Alceu Valença capturado ao vivo
Chega às lojas disco que o cantor pernambucano gravou na Fundição Progresso (RJ), que renderá também DVD
Mônica Loureiro
04/08/2003
Depois de tentar o caminho independente, ao lançar, ano passado, um disco distribuído em bancas de jornal, Alceu Valença volta a fechar contrato com uma gravadora. Desta vez, o cantor e compositor está na Indie Records e lança o CD Ao Vivo em Todos os Sentidos, gravado na Fundição Progresso. "Eu vou de acordo com o que é bom para minha carreira. Por isso, talvez eu não volte para uma grande gravadora", avisa Alceu.
O cantor e compositor conta que conheceu Líber Gadelha, presidente da Indie, durante uma gravação que fez para um disco especial de Raul Seixas, onde cantava Como Vovó Já Dizia. Anos depois, durante uma entrevista para um programa de TV, Alceu citou o nome de Tavinho Paes, um amigo em comum. "Aí o Líber ligou para ele e comentou que queria me levar para a gravadora. Ele gosta da minha performance, de minha irreverência, coisa que a maioria dos executivos de gravadoras acha um perigo", compara. Sem vontade de voltar para gravadoras e "de orelha em pé", ele conta que acabou topando fazer um disco ao vivo. "Só que eu pedi para trazer a banda que toca comigo no Recife, na época do carnaval, com dois percussionistas e oito metais. Pude fazer arranjos muito mais elaborados, com vários timbres. O show foi na Fundição Progresso, que acho o local mais gostoso para se apresentar no Brasil, é onde me sinto em casa", afirma.
Ao Vivo em Todos os Sentidos mostra a diversidade da música do pernambucano: "Eu falei: coloca música no disco até não caber mais! Tem meu namoro com o rock - uma fusão sem ser confusão -, baião, ciranda, frevo... só não entrou forró porque não coube". Entre as 20 faixas estão FM Rebeldia, Andar, Andar, Tropicana, Tomara e Como Dois Animais. De inédita, tem o blues Júlia, Julho.
"Tenho muitas músicas novas, não coloquei porque sempre penso as coisas como projeto. E como esse era um disco de apanhado geral, não entraram mais inéditas. Em compensação, traz canções que poucas pessoas têm, como Bicho Maluco Beleza em ritmo de frevo, Diabo Louro, Amor Covarde e Tambor de Crioula, que só está no DVD.
Falando em DVD, a Indie lança o de Ao Vivo em Todos os Sentidos daqui a dois meses. "Faltavam dois dias para o show e o Líber veio com a idéia do DVD. Aí eu falei `Mas rapaz, como vai ser, se nem sei direito como vou me movimentar no show?' Ele disse que mandaria uma equipe e que, se eu não gostasse, poderia ficar à vontade, que não sairia. Deu tudo certo como num passe de mágica, sem repetição, sem ensaio geral!", conta.
Enquanto espera o levantamento das vendas do disco anterior De Janeiro a Janeiro , que vinha encartado na revista "Música de Atitude" e em breve será relançado, Alceu é só satisfação. "Eu vinha pulando de gravadora em gravadora. Nelas, você não sabe com quem está conversando e sempre encontra as portas fechadas. Ora, como contrato entende-se que somos sócios, e só é bacana quando um se interessa pelo outro. Sociedade em que quem só manda é a outra pessoa? Peraí!", reclama. E lembra: "Eu me dei bem na primeira Ariola, onde era só chegar e falar, não precisava perguntar. Como agora na Indie, onde encontrei um clima bom, as pessoas vibrando com meu disco. Acho que as coisas pequenas são boas. Com uma turma grande, não se pode prestar atenção em todo mundo", diz.
Alceu conta que, com seu temperamento, era muito difícil conviver com esse tipo de relação. "Era uma total falta de entendimento entre o que eu queria e o que eles queriam de mim. Aliás, eles queriam era o meu catálogo, o meu crédito. As pessoas que iam ao meu show não encontravam meus discos! Agora estou tocando até nas rádios, coisa que não acontecia há muito tempo (referindo-se à música Amor Covarde)", destaca. O pernambucano lembra que a música, do disco Rubi (1986), não foi trabalhada propositalmente: "Eu teria que gravar uma música do diretor artístico, não gravei, e a música passou despercebida. E digo mais, o doutor Miguel Plopschi (diretor artístico) - que é um verdadeiro atraso para nossa música - fez assim (gesto de torcer o nariz) para ela".
No mês passado, Alceu recebeu o Prêmio TIM de Música como melhor cantor regional. "Acho que esse tipo de cerimônia é uma boa oportunidade de rever amigos. Quase todo mundo é premiado!", brinca. Ele comenta também sobre o troca-troca de categorias típico das premiações: "Artistas de perfil pop-rock, como os Tribalistas, que eu gosto muito, ganharam como MPB; Luiz Melodia, MPB, ficou como pop/rock... e por aí vai. É estranho, mas bacana também. Eu, fico ao lado do Pena Branca, por exemplo, que é uma coisa bem mais pura do que a que eu faço. Para falar a verdade, eu sou inclassificável, aí eles podem me colocar onde quiserem! Eu acho que sempre fico na parte regionalista por ser de Pernambuco. No próximo prêmio desse tipo, eu vou fazer de conta que moro nos Estados Unidos para ver se muda!", diverte-se.
