Almir Guineto <i>de roupa nova</i> em 2002

Sambista lança Todos os Pagodes, cheio de convidados especiais e misturando sucessos e inéditas

Mônica Loureiro
10/01/2002
Como acontece com a maioria dos artistas brasileiros - exceto poucos privilegiados que passam imunes a qualquer modismo -, Almir Guineto já teve seus altos e baixos. Ele começou a cantar na década de 70, foi integrante do grupo Originais do Samba por dez anos, ajudou a criar o Fundo de Quintal e alcançou grande sucesso em meados nos anos 80, no auge do pagode. E até, para quem não se lembra, conquistou o primeiro lugar no festival MPB-Shell de 1981 com o partido Mordomia. Passada a febre, levou algum tempo despercebido pela mídia e público, principalmente no Rio de Janeiro. "Já moro em São Paulo há muito tempo. É que o mercado aqui é muito mais amplo, a gente não pára de trabalhar. Mas nem por isso esqueci minha terra!", justifica Almir, que nasceu no Morro do Salgueiro. O sambista lança agora Todos os Pagodes, uma celebração de sua carreira ao lado de convidados especiais.

O CD nasceu de uma idéia que vinha amadurecendo há algum tempo: "Há dois anos, o Vola, dono da casa de samba Terra Brasil (SP), teve essa idéia comigo. Daí fomos pensando nos convidados e nas músicas, pois são muitas. O repertório cresceu muito com a participação do pessoal e o Lua (Lafaiette, produtor e arranjador) caprichou muito nos arranjos", elogia o cantor e compositor. O CD novo é o primeiro de Almir pela gravadora Paradoxx. Sua experiência anterior com um grande selo foi, digamos, decepcionante. "Meu disco anterior saiu pela Universal, em 99. Era muito bom, mas não foi bem trabalhado pela gravadora", reclama. O disco, na verdade, era uma daquelas "colchas de retalhos" que recuperavam de forma meio mais ou menos antigos sucessos.

O novo CD traz algumas composições inéditas e os grandes sucessos de Almir, como Saco Cheio, Boca Sem Dente, Caxambu, Insensato Destino e Mel na Boca. Ou seja, um verdadeiro greatest hits do fundo de quintal, em sua melhor forma - sem diluições. As participações especiais incluem a "velha rapaziada" de Almir, como Zeca Pagodinho, Reinaldo e Jorge Aragão, o filho Almmirzinho - que lançou seu primeiro CD este ano -, Alcione, Beth Carvalho, Luizinho SP, e o grupo Sensação.

Há também convidados que são, no mínimo, curiosos. A banda evangélica Gerd faz o backing para Almir em Orai por Nós (o disco, aliás, é dedicado a Deus). Sérgio Reis e o rapper Mano Brown (do Racionais MC's). "É a primeira vez que gravo com ambos. É bom, pois é uma forma de atingir o público deles também", diz. Brown compôs um rap especialmente para cantar em Mãos e Reis participa da última faixa, Força que Embala.

Aliás, Guineto está mantendo boas relações com o pessoal do interior - duas músicas são em parceria com compositores de sertanejo, vindo no contagiante ritmo de samba da roça. "Força que Embala é com o Fernando Boêmio, que é compositor de música sertaneja. Todos os Pagodes, a música, eu fiz com o Babalu, que também é da área. O nome dele não está no encarte, teve algum erro... então não esquece de falar, tá?", recomenda. Além de Força que Embala, o disco tem mais três faixas inéditas: Nos Laços e Você Deixou Marcas, em parceria com Gilson de Souza, e Boteco da Esquina, com Cris Salgado (mulher de Almir) e Peo.