A folia do Monobloco vai para o CD
Bloco carnavalesco carioca chefiado por Pedro Luís & A Parede traduz sua diversidade rítmica em disco de estréia
Marco Antonio Barbosa
12/01/2003
Para o Carnaval de 2003, o Monobloco afinal foi botado na rua com tudo a que tinha direito. Para surpresa de quem achava que o bloco de rua era apenas um mero tijolo na Parede sonora do carioca Pedro Luís, o grupo - que junta os integrantes d'A Parede ao guitarrista Rodrigo Maranhão, o cantor Serjão Loroza e mais uma miríade de convidados especiais - ganhou direito a seu próprio disco, que acaba de sair pela Universal Music bem a tempo de esquentar os tamborins para a folia deste ano. "O disco é o registro do sonho que a gente tinha de botar o Monobloco para a frente. É uma parte de uma história que só está começando", diz Pedro Luís sobre o álbum homônimo.
Se você, leitor, é carioca, pode pular os próximos dois parágrafos. Se não for, vale a pena um aparte para explicar um pouco da história do Monobloco. Trata-se do bloco de Carnaval mais quente do Rio de Janeiro - o que, levando-se em conta a tradição de folia da cidade, não é pouca coisa. "A idéia inicial era adaptar para o instrumental de uma escola de samba alguns dos grooves que vínhamos desenvolvendo n'A Parede", conta Pedro Luís. Este conceito nasceu depois de algumas oficinas de percussão desenvolvidas pelo grupo, que - para surpresa de seus integrantes - fizeram grande sucesso. Em 2000, a idéia desembocou no Monobloco, no qual Pedro e A Parede (os percussionistas Celso Alvim, Mário Moura, C.A.Ferrari e Sidon) arregimentavam os percussionistas amadores ("Com disposição, alguma ignorância e a teimosia que nos é peculiar", lembra-se Pedro) em animadas sessões de batucada no Clube Condomínio (Zona Sul do Rio). Celso foi aclamado como o maestro do grupo. "Eu já tinha a experiência de dar aulas de percussão e bateria e a regência naturalmente foi sobrando para mim", diz Celso.
Ao núcleo formado por PL&AP, aprochegaram-se Rodrigo Maranhão (do grupo Bangalafumenga) e Serjão Loroza, animando o repertório formado por clássicos do sambão carioca, alguns covers bem selecionados e números inéditos. Logo logo, centenas de cariocas de tamborim na mão - e outros milhares que vinham só para olhar - começaram a gravitar em torno do Monobloco, a ponto de causar problemas para a vizinhança do clube onde rolavam os ensaios. "Demos sorte de nunca ter havido algum problema sério, pois o (Clube) Condomínio era realmente muito apertado", conta Celso Alvim. "Este ano nos mudamos para a Fundição Progresso, um local mais amplo e que incomoda menos a vizinhança", completa. A mistura sucesso + bagunça atraiu também a atenção de fãs célebres, que se mesclavam democraticamente à massa anônima atrás da farra. Herbert Vianna, Zélia Duncan, Lenine, Fernanda Abreu, Arnaldo Antunes e Seu Jorge foram alguns dos nomes que Nos Carnavais de 2001 e 2002, o Monobloco e seu contingente de percussionistas desfilou triunfante pelas ruas da Zona Sul do Rio. "O período de Carnaval sempre foi fraco em termos de shows. Mas com o Monobloco conseguimos preencher este vácuo tocando", lembra Celso.
Pulando direto do Carnaval para os estúdios, em 2002 Pedro Luís e sua gangue resolveram colocar o paredão sônico do Monobloco em CD. "Já no segundo disco d'A Parede (É Tudo 1 Real) tinhamos experimentado gravar todo mundo junto, em bloco", diz Pedro. Mas como colocar o Monobloco inteiro - 150 ritmistas - no estúdio? "Seria impossível", ressalta Celso. "Fizemos um núcleo com 25 percussionistas, escolhidos durante as oficinas, e mandamos ver." Na hora de escolher os "agregados especiais", o Monobloco foi mais generoso. Uma seleção de talentos da nova cena carioca, como Cabelo, Fábio Alman e Pedro Quental, se juntou a rappers (Xis e Rappin'Hood), integrantes de escolas de samba cariocas e à onipresente Elza Soares. Membros dos grupos Bangalafumenga, Dread Lion, Boato, Chalaça, A Bruxa, Rio Maracatu, Afro Rio, Funk 'N'Lata e Eletro Samba integram a seção percussiva.
A incrível batuqueira ganhou um pano de fundo sonoro que é uma verdadeira feijoada rítmica. Maracatu, funk, reggae, hip hop e, claro, o samba, estão no cardápio. Não importando o estilo original das músicas tocadas, tudo é subvertido pelo grupo. Do baião-rock de Mosca na Sopa (com citações a Samba do Lado, na Nação Zumbi, e Vou Batê Pa Tu, de Arnaud Rodrigues e Orlan Divo) a Alagados, do padrinho Herbert, vale tudo. "É tudo música de festa", resume Celso Alvim. Ainda tem Tim Maia (Imunização Racional), sambas-enredo e marchinhas (até a Cabeleira do Zezé foi ressuscitada). As inéditas foram compostas por Pedro e os agregados. Maracatu Embalado é de Rodrigo Maranhão, Monobloco 2002 é assinada pelo peculiar Lesko Lesko ("Ele já compôs mais de 400 pagodes e é o mais legítimo representante de nossa ala dos compositores," diz Pedro) e por aí vai.