Enquanto não faz show de lançamento do novo disco - possivelmente em outubro, no Rio - Alceu se volta a um projeto cinematográfico. "É um roteiro que escrevi durante três anos, num laptop, e é a coisa que mais me motiva atualmente. O nome é Cordel Virtual, um épico musical acerca da fama, da inveja e do tempo. Já foi enviado para o Ministério da Cultura para passar pelo patrocínio e estou esperando essa aprovação para poder falar melhor desse projeto", finaliza.
O cantor e compositor conta que conheceu Líber Gadelha, presidente da Indie, durante uma gravação que fez para um disco especial de Raul Seixas, onde cantava Como Vovó Já Dizia. Anos depois, durante uma entrevista para um programa de TV, Alceu citou o nome de Tavinho Paes, um amigo em comum. "Aí o Líber ligou para ele e comentou que queria me levar para a gravadora. Ele gosta da minha performance, de minha irreverência, coisa que a maioria dos executivos de gravadoras acha um perigo", compara. Sem vontade de voltar para gravadoras e "de orelha em pé", ele conta que acabou topando fazer um disco ao vivo. "Só que eu pedi para trazer a banda que toca comigo no Recife, na época do carnaval, com dois percussionistas e oito metais. Pude fazer arranjos muito mais elaborados, com vários timbres. O show foi na Fundição Progresso, que acho o local mais gostoso para se apresentar no Brasil, é onde me sinto em casa", afirma.
Ao Vivo em Todos os Sentidos mostra a diversidade da música do pernambucano: "Eu falei: coloca música no disco até não caber mais! Tem meu namoro com o rock - uma fusão sem ser confusão -, baião, ciranda, frevo... só não entrou forró porque não coube". Entre as 20 faixas estão FM Rebeldia, Andar, Andar, Tropicana, Tomara e Como Dois Animais. De inédita, tem o blues Júlia, Julho.
"Tenho muitas músicas novas, não coloquei porque sempre penso as coisas como projeto. E como esse era um disco de apanhado geral, não entraram mais inéditas. Em compensação, traz canções que poucas pessoas têm, como Bicho Maluco Beleza em ritmo de frevo, Diabo Louro, Amor Covarde e Tambor de Crioula, que só está no DVD.
Falando em DVD, a Indie lança o de Ao Vivo em Todos os Sentidos daqui a dois meses. "Faltavam dois dias para o show e o Líber veio com a idéia do DVD. Aí eu falei `Mas rapaz, como vai ser, se nem sei direito como vou me movimentar no show?' Ele disse que mandaria uma equipe e que, se eu não gostasse, poderia ficar à vontade, que não sairia. Deu tudo certo como num passe de mágica, sem repetição, sem ensaio geral!", conta.
Enquanto espera o levantamento das vendas do disco anterior De Janeiro a Janeiro , que vinha encartado na revista "Música de Atitude" e em breve será relançado, Alceu é só satisfação. "Eu vinha pulando de gravadora em gravadora. Nelas, você não sabe com quem está conversando e sempre encontra as portas fechadas. Ora, como contrato entende-se que somos sócios, e só é bacana quando um se interessa pelo outro. Sociedade em que quem só manda é a outra pessoa? Peraí!", reclama. E lembra: "Eu me dei bem na primeira Ariola, onde era só chegar e falar, não precisava perguntar. Como agora na Indie, onde encontrei um clima bom, as pessoas vibrando com meu disco. Acho que as coisas pequenas são boas. Com uma turma grande, não se pode prestar atenção em todo mundo", diz.
Alceu conta que, com seu temperamento, era muito difícil conviver com esse tipo de relação. "Era uma total falta de entendimento entre o que eu queria e o que eles queriam de mim. Aliás, eles queriam era o meu catálogo, o meu crédito. As pessoas que iam ao meu show não encontravam meus discos! Agora estou tocando até nas rádios, coisa que não acontecia há muito tempo (referindo-se à música Amor Covarde)", destaca. O pernambucano lembra que a música, do disco Rubi (1986), não foi trabalhada propositalmente: "Eu teria que gravar uma música do diretor artístico, não gravei, e a música passou despercebida. E digo mais, o doutor Miguel Plopschi (diretor artístico) - que é um verdadeiro atraso para nossa música - fez assim (gesto de torcer o nariz) para ela".
No mês passado, Alceu recebeu o Prêmio TIM de Música como melhor cantor regional. "Acho que esse tipo de cerimônia é uma boa oportunidade de rever amigos. Quase todo mundo é premiado!", brinca. Ele comenta também sobre o troca-troca de categorias típico das premiações: "Artistas de perfil pop-rock, como os Tribalistas, que eu gosto muito, ganharam como MPB; Luiz Melodia, MPB, ficou como pop/rock... e por aí vai. É estranho, mas bacana também. Eu, fico ao lado do Pena Branca, por exemplo, que é uma coisa bem mais pura do que a que eu faço. Para falar a verdade, eu sou inclassificável, aí eles podem me colocar onde quiserem! Eu acho que sempre fico na parte regionalista por ser de Pernambuco. No próximo prêmio desse tipo, eu vou fazer de conta que moro nos Estados Unidos para ver se muda!", diverte-se.
Enquanto não faz show de lançamento do novo disco - possivelmente em outubro, no Rio - Alceu se volta a um projeto cinematográfico. "É um roteiro que escrevi durante três anos, num laptop, e é a coisa que mais me motiva atualmente. O nome é Cordel Virtual, um épico musical acerca da fama, da inveja e do tempo. Já foi enviado para o Ministério da Cultura para passar pelo patrocínio e estou esperando essa aprovação para poder falar melhor desse projeto", finaliza.