A parceria provocativa do álbum <i>Vagabundo</i>
Ney Matogrosso se une ao grupo Pedro Luís & A Parede em trabalho ousado e de muita criatividade
Marco Antonio Barbosa e Mônica Loureiro
16/05/2004
Vagabundo. Não se engane pelo título do disco. "Gosto
de nomes provocadores, como Bandido, Pecado... E
`vagabundo' é tudo que a gente não é!", brinca Ney Matogrosso,
que está lançando o disco em parceria com Pedro Luís e A
Parede. O "namoro" entre o cantor e o grupo surgiu na época em
que Ney estava montando o repertório de Olhos de Farol,
de 1999. No disco, acabaram entrando Miséria no Japão e
Fazê o Quê?, duas composições de Pedro. "Eu fui a um
show deles e gostei muito. Depois desse primeiro encontro,
gravei as músicas e fiz três ou quatro participações em shows.
Agora sentimos que chegou o momento de lançarmos um disco
juntos", diz Ney. Pedro destaca a afinidade que existe entre eles:
"É mais um parceiro nosso, como Lenine, Fernanda Abreu... Ele
abençoa o nosso trabalho".
O repertório de "Vagabundo" agrega em 14 faixas diversas referências - um reflexo da trajetória dos artistas. Tem desde Assim Assado, sucesso dos Secos & Molhados, até Disritmia, de Martinho da Vila. "Nós fomos experimentando as coisas e o que ia soando melhor era escolhido para o repertório do CD", diz Pedro. O líder de A Parede canta em menos faixas que Ney Matogrosso e, mesmo assim, não canta sozinho em nenhuma faixa, dividindo os vocais com o tarimbado intérprete. "Engraçado, não fiz as contas de em quantas faixas eu canto! De qualquer forma, preferi ouvir o Ney interpretando as minhas composições", diz Pedro. Ney faz a mesma constatação e esclarece: "Foi uma opção própria do Pedro cantar menos. Não houve nenhum acordo prévio, fomos ensaiando e decidindo naturalmente".
Pedro Luís assina cinco faixas. São elas Seres Tupy, Interesse (parceria com Suely Mesquita), Noite Severina (com Lula Queiroga), Inspiração (com Gilberto Mendonça Teles), além da criação coletiva Jesus (com Gustavo Valente,Lucas de Oliveira, Dado, André Pessoa, Rodrigo Cabelo, Beto Valente). A exemplo desta última canção, pode-se dizer que o mesmo aconteceu com o disco. Vagabundo foi feito a 18 mãos (o grupo tem oito integrantes), tudo de comum acordo. "Muito do que foi proposto não pôde entrar. Eu, por exemplo, queria colocar Maluco Beleza, mas não conseguimos um bom resultado. Como não sou de dar murro em ponta de faca, preferi não insistir", conta Ney.
Também durante a produção, houve momentos de unanimidade, como nas músicas de Itamar Assumpção. "Adoramos Transpiração (com Alzira Espíndola) e Finalmente (com Alzira e Paulo Salles). Não tivemos dúvidas em as escolher para o disco", garante o cantor. Ele lembra que elas são inéditas, ou que pelo menos podem assim ser consideradas: "O disco da Alzira com essas músicas, por exemplo, teve uma tiragem de mil cópias". A história da última faixa, que vem como bônus, é curiosa: "O disco já estava todo montado e O Muro(André Azambuja) era muito diferente. Seus arranjos não cabiam no corpo do trabalho. Então utilizamos o recurso da faixa bônus", diz o cantor.
O CD Vagabundo abre com A Ordem É Samba (Jackson do Pandeiro e Severino Ramos), presença justificada por Ney Matogrosso: "Jackson é o primeiro artista pop brasileiro, foi quem apontou tendências diferentes. Ele deve ser sempre reverenciado". Quanto a Assim Assado (João Ricardo), o cantor decidiu regravá-la por sugestão de um monte de gente. "Durante todos esses anos, as pessoas me dão notícias dela: `Olha, tocou na festa tal, todo mundo levantou, foi um sucesso!'. Então falei, `vamos fazer'!", explica. Ney diz que enquanto a melodia e a harmonia dos tempos de Secos & Molhados foram respeitadas, os arranjos agora são outros. "O formato também mudou, repetimos o refrão", acrescenta.
Outra pérola resgatada de seu repertório foi Napoleão (Luhli/Lucinha), do disco Sujeito Estranho, de 1981. "Eu jamais gostei daqueles arranjos e achava que merecia uma coisa mais ritmada", diz. A música ganhou até uma viola caipira, tocada por Pedro Luís. Pedro leva essa mesma viola para Seres Tupy, que Ney comenta: "Essa foi uma das canções que ouvi o grupo cantando e sempre pensei em gravar. Ela fala de assuntos que têm de ser levantados, mesmo quando não se trata de um disco de protesto", defende. Entre outros versos, Seres Tupy diz: "Beira de mangue, alto de morro/Pelas marquises, debaixo do esporro/.../De Porto Alegre ao Acre/A pobreza só muda o sotaque".