A boa notícia, para quem não é do Rio, é que a chegada do álbum afinal dará um motivo para que a folia do Monobloco se estenda a outras paragens. "Temos planos de, finalmente, armar uma turnê conjunta do PL&AP com o Monobloco, para outros estados", diz Celso Alvim. Enquanto isso, a bagunça fica instalada na Fundição Progresso até a sexta de Carnaval (dia 28 de fevereiro), ganhando as ruas durante os quatro dias de folia.
Se você, leitor, é carioca, pode pular os próximos dois parágrafos. Se não for, vale a pena um aparte para explicar um pouco da história do Monobloco. Trata-se do bloco de Carnaval mais quente do Rio de Janeiro - o que, levando-se em conta a tradição de folia da cidade, não é pouca coisa. "A idéia inicial era adaptar para o instrumental de uma escola de samba alguns dos grooves que vínhamos desenvolvendo n'A Parede", conta Pedro Luís. Este conceito nasceu depois de algumas oficinas de percussão desenvolvidas pelo grupo, que - para surpresa de seus integrantes - fizeram grande sucesso. Em 2000, a idéia desembocou no Monobloco, no qual Pedro e A Parede (os percussionistas Celso Alvim, Mário Moura, C.A.Ferrari e Sidon) arregimentavam os percussionistas amadores ("Com disposição, alguma ignorância e a teimosia que nos é peculiar", lembra-se Pedro) em animadas sessões de batucada no Clube Condomínio (Zona Sul do Rio). Celso foi aclamado como o maestro do grupo. "Eu já tinha a experiência de dar aulas de percussão e bateria e a regência naturalmente foi sobrando para mim", diz Celso.
Ao núcleo formado por PL&AP, aprochegaram-se Rodrigo Maranhão (do grupo Bangalafumenga) e Serjão Loroza, animando o repertório formado por clássicos do sambão carioca, alguns covers bem selecionados e números inéditos. Logo logo, centenas de cariocas de tamborim na mão - e outros milhares que vinham só para olhar - começaram a gravitar em torno do Monobloco, a ponto de causar problemas para a vizinhança do clube onde rolavam os ensaios. "Demos sorte de nunca ter havido algum problema sério, pois o (Clube) Condomínio era realmente muito apertado", conta Celso Alvim. "Este ano nos mudamos para a Fundição Progresso, um local mais amplo e que incomoda menos a vizinhança", completa. A mistura sucesso + bagunça atraiu também a atenção de fãs célebres, que se mesclavam democraticamente à massa anônima atrás da farra. Herbert Vianna, Zélia Duncan, Lenine, Fernanda Abreu, Arnaldo Antunes e Seu Jorge foram alguns dos nomes que Nos Carnavais de 2001 e 2002, o Monobloco e seu contingente de percussionistas desfilou triunfante pelas ruas da Zona Sul do Rio. "O período de Carnaval sempre foi fraco em termos de shows. Mas com o Monobloco conseguimos preencher este vácuo tocando", lembra Celso.
Pulando direto do Carnaval para os estúdios, em 2002 Pedro Luís e sua gangue resolveram colocar o paredão sônico do Monobloco em CD. "Já no segundo disco d'A Parede (É Tudo 1 Real) tinhamos experimentado gravar todo mundo junto, em bloco", diz Pedro. Mas como colocar o Monobloco inteiro - 150 ritmistas - no estúdio? "Seria impossível", ressalta Celso. "Fizemos um núcleo com 25 percussionistas, escolhidos durante as oficinas, e mandamos ver." Na hora de escolher os "agregados especiais", o Monobloco foi mais generoso. Uma seleção de talentos da nova cena carioca, como Cabelo, Fábio Alman e Pedro Quental, se juntou a rappers (Xis e Rappin'Hood), integrantes de escolas de samba cariocas e à onipresente Elza Soares. Membros dos grupos Bangalafumenga, Dread Lion, Boato, Chalaça, A Bruxa, Rio Maracatu, Afro Rio, Funk 'N'Lata e Eletro Samba integram a seção percussiva.
A incrível batuqueira ganhou um pano de fundo sonoro que é uma verdadeira feijoada rítmica. Maracatu, funk, reggae, hip hop e, claro, o samba, estão no cardápio. Não importando o estilo original das músicas tocadas, tudo é subvertido pelo grupo. Do baião-rock de Mosca na Sopa (com citações a Samba do Lado, na Nação Zumbi, e Vou Batê Pa Tu, de Arnaud Rodrigues e Orlan Divo) a Alagados, do padrinho Herbert, vale tudo. "É tudo música de festa", resume Celso Alvim. Ainda tem Tim Maia (Imunização Racional), sambas-enredo e marchinhas (até a Cabeleira do Zezé foi ressuscitada). As inéditas foram compostas por Pedro e os agregados. Maracatu Embalado é de Rodrigo Maranhão, Monobloco 2002 é assinada pelo peculiar Lesko Lesko ("Ele já compôs mais de 400 pagodes e é o mais legítimo representante de nossa ala dos compositores," diz Pedro) e por aí vai.
A boa notícia, para quem não é do Rio, é que a chegada do álbum afinal dará um motivo para que a folia do Monobloco se estenda a outras paragens. "Temos planos de, finalmente, armar uma turnê conjunta do PL&AP com o Monobloco, para outros estados", diz Celso Alvim. Enquanto isso, a bagunça fica instalada na Fundição Progresso até a sexta de Carnaval (dia 28 de fevereiro), ganhando as ruas durante os quatro dias de folia.