A MPB canta e conta suas histórias em 25 CDs
Adoniran Barbosa, João do Vale, Roberto Paiva, Nora Ney, Geraldo Filme, Ciro Monteiro, Cartola, Bucy Moreira, Jackson do Pandeiro e Lupicínio Rodrigues são alguns dos nomes enfocados em discos retirados da série MPB Especial da TV Cultura (SP)
Rodrigo Faour
19/06/2000
O produtor Fernando Faro teve uma grande idéia: colocar num estúdio de TV os grandes mestres da MPB cantando e contando suas histórias. Analisando mais de 400 programas gravados em mais de 30 anos, outro produtor de projetos de estirpe, J.C.Botezelli, o Pelão, pensou: "E se nós transformássemos esses programas em discos-documento?" Danilo Santos de Miranda, do grupo Sesc de São Paulo, bancou a empreitada e transformou o sonho em realidade (conheça melhor cada um dos discos).
O resultado o público já pode conferir. A primeira leva de programas já está disponível em forma de 25 CDs e dois livros com os depoimentos transcritos de todos os cantores, compositores e músicos enfocados nos programas. Fora isso, cada CD apresenta um pequeno texto ilustrativo sobre o artista enfocado.
Vendidos separadamente ou no atacado, os discos são uma verdadeira preciosidade para quem gosta de estudar as minúcias da MPB – é possível conhecer as histórias por trás de cada clássico da MPB e o ambiente musical em que cada artista viveu. Além de tudo, há nomes importantes de nossa música – especialmente compositores – que são menos conhecidos do que as canções que compuseram ou cantaram.
Esse é o caso de Roberto Martins (autor da valsa Dá-Me Tuas Mãos e de vários sambas divertidos, como Beija-Me), Geraldo Filme (ás do samba paulista, autor de Silêncio no Bexiga, gravada pelos Demônios da Garoa), o pioneiro Paraguassu (contemporâneo de Vicente Celestino, um dos mais famosos intérpretes de Luar do Sertão e Ontem ao Luar) e Joubert de Carvalho (autor de Maringá e Ta-hi).
Representatividade das várias épocas
Segundo Pelão, o projeto vai continuar e deve chegar a 100 ou 200 títulos. "Tivemos o cuidado de escolher proporcionalmente uma pessoa do Norte e Nordeste, outra mais do Sul, mostrar um caipira, um cara do final do século passado e começo desse século (Paraguassu), outro que freqüentava a casa da Tia Ciata e vivenciou as rodas de samba, ensinava como se dançava miudinho (Bucy Moreira), até Carlinhos Lyra que pega uma outra época, do CPC da UNE", explica.
Pelão diz que na seleção desses 25 primeiros títulos houve um privilégio de compositores em detrimento dos só intérpretes porque "os compositores são os verdadeiros donos de suas obras". Mas ressalta que há intérpretes de peso na coleção, como Nora Ney, Roberto Silva, Roberto Paiva e Ciro Monteiro. O produtor acrescenta que nomes como Orlando Silva e Aracy de Almeida estavam na seleção inicial, mas tiveram de ser banidos por questões de direitos autorais. "Eles não deixaram herdeiros", justifica. Nomes da música instrumental também não faltam na coleção, como o conjunto Época de Ouro, o maestro e flaustista Copinha e o violonista Baden Powell (que também canta no CD em alguns números).
Os dois primeiros programas da série MPB Especial foram gravados em 1969, na TV Tupi. Depois, a série continuou na TV Cultura, de São Paulo (onde está até hoje), conduzida por Fernando Faro, que faz as perguntas sem que sua voz apareça no áudio do programa, para não interferir nas falas dos artistas. A maioria dos programas que viraram disco foram gravados no começo da década de 70. Os de Carlos Lyra, Geraldo Filme, Baden, Roberto Silva e João Pacífico são, por sua vez, do começo dos 90. O mais recente foi o Épóca de Ouro, gravado em 1997.
Pelão está eufórico com a série de discos e já promete uma nova leva de 25 títulos para setembro. Tem seus motivos para a pressa: "É um projeto pela memória do povo brasileiro. Tornou-se o único material sério de referência na MPB, pois são os próprios criadores que estão contando as suas histórias." A coleção também está à venda na Internet no endereço www.sescsp.com.br.
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Conheça melhor cada um dos discos
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Vendidos separadamente ou no atacado, os discos são uma verdadeira preciosidade para quem gosta de estudar as minúcias da MPB – é possível conhecer as histórias por trás de cada clássico da MPB e o ambiente musical em que cada artista viveu. Além de tudo, há nomes importantes de nossa música – especialmente compositores – que são menos conhecidos do que as canções que compuseram ou cantaram.
Esse é o caso de Roberto Martins (autor da valsa Dá-Me Tuas Mãos e de vários sambas divertidos, como Beija-Me), Geraldo Filme (ás do samba paulista, autor de Silêncio no Bexiga, gravada pelos Demônios da Garoa), o pioneiro Paraguassu (contemporâneo de Vicente Celestino, um dos mais famosos intérpretes de Luar do Sertão e Ontem ao Luar) e Joubert de Carvalho (autor de Maringá e Ta-hi).
Representatividade das várias épocas
Segundo Pelão, o projeto vai continuar e deve chegar a 100 ou 200 títulos. "Tivemos o cuidado de escolher proporcionalmente uma pessoa do Norte e Nordeste, outra mais do Sul, mostrar um caipira, um cara do final do século passado e começo desse século (Paraguassu), outro que freqüentava a casa da Tia Ciata e vivenciou as rodas de samba, ensinava como se dançava miudinho (Bucy Moreira), até Carlinhos Lyra que pega uma outra época, do CPC da UNE", explica.
Pelão diz que na seleção desses 25 primeiros títulos houve um privilégio de compositores em detrimento dos só intérpretes porque "os compositores são os verdadeiros donos de suas obras". Mas ressalta que há intérpretes de peso na coleção, como Nora Ney, Roberto Silva, Roberto Paiva e Ciro Monteiro. O produtor acrescenta que nomes como Orlando Silva e Aracy de Almeida estavam na seleção inicial, mas tiveram de ser banidos por questões de direitos autorais. "Eles não deixaram herdeiros", justifica. Nomes da música instrumental também não faltam na coleção, como o conjunto Época de Ouro, o maestro e flaustista Copinha e o violonista Baden Powell (que também canta no CD em alguns números).
Os dois primeiros programas da série MPB Especial foram gravados em 1969, na TV Tupi. Depois, a série continuou na TV Cultura, de São Paulo (onde está até hoje), conduzida por Fernando Faro, que faz as perguntas sem que sua voz apareça no áudio do programa, para não interferir nas falas dos artistas. A maioria dos programas que viraram disco foram gravados no começo da década de 70. Os de Carlos Lyra, Geraldo Filme, Baden, Roberto Silva e João Pacífico são, por sua vez, do começo dos 90. O mais recente foi o Épóca de Ouro, gravado em 1997.
Pelão está eufórico com a série de discos e já promete uma nova leva de 25 títulos para setembro. Tem seus motivos para a pressa: "É um projeto pela memória do povo brasileiro. Tornou-se o único material sério de referência na MPB, pois são os próprios criadores que estão contando as suas histórias." A coleção também está à venda na Internet no endereço www.sescsp.com.br.
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