Quanto à expectativa do público diante da união com Pedro Luís, o líder da Parede acredita que eles vão conseguir unir fãs dos dois. "É uma forma de trazer as histórias de outras pessoas para cada público. Só espero que não matemos as velhinhas do Ney!", brinca. Do alto de sua experiência, Ney lembra que quem faz o show acontecer é o público. Diante dos incessantes pedidos para que realize um só de sucessos - ele é radical, seus espetáculos são fechados no repertório do disco da época - é taxativo: "Só de sucessos, eu não faria. Mas estou pensando, um dia, em misturar o repertório de um disco que eu esteja lançando a músicas antigas".
O repertório de "Vagabundo" agrega em 14 faixas diversas referências - um reflexo da trajetória dos artistas. Tem desde Assim Assado, sucesso dos Secos & Molhados, até Disritmia, de Martinho da Vila. "Nós fomos experimentando as coisas e o que ia soando melhor era escolhido para o repertório do CD", diz Pedro. O líder de A Parede canta em menos faixas que Ney Matogrosso e, mesmo assim, não canta sozinho em nenhuma faixa, dividindo os vocais com o tarimbado intérprete. "Engraçado, não fiz as contas de em quantas faixas eu canto! De qualquer forma, preferi ouvir o Ney interpretando as minhas composições", diz Pedro. Ney faz a mesma constatação e esclarece: "Foi uma opção própria do Pedro cantar menos. Não houve nenhum acordo prévio, fomos ensaiando e decidindo naturalmente".
Pedro Luís assina cinco faixas. São elas Seres Tupy, Interesse (parceria com Suely Mesquita), Noite Severina (com Lula Queiroga), Inspiração (com Gilberto Mendonça Teles), além da criação coletiva Jesus (com Gustavo Valente,Lucas de Oliveira, Dado, André Pessoa, Rodrigo Cabelo, Beto Valente). A exemplo desta última canção, pode-se dizer que o mesmo aconteceu com o disco. Vagabundo foi feito a 18 mãos (o grupo tem oito integrantes), tudo de comum acordo. "Muito do que foi proposto não pôde entrar. Eu, por exemplo, queria colocar Maluco Beleza, mas não conseguimos um bom resultado. Como não sou de dar murro em ponta de faca, preferi não insistir", conta Ney.
Também durante a produção, houve momentos de unanimidade, como nas músicas de Itamar Assumpção. "Adoramos Transpiração (com Alzira Espíndola) e Finalmente (com Alzira e Paulo Salles). Não tivemos dúvidas em as escolher para o disco", garante o cantor. Ele lembra que elas são inéditas, ou que pelo menos podem assim ser consideradas: "O disco da Alzira com essas músicas, por exemplo, teve uma tiragem de mil cópias". A história da última faixa, que vem como bônus, é curiosa: "O disco já estava todo montado e O Muro(André Azambuja) era muito diferente. Seus arranjos não cabiam no corpo do trabalho. Então utilizamos o recurso da faixa bônus", diz o cantor.
O CD Vagabundo abre com A Ordem É Samba (Jackson do Pandeiro e Severino Ramos), presença justificada por Ney Matogrosso: "Jackson é o primeiro artista pop brasileiro, foi quem apontou tendências diferentes. Ele deve ser sempre reverenciado". Quanto a Assim Assado (João Ricardo), o cantor decidiu regravá-la por sugestão de um monte de gente. "Durante todos esses anos, as pessoas me dão notícias dela: `Olha, tocou na festa tal, todo mundo levantou, foi um sucesso!'. Então falei, `vamos fazer'!", explica. Ney diz que enquanto a melodia e a harmonia dos tempos de Secos & Molhados foram respeitadas, os arranjos agora são outros. "O formato também mudou, repetimos o refrão", acrescenta.
Outra pérola resgatada de seu repertório foi Napoleão (Luhli/Lucinha), do disco Sujeito Estranho, de 1981. "Eu jamais gostei daqueles arranjos e achava que merecia uma coisa mais ritmada", diz. A música ganhou até uma viola caipira, tocada por Pedro Luís. Pedro leva essa mesma viola para Seres Tupy, que Ney comenta: "Essa foi uma das canções que ouvi o grupo cantando e sempre pensei em gravar. Ela fala de assuntos que têm de ser levantados, mesmo quando não se trata de um disco de protesto", defende. Entre outros versos, Seres Tupy diz: "Beira de mangue, alto de morro/Pelas marquises, debaixo do esporro/.../De Porto Alegre ao Acre/A pobreza só muda o sotaque".
Quanto à expectativa do público diante da união com Pedro Luís, o líder da Parede acredita que eles vão conseguir unir fãs dos dois. "É uma forma de trazer as histórias de outras pessoas para cada público. Só espero que não matemos as velhinhas do Ney!", brinca. Do alto de sua experiência, Ney lembra que quem faz o show acontecer é o público. Diante dos incessantes pedidos para que realize um só de sucessos - ele é radical, seus espetáculos são fechados no repertório do disco da época - é taxativo: "Só de sucessos, eu não faria. Mas estou pensando, um dia, em misturar o repertório de um disco que eu esteja lançando a músicas antigas".