A hora e a vez do Sheik Tosado

Confirmado com uma das atrações do palco principal do Rock in Rio, grupo pernambucano ganha fôlego para consolidar sua envolvente mistura de frevo com hardcore

Tom Cardoso
07/11/2000
Cover dos Raimundos? Maldade pura. O Sheik Tosado, um dos bons nomes da nova safra de grupos pernambucanos, tem personalidade de sobra. Confirmado com uma das atrações do Rock in Rio (no palco Mundo, na sexta-feira dia 19 de janeiro, abrindo a noite para o Pavilhão 9, Ira! e Ultraje a Rigor, Queens of The Stone Age, Rob Halford e Iron Maiden), a banda promete uma apresentação arrasadora, como a mostrada no Abril Pro Rock de 1998, quando deixou o palco direto para assinar contrato com a gravadora Trama.

"Aconteceu tudo muito rápido com a gente, por isso ficamos um pouco sumidos o ano passado. A distribuição de nosso primeiro disco (Som de Caráter Urbano e de Salãoouvir 30s) também não foi da melhores pois a gravadora tinha outras prioridades na época", conta o guitarrista Bruno Ximarú, que, junto com o irmão e vocalista China, compõe grande parte das músicas do grupo.

Quando foram chamados por Carlos Eduardo Miranda, para assinar um contrato pelo selo Matraca, da Trama, a maioria dos integrantes não tinha completado 20 anos de idade. "Fomos morar no Rio, numa apartamento em cima de uma boate de Copacabana. Ninguém conseguia dormir direito e a nossa agenda de shows estava vazia. Voltamos todos para Recife", lembra o guitarrista.

Só agora, com mais de um ano de atraso, o disco de estréia, produzido por Carlo Bartolini e por Pupilo, baterista do Nação Zumbi, começa a chegar às lojas de todo o Brasil. "Em Belo Horizonte a gente ficou conhecido por meio do MP3. É legal por um lado, pois ajuda a divulgar o nosso trabalho, mas por outro comprova que o disco não tinha tido uma distribuição legal", diz China.

Frevo e Hardcore
Sobre a semelhança de sonoridade com os Raimundos levantada pela imprensa, China acha que é passado. "Quem conhece o nosso trabalho sabe que os estilos são diferentes. Os Raimundos misturam forró com hardcore. A gente usa muito o frevo como base musical. Aliás, o frevo para mim é o nosso hardcore. Os compassos são parecidos e até o modo de dançar", explica o vocalista, que não descarta a possibilidade de reunir no palco grandes nomes da cena pernambucana. "Seria ótimo fazer uma jam session com bandas de Recife, juntar mundo livre, Nação (Zumbi) e Eddie num palco só".

O segundo disco está previsto para logo depois do Rock in Rio. De certeza, apenas a presença de Pupilo novamente na produção e a opção por um som mais pesado e mais bem trabalhado. As letras, que no CD de estréia citavam Gilberto Freyre e Ariano Suassuna, devem continuar politizadas, como na inédita Emparedada da Rua Nova, prometida para o Rock in Rio.