A folia do Rio está nos blocos

O carnaval de rua carioca ferve com o resgate do desfile da avenida Rio Branco e novidades como o funk do Monobloco

Nana Vaz de Castro
23/02/2001
Pra quem faz questão de manter uma distância razoável do sambódromo, e principalmente da confusão que se tornou a venda de ingressos para o desfile das escolas do Grupo Especial, o carnaval de rua do Rio de Janeiro se firma como opção para um número cada ano maior de foliões. A Marquês de Sapucaí continua a ser a maior atração para os turistas de todo o mundo, mas o roteiro dos blocos é a alternativa mais barata e animada.

Para quem mora no Rio, é impossível esquecer que o carnaval chegou. Mais de uma semana antes da data oficial, blocos de massa, como o Simpatia É Quase Amor (Ipanema) e o Suvaco do Cristo (Jardim Botânico) param o trânsito e reúnem milhares de adeptos. Não chega a ser como em Recife, Olinda e Salvador, onde o carnaval acontece mais na rua do que em qualquer outro lugar, mas a diversidade salta aos olhos de quem resolve desfilar pelos blocos.

Dos mais antigos, como o Cordão do Bola Preta, aos mais modernos, como o Monobloco, tem bloco para todos os gostos. Capitaneado pelo compositor Pedro Luís e seu grupo A Parede, este último inovou este ano, realizando ensaios no Clube Condomínio e montando uma bateria diferente, formada por amadores, que se caracteriza pela batida funk que acompanha desde marchinhas de carnaval até sucessos de Chico Science e Nação Zumbi e Paralamas do Sucesso. O desfile aberto do Monobloco, no dia 11/2 (duas semanas antes do domingo de carnaval), arrastou uma enorme quantidade de foliões, no pequeno trajeto entre o Planetário da Gávea e a Praça Santos Dumont, na Zona Sul do Rio de Janeiro.Por ser a primeira vez que o bloco ia para a rua, não houve esquema de trânsito, e o engarrafamento foi dramático.

Foto: Divulgação
Oficina de percussão da bateria do Monobloco
O mesmo já não acontece com o Simpatia É Quase Amor, que desde 1985 provoca um agradável caos nas ruas de Ipanema, coloridas pelas cores da "agremiação", amarelo e lilás. Assim como as escolas de samba, o Simpatia tem um samba próprio composto a cada ano, escolhido depois de acirrada competição. Este ano foram 15 concorrentes, mas quem acabou levando a melhor foi o samba Onde a Felicidade Levar, resultado do esforço combinado de seis (!) compositores: Medrado, Magrinho, Kleber, Elias, Sandrinho e Valmir. O Simpatia sai sempre duas vezes: no sábado antes do carnaval e no domingo de carnaval. Os moradores de Ipanema não têm mesmo sossego no carnaval: no domingo e na terça é a vez da tradicional Banda de Ipanema, fundada em 1965, e que se concentra na praça General Osório.

No sábado, as opções são o Bola Preta, na Cinelândia, o Barbas, que comemora 18 anos de existência com o samba 2001 Lavando a Serpentina, na rua Arnaldo Quintela, em Botafogo, e o Clube do Samba, que sai sábado e terça na avenida Rio Branco. Aliás, o carnaval da Rio Branco, que já foi palco de grandes desfiles no passado, promete ser revitalizado graças a um apoio do governo estadual, que quer trazer de volta blocos e grupos desativados. Cacique de Ramos, Boêmios de Irajá, Bafo da Onça, Filhos de Gandhi e a escola de samba Quilombo, fundada por Candeia, estão entre as agremiações que tentarão este ano trazer de volta o glamour no Centro do Rio, de domingo a terça. Na segunda-feira sai o Bloco de Segunda, na rua Voluntários da Pátria, Botafogo, na altura da Cobal, e o estreante rancho Flor do Sereno.

O site Samba-Choro desenvolveu um ótimo Guia Comentado do Carnaval de Rua do Rio de Janeiro, com a programação completa em toda a cidade.



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