Ângela Rô Rô volta com sua verve satírica
Cantora estréia em São Paulo show de seu novo disco, Acertei no Milênio, com velhos sucessos, novas composições e rajadas de sarcasmo
Carlos Calado
18/12/2000
Mais magra, tomando goles de água a cada minuto e até se arriscando a dançar, uma Ângela Rô Rô repaginada garante que abandonou o álcool e outros vícios, mas sua verve satírica permanece intacta. Na estréia do show Acertei no Milênio 
(ontem, no Tom Brasil, em São Paulo), a cantora e compositora carioca deliciou seu fã-clube. Além de cantar velhos sucessos e apresentar suas novas composições, Rô Rô provocou sucessivas explosões de gargalhadas com suas tiradas ácidas. "Sou um palhaço do McDonald’s que perdeu o repertório de piadas", disparou, quase ao início do show, em seu melhor estilo metralhadora giratória de sarcasmo.
O samba Acertei no Milênio (parceria com o tecladista Ricardo MacCord) abre o show em tom de otimismo. É seguido por Boemia do Sono, Coquinho e pelo hilariante Garota Mata-Hari, outros sambas que chamam a atenção em meio à nova safra de composições da cantora, recém-premiada pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como melhor compositora do ano. "Obrigada pelo prêmio que me deram, mas eu não sei por quê", debochou Rô Rô, impagável.
Suando bastante e se abanando com um leque durante todo o show, a cantora não perdoou nem mesmo sua roupa (um folgado camisão marrom e uma calça preta bem justa) ou o próprio corpo. "Vocês não imaginam as coisas que estão acontecendo debaixo desta camisa", disse, reclamando da pressão do sutiã. "Não vou dizer que está apertado, se não vocês vão querer que eu tire", provocou, retomando logo o assunto. "A primeira coisa que vou fazer quando chegar no Rio é demitir estes peitos."
Entre os momentos mais aplaudidos do show está o bloco com duas canções em inglês. Rô Rô assume sua porção roqueira, em Don’t Let Me Be Misunderstood (hit de Eric Burdon & The Animals), e homenageia Billie Holiday, a grande lady do jazz, com uma versão quase fox-trot de All of Me. "Maravilhosa", "gostosa", gritavam as fãs mais eufóricas, enquanto a cantora tomava novos goles de água, tomando fôlego para interpretar uma versão pesada e emotiva de Gota d’Água (Chico Buarque), outro número favorito da platéia. Um verdadeiro teste para o vozeirão grave e levemente rouco de Rô Rô, que conseguiu resistir bem às décadas de excessos. "Bebam por mim, encham a cara. Eu já sei o gosto e os efeitos", ela provocou novamente, ao introduzir o bem-humorado funk Viciei em Você, outro exemplo do alto astral que domina seu novo trabalho.
Depois de cantar os sucessos Só Nos Resta Viver, Simples Carinho (João Donato e Abel Silva) e Amor, Meu Grande Amor, esta já anunciada como "a saideira", ela agradece a euforia dos fãs fazendo rima. "Olhem como sou sortuda: eu canto, ganho dinheiro e às vezes deixo a platéia tesuda", brincou. Pelo que demonstrou nessa noite, Rô Rô voltou com gás para continuar excitando seu público durante muito tempo.
(ontem, no Tom Brasil, em São Paulo), a cantora e compositora carioca deliciou seu fã-clube. Além de cantar velhos sucessos e apresentar suas novas composições, Rô Rô provocou sucessivas explosões de gargalhadas com suas tiradas ácidas. "Sou um palhaço do McDonald’s que perdeu o repertório de piadas", disparou, quase ao início do show, em seu melhor estilo metralhadora giratória de sarcasmo.
O samba Acertei no Milênio (parceria com o tecladista Ricardo MacCord) abre o show em tom de otimismo. É seguido por Boemia do Sono, Coquinho e pelo hilariante Garota Mata-Hari, outros sambas que chamam a atenção em meio à nova safra de composições da cantora, recém-premiada pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como melhor compositora do ano. "Obrigada pelo prêmio que me deram, mas eu não sei por quê", debochou Rô Rô, impagável.
Suando bastante e se abanando com um leque durante todo o show, a cantora não perdoou nem mesmo sua roupa (um folgado camisão marrom e uma calça preta bem justa) ou o próprio corpo. "Vocês não imaginam as coisas que estão acontecendo debaixo desta camisa", disse, reclamando da pressão do sutiã. "Não vou dizer que está apertado, se não vocês vão querer que eu tire", provocou, retomando logo o assunto. "A primeira coisa que vou fazer quando chegar no Rio é demitir estes peitos."
Entre os momentos mais aplaudidos do show está o bloco com duas canções em inglês. Rô Rô assume sua porção roqueira, em Don’t Let Me Be Misunderstood (hit de Eric Burdon & The Animals), e homenageia Billie Holiday, a grande lady do jazz, com uma versão quase fox-trot de All of Me. "Maravilhosa", "gostosa", gritavam as fãs mais eufóricas, enquanto a cantora tomava novos goles de água, tomando fôlego para interpretar uma versão pesada e emotiva de Gota d’Água (Chico Buarque), outro número favorito da platéia. Um verdadeiro teste para o vozeirão grave e levemente rouco de Rô Rô, que conseguiu resistir bem às décadas de excessos. "Bebam por mim, encham a cara. Eu já sei o gosto e os efeitos", ela provocou novamente, ao introduzir o bem-humorado funk Viciei em Você, outro exemplo do alto astral que domina seu novo trabalho.
Depois de cantar os sucessos Só Nos Resta Viver, Simples Carinho (João Donato e Abel Silva) e Amor, Meu Grande Amor, esta já anunciada como "a saideira", ela agradece a euforia dos fãs fazendo rima. "Olhem como sou sortuda: eu canto, ganho dinheiro e às vezes deixo a platéia tesuda", brincou. Pelo que demonstrou nessa noite, Rô Rô voltou com gás para continuar excitando seu público durante muito tempo.