A tribo de três de Marisa, Brown e Arnaldo
Trio lança o álbum/DVD conjunto Tribalistas, projeto envolto em sigilo e que chega com ares de superprodução
Marco Antonio Barbosa
04/11/2002
Não falta gente para apontar Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes como nomes de ponta na renovação do cenário emepebístico nos últimos anos. E também não chega a ser novidade a amizade e a colaboração artística entre a trinca. Nada disso diminui - na verdade - amplifica - a expectativa criada em torno do projeto Tribalistas (Phonomotor/EMI), dobradinha de CD e DVD concebida, composta e produzida em conjunto por Marisa, Brown e Arnaldo. O pacote aterrissou de forma grandiosa na mídia no último fim de semana, com ampla divulgação pela imprensa, a inauguração de um site oficial dedicado ao disco (www.tribalistas.com.br) e a exibição (no último domingo, dia 3) do making-of do disco na Rede Globo de Televisão. É mole ou quer mais?
As primeiras notícias sobre a união entre Marisa, Brown e Arnaldo datam de março deste ano, quando começaram a pipocar notinhas nos jornais. A trinca estaria trancafiada em um estúdio carioca, produzindo um álbum a seis mãos sobre o qual coisa alguma poderia ser divulgada antes da hora. A aura de mistério a respeito de Tribalistas foi mantida até a semana passada, quando o disco foi lançado; os três músicos recusaram-se a marcar agenda para a imprensa e pronunciaram-se apenas através de uma longa entrevista (concedida a Nelson Motta) incluída no site e no material de divulgação.
"Não surgiu de cara como idéia de um disco. Eu fui gravar uma participação no disco que o Arnaldo estava fazendo (Paradeiro), produzido pelo Brown, no ano passado. A gente ficou junto uma semana e, como sempre acontece quando a gente se encontra, fizemos um monte de músicas. E a gente não pensava em gravar um disco juntos naquele momento", explicou Marisa Monte sobre a gênese de Tribalistas "A gente mora cada um numa cidade (Marisa no Rio, Arnaldo em São Paulo e Brown em Salvador) então é muito raro os três se encontrarem fisicamente para compor. A gente tinha feito isso uma vez, que eu me lembre, que foi o Água Também É Mar", completou a cantora.
"A gente nunca tinha se reunido para compor um volume tão grande de canções em poucos dias, como aconteceu em Salvador. Agora, de alguma forma, há muitos anos já que a gente vem compondo coisas, ou eu e Carlinhos, ou eu e Marisa, ou Carlinhos e Marisa, ou nós três juntos", resumiu Arnaldo. Carlinhos Brown preferiu teorizar sobre a inspiração para o conceito do projeto: "Não só o Brasil, mas o mundo inteiro parece se encaminhar a compreender o seu interior como um todo, não só o seu interior como cidade, não só o seu arredor, mas interior como um lugar onde você realmente habita e os tribalistas trazem isso; trazem na canção porque traz essa fertilidade."
"Fui gravar em Salvador com o Arnaldo, aí sabia que ia ficar uns dias com ele, busquei umas coisas aqui, ele tinha umas coisas pensadas lá, e naturalmente quando a gente se encontra, os três juntos, essas músicas começaram a ser feitas, a serem concluídas", narrou Marisa sobre o marco zero do projeto. "Quando saí da Bahia tínhamos esse repertório que podia ser gravado por nós três juntos, e podia também não ser, e não tínhamos prazo, não tínhamos data, não tínhamos nada acertado."
Um ano depois do primeiro encontro, o trio resolveu tirar do papel a produção alinhavada na Bahia. Tudo sob a supervisão de Marisa. "Aceitamos Marisa como a coordenadora de tudo, como a produtora de todas as coisas. Então a ouvimos muito", falou Brown. "Decidimos e uma semana ou duas depois entramos no estúdio e gravamos. Esse disco foi feito com dois dias de ensaio e treze dias de gravação", completou a cantora. Bossa (Pecado é Lhe Deixar de Molho), sonoridades sutilmente eletrônicas (Lá de Longe) valsa (Carnalismo) e pop-rock (Já Sei Namorar) estão entre as tonalidades sonoras pintadas pelo trio.
O resultado foi um disco quase acústico, de arranjos econômicos, percussões esparsas e ênfase em pianos e violões. Toda a instrumentação ficou a cargo do trio, com a colaboração de Cezar Mendes e Dadi. A produção sobrou para Alê Moraes. "A mão do Alê foi muito importante nesse processo, nas sutilezas, nos filtros eletrônicos que foram usados, as timbragens", opinou Arnaldo. Tudo foi registrado por câmeras digitais, que forneceram as imagens para o DVD."Porque uma imagem diz mais do que mil palavras", acredita Marisa.
Arnaldo opinou sobre o encontro: "Acho que a música popular é um território que propicia esses encontros. A gente tem essa tradição na música popular, de discos que foram feitos em conjunto, onde artistas fizeram uma coisa que não fariam sozinhos, como Gil e Jorge, Tom e Elis, Doces Bárbaros, Chico e Caetano... "É um disco que é uma hóstia mesmo, que é uma comunhão. Não é nem um mérito, é uma sorte. A gente talvez esteja vivendo isso há 10 anos assim e agora viveu com mais intensidade e eu acho que pude oferecer nesse disco uma coisa que eu não faria no meu trabalho individual", resumiu Marisa Monte.
As primeiras notícias sobre a união entre Marisa, Brown e Arnaldo datam de março deste ano, quando começaram a pipocar notinhas nos jornais. A trinca estaria trancafiada em um estúdio carioca, produzindo um álbum a seis mãos sobre o qual coisa alguma poderia ser divulgada antes da hora. A aura de mistério a respeito de Tribalistas foi mantida até a semana passada, quando o disco foi lançado; os três músicos recusaram-se a marcar agenda para a imprensa e pronunciaram-se apenas através de uma longa entrevista (concedida a Nelson Motta) incluída no site e no material de divulgação.
"Não surgiu de cara como idéia de um disco. Eu fui gravar uma participação no disco que o Arnaldo estava fazendo (Paradeiro), produzido pelo Brown, no ano passado. A gente ficou junto uma semana e, como sempre acontece quando a gente se encontra, fizemos um monte de músicas. E a gente não pensava em gravar um disco juntos naquele momento", explicou Marisa Monte sobre a gênese de Tribalistas "A gente mora cada um numa cidade (Marisa no Rio, Arnaldo em São Paulo e Brown em Salvador) então é muito raro os três se encontrarem fisicamente para compor. A gente tinha feito isso uma vez, que eu me lembre, que foi o Água Também É Mar", completou a cantora.
"A gente nunca tinha se reunido para compor um volume tão grande de canções em poucos dias, como aconteceu em Salvador. Agora, de alguma forma, há muitos anos já que a gente vem compondo coisas, ou eu e Carlinhos, ou eu e Marisa, ou Carlinhos e Marisa, ou nós três juntos", resumiu Arnaldo. Carlinhos Brown preferiu teorizar sobre a inspiração para o conceito do projeto: "Não só o Brasil, mas o mundo inteiro parece se encaminhar a compreender o seu interior como um todo, não só o seu interior como cidade, não só o seu arredor, mas interior como um lugar onde você realmente habita e os tribalistas trazem isso; trazem na canção porque traz essa fertilidade."
"Fui gravar em Salvador com o Arnaldo, aí sabia que ia ficar uns dias com ele, busquei umas coisas aqui, ele tinha umas coisas pensadas lá, e naturalmente quando a gente se encontra, os três juntos, essas músicas começaram a ser feitas, a serem concluídas", narrou Marisa sobre o marco zero do projeto. "Quando saí da Bahia tínhamos esse repertório que podia ser gravado por nós três juntos, e podia também não ser, e não tínhamos prazo, não tínhamos data, não tínhamos nada acertado."
Um ano depois do primeiro encontro, o trio resolveu tirar do papel a produção alinhavada na Bahia. Tudo sob a supervisão de Marisa. "Aceitamos Marisa como a coordenadora de tudo, como a produtora de todas as coisas. Então a ouvimos muito", falou Brown. "Decidimos e uma semana ou duas depois entramos no estúdio e gravamos. Esse disco foi feito com dois dias de ensaio e treze dias de gravação", completou a cantora. Bossa (Pecado é Lhe Deixar de Molho), sonoridades sutilmente eletrônicas (Lá de Longe) valsa (Carnalismo) e pop-rock (Já Sei Namorar) estão entre as tonalidades sonoras pintadas pelo trio.
O resultado foi um disco quase acústico, de arranjos econômicos, percussões esparsas e ênfase em pianos e violões. Toda a instrumentação ficou a cargo do trio, com a colaboração de Cezar Mendes e Dadi. A produção sobrou para Alê Moraes. "A mão do Alê foi muito importante nesse processo, nas sutilezas, nos filtros eletrônicos que foram usados, as timbragens", opinou Arnaldo. Tudo foi registrado por câmeras digitais, que forneceram as imagens para o DVD."Porque uma imagem diz mais do que mil palavras", acredita Marisa.
Arnaldo opinou sobre o encontro: "Acho que a música popular é um território que propicia esses encontros. A gente tem essa tradição na música popular, de discos que foram feitos em conjunto, onde artistas fizeram uma coisa que não fariam sozinhos, como Gil e Jorge, Tom e Elis, Doces Bárbaros, Chico e Caetano... "É um disco que é uma hóstia mesmo, que é uma comunhão. Não é nem um mérito, é uma sorte. A gente talvez esteja vivendo isso há 10 anos assim e agora viveu com mais intensidade e eu acho que pude oferecer nesse disco uma coisa que eu não faria no meu trabalho individual", resumiu Marisa Monte.