘Emílio, você já gravou 50% por cento do repertorio (clássico) de MPB e de diversas formas, como foram as Aquarelas e os discos que se seguiram. Agora, a Sony quer fazer um disco bonito com você, mas achamos que o primeiro tem que ser um cartão de visitas’. Então, chegou-se à conclusão de que o CD poderia ser de bossa nova, porque ela tem todo esse requinte e eu nunca tinha feito um disco com repertorio específico desse estilo", justifica.
Emílio conta que o fato de seu CD ter enfocado o lado mais intimista da bossa nova, deixando de fora o lado mais jazzístico de meados dos anos 60, ou o mais dançante, em voga nas pistas londrinas, foi intencional. "Na verdade, foi uma opção de se fazer uma homenagem ao Tom Jobim. Se você reparar bem nos arranjos de violinos, eles lembram muito aqueles dos discos de Tom. Parti para os clássicos da bossa nova porque achei que se começasse a ousar muito, tentando atingir todo mundo, ia ficar muito caricato", explica o cantor. Ele pretende com esse disco chegar ao seu público fiel e também a todos os que curtem a bossa tradicional, sem alterações nas harmonias e andamentos, além dos curiosos em geral.
Bossas velhas e novas
Além de bossas óbvias como Corcovado, Você e Eu, Garota de Ipanema, Insensatez, A Felicidade e Rio, Emílio regravou as menos batidas A Volta (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), Chuva (Durval Ferreira e Pedro Camargo) e Naquela Estação (João Donato, Caetano Veloso e Ronaldo Bastos), lançada por Adriana Calcanhotto em seu primeiro disco. Além disso, revisitou um Ary Barroso menos regravado (Faixa de Cetim) e se deu ao luxo de contar com duas canções inéditas de nomes de peso da MPB: Doce Viver (Marcos Valle, Dé e Nelson Motta) e Bateu pra Trás (João Donato e Lysias Ênio).
"Tivemos a possibilidade de colocar duas músicas inéditas no disco e quisemos buscar coisas relacionadas com a bossa nova. Quando fui ao lançamento do livro do Nelson Motta, Noites Tropicais, ele já sabia que eu estava gravando um disco de bossa e me disse que tinha uma lindíssima para eu gravar, em parceria com o Marcos Valle e o Dé. Aí, achei isso interessantíssimo e saí correndo atrás da música. A outra é do João Donato, uma pessoa queridíssima minha. Ele me mandou umas dez músicas, ficou até difícil de escolher uma. Brinquei com ele dizendo que agora tenho músicas inéditas dele para gravar o resto da minha vida".
A gravadora fará uma festa de lançamento de Bossa Nova, apenas para convidados, no dia 6 de novembro, no Copacabana Palace (RJ). Já o grande público terá de aguardar um pouco. Emílio inicia sua nova turnê por São Paulo no início do ano que vem, ainda sem local definido.
"Saí da Som Livre por questões profissionais. Depois de onze anos de gravadora era interessante procurar um outro caminho. Saí completamente, sem brigas", ressalta Emílio. A idéia de fazer um disco de bossa nova foi uma decisão que tomou em conjunto com seu produtor e a nova fábrica. "Disseram-me: ‘Emílio, você já gravou 50% por cento do repertorio (clássico) de MPB e de diversas formas, como foram as Aquarelas e os discos que se seguiram. Agora, a Sony quer fazer um disco bonito com você, mas achamos que o primeiro tem que ser um cartão de visitas’. Então, chegou-se à conclusão de que o CD poderia ser de bossa nova, porque ela tem todo esse requinte e eu nunca tinha feito um disco com repertorio específico desse estilo", justifica.
Emílio conta que o fato de seu CD ter enfocado o lado mais intimista da bossa nova, deixando de fora o lado mais jazzístico de meados dos anos 60, ou o mais dançante, em voga nas pistas londrinas, foi intencional. "Na verdade, foi uma opção de se fazer uma homenagem ao Tom Jobim. Se você reparar bem nos arranjos de violinos, eles lembram muito aqueles dos discos de Tom. Parti para os clássicos da bossa nova porque achei que se começasse a ousar muito, tentando atingir todo mundo, ia ficar muito caricato", explica o cantor. Ele pretende com esse disco chegar ao seu público fiel e também a todos os que curtem a bossa tradicional, sem alterações nas harmonias e andamentos, além dos curiosos em geral.
Bossas velhas e novas
Além de bossas óbvias como Corcovado, Você e Eu, Garota de Ipanema, Insensatez, A Felicidade e Rio, Emílio regravou as menos batidas A Volta (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), Chuva (Durval Ferreira e Pedro Camargo) e Naquela Estação (João Donato, Caetano Veloso e Ronaldo Bastos), lançada por Adriana Calcanhotto em seu primeiro disco. Além disso, revisitou um Ary Barroso menos regravado (Faixa de Cetim) e se deu ao luxo de contar com duas canções inéditas de nomes de peso da MPB: Doce Viver (Marcos Valle, Dé e Nelson Motta) e Bateu pra Trás (João Donato e Lysias Ênio).
"Tivemos a possibilidade de colocar duas músicas inéditas no disco e quisemos buscar coisas relacionadas com a bossa nova. Quando fui ao lançamento do livro do Nelson Motta, Noites Tropicais, ele já sabia que eu estava gravando um disco de bossa e me disse que tinha uma lindíssima para eu gravar, em parceria com o Marcos Valle e o Dé. Aí, achei isso interessantíssimo e saí correndo atrás da música. A outra é do João Donato, uma pessoa queridíssima minha. Ele me mandou umas dez músicas, ficou até difícil de escolher uma. Brinquei com ele dizendo que agora tenho músicas inéditas dele para gravar o resto da minha vida".
A gravadora fará uma festa de lançamento de Bossa Nova, apenas para convidados, no dia 6 de novembro, no Copacabana Palace (RJ). Já o grande público terá de aguardar um pouco. Emílio inicia sua nova turnê por São Paulo no início do ano que vem, ainda sem local definido.