Arranjadores comentam a obra do maestro
Paulo Moura, Ed Motta, Roberto Sion, Laércio de Freitas e Guilherme Vergueiro destacam a criatividade de Moacir Santos
Carlos Calado
18/12/2000
Paulo Moura (saxofonista, clarinetista e arranjador)
"O Moacir Santos é um dos maiores músicos que nós temos. Ele encontrou dificuldades para se manter como arranjador na Rádio Nacional, por causa daquele velho problema que atinge as pessoas de origem africana no Brasil. A ida dele para os EUA resultou numa perda muito grande para a nossa música. Isso não prejudicou em nada o potencial criativo do Moacir, mas o conhecimento teórico, as composições e a criatividade dele fazem muita falta por aqui. Seria ótimo se ele voltasse ao Brasil e pudesse continuar transmitindo esse conhecimento. O Moacir é um orgulho para nós todos."
Ed Motta (cantor, compositor e arranjador)
"Você escuta meio compasso de uma música do Moacir e já sabe que é Moacir Santos. Ele tem uma maneira de harmonizar na região grave, uma coisa meio afro, que é única. Adoro a música do Moacir Santos e já fiz várias composições instrumentais inspiradas nele. Tem uma que se chama Sr. Santos e Mr. Silver, que é uma homenagem ao Moacir e ao Horace Silver. Ele tem a mesma importância que o Gil Evans teve no jazz. Na história do arranjo no Brasil, o Moacir Santos é um capítulo à parte."
Laércio de Freitas (pianista, compositor e arranjador)
"Acho que o Moacir Santos foi a grande cabeça na história dos afro-sambas, a tentativa de estabelecer um link entre a música africana, dos escravos, e a música popular brasileira. Muita gente bebeu na fonte do Moacir, mas não disse que bebeu. O Meireles, por exemplo, é cria dele. Muitos arranjadores se pautaram no timbre dos arranjos do Moacir, na maneira de usar a melodia como expressão, no jeito de adaptar a linguagem falada aos instrumentos. A série de temas que ele chama de Coisas é maravilhosa. Tenho o maior respeito pelo Moacir."
Roberto Sion (saxofonista, compositor e arranjador)
"Na música do Moacir existe um encontro da música negra brasileira com a música negra norte-americana através da África. Ele faz uma síntese da música brasileira e do jazz, mas nunca se parece com um jazzista, mesmo quando as letras são cantadas em inglês. O que mais me encanta é que essa música tem uma aura mágica, algo que eu enxergo em poucos músicos. O Moacir é uma pessoa extremamente carismática, bondosa e estudiosa. Eu o vejo no mesmo nível do Radamés Gnattali, do Tom Jobim e do Guerra