Adeus Jairzinho, olá Jair de Oliveira

O ex-Balão Mágico, hoje uma das promessas da nova geração de músicos paulistanos, antecipa em show o repertório do disco solo Disritmia, que chega às lojas no mês que vem

Tom Cardoso
30/08/2000
Esqueçam do inocente Jairzinho da época do Balão Mágico. Produtor tarimbado, músico e letrista promissor, Jair de Oliveira (é assim que ele prefere ser chamado) é hoje um dos grandes talentos de uma nova safra de músicos paulistanos, em que se destaca ainda o amigo e parceiro Max de Castro. Os dois estarão dividindo, sexta-feira, às 21h30, o palco da Choperia do Sesc Pompéia, em São Paulo. Max apresentará o repertório do elogiado disco Samba Raro, e Jairzinho, o do seu disco de estréia solo, Disritmia que deve ser lançado no próximo mês pela gravadora Trama.

Afinal, devemos chamá-lo de Jair ou Jairzinho? O próprio explica a confusão: "Em Boston, EUA, onde estudei música (é formado pelo Berklee College Music, com especialização em produção musical e engenharia de som), todos me chamavam por Jair. Mas no Brasil, por causa da minha passagem pelo Balão Mágico, o nome Jairzinho marcou muito. É claro que não sou mais aquele menino, e nem quero ser, mas não posso ter vergonha de um trabalho que me projetou artisticamente".

Com ou sem diminutivo, o que importa é que o filho de Jair Rodrigues promete um grande disco para setembro. Com uma gama de influências que vai desde o samba feito pelo pai até gêneros mais modernos, como o acid jazz e o trip hop, Jairzinho, assim como Max de Castro, produziu as 13 faixas do álbum praticamente sozinho. "Todas as canções são de minha autoria. Toquei violão e fiz a programação dos outros instrumentos. Dividi apenas a produção em duas músicas – Vivo Andando, com Max, e Dia Quente, com o saxofonista Zé Luís", orgulha-se.

Elogiado por Nelson Motta, que chegou a comparar a sua voz com a de Djavan, Jairzinho agradece o carinho do produtor e jornalista, mas não se deslumbra tão fácil. "O Djavan foi um dos caras que mais me influenciaram no início da carreira e sempre foi uma referência clara no meu trabalho, mas vamos com calma, estou começando", diz, um pouco assustado com a comparação.

Para Jairzinho, uma grande geração de artistas está se formando em São Paulo, cada uma dentro de um estilo musical. "Tem o pessoal do rap, a turma do soul music, os vanguardistas, e sambistas de alta categoria. Nunca concordei que aqui seja o túmulo do samba. Até compus uma faixa no disco 100% Show (gravado ao vivo pelo Projeto Artistas Reunidos), o samba Morena Paulista, que fala justamente sobre isso, da força do samba paulistano", afirma o cantor, que gravou três canções do gênero no novo disco – Olha Aí, Papo de Psicólogo e Vem que Tem, essa última um samba de breque à la Moreira da Silva.