A nova formação do Arranco de Varsóvia
Elogiado grupo vocal especializado em samba cai na estrada com uma nova trinca de cantoras e prepara novo disco
Marco Antonio Barbosa
19/10/2001
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O novo Arranco(clique para ampliar) |
"Ficamos parados por um bom tempo nos últimos meses, já que foi um período em que tivemos que nos concentrar na seleção das novas cantoras. O trabalho tinha que ser cuidadoso", relata Muri Costa, que divide com Malaguti as funções de arranjador e diretor musical do Arranco. As novas cantoras vêm substituir Jurema de Cândio, Rita Peixoto (ou Ryta de Cássia) e Eveline Hecker (esta, fundadora do grupo). As duas últimas participaram do segundo e mais recente álbum do grupo, Samba de Cartola

O processo seletivo (que chegou a render reportagens em jornais cariocas) foi extenso e criterioso. "Eu e o Paulo integramos uma banca com Danilo Caymmi, Marcelo Costa - que vai produzir nosso próximo disco - e Fernando Mendes, do selo Órbita, que vai lançar o disco novo", diz Muri. "A seleção foi realizada em três etapas. Das 80 tiramos 16, fizemos outra bateria de testes, tiramos seis e então passamos uma tarde cantando com as seis. Finalmente escolhemos Andréa, Denise e Elisa." O arranjador ressalta: "Penso que a desenvoltura nos solos pesou muito em nossa escolha. As três tinham a capacidade de cantar tão bem em conjunto quanto sozinhas."
Importante também foi a adequação das novas vocalistas ao direcionamento musical do Arranco. "A proposta é cantar o melhor do nosso bom e velho samba, com harmonizações nas vozes, reunindo assim algumas das tendências mais tradicionais da música do Brasil", frisa Muri. "Para nós, vale mais a pena radicalizar na preferência pelo samba do que embarcar em um trabalho mais eclético." Essa mesmo direcionamento vai dar o rumo para o terceiro álbum do conjunto, que deve sair no comecinho do ano que vem. Será o primeiro disco no qual o grupo não se apoia apenas em clássicos do samba, mas mostra músicas inéditas.
"Nossa prioridade agora é gravar este novo álbum. Esta nova formação vai ter tudo a que tem direito, mas antes do lançamento oficial faremos alguns shows pequenos, para testar repertório e para ganharmos ritmo de jogo", explica Muri. No repertório da bolacha estarão duas canções novas de Dorival Caymmi, Falou Com a Moça? e O que me Importa se Eu Tiro o Domingo Pra Sambar?, presentes no disco graças à ponte feita pelo filho Danilo, fã declarado do Arranco. Três Dias de Ventania, de Malagutti e Leoni (ícone do pop dos anos 80, à frente do Kid Abelha), e Agora Não (Muri/Júlio Moura/Nelson Sargento) são outras das inéditas do disco, que ainda terá a regravação de O Assassinato do Camarão (de Zeré e Ibrahim). Nos shows, às novas inclusões somam-se números já consagrados na interpretação do grupo, como Pra Ver as Meninas (Paulinho da Viola), Amor Até o Fim (Gilberto Gil) e Biscate (Chico Buarque).
Em seus cinco anos de atividades, o Arranco de Varsóvia foi coberto de elogios públicos de gente como Beth Carvalho, Luiz Carlos da Vila e Zeca Pagodinho. Os elogios foram tantos quanto as trocas de cantoras, provando que o grupo pode ser um tremendo trampolim. Zélia Duncan integrou a formação original e nem esquentou o lugar, logo partindo em carreira solo; Soraia Ravenle emplacou como estrela de musicais no teatro (Dolores, South American Way) e atuando na TV. Ryta de Cássia também está cantando solo agora. Muri Costa relativiza o papel de "incubadora" que o Arranco teria: "Acho importante destacar que não revelamos as cantoras; apenas ampliamos um pouco a visibilidade de suas carreiras. Tanto Soraya quanto Eveline Hecker, Ryta de Cássia e Jurema de Cândia já tinham suas carreiras quando entraram para o universo de Varsóvia." Este universo, refletido no nome do grupo, tem a ver com a época em que boa parte dos integrantes (Malaguti, Soraia e Eveline) tinham ascendência polonesa.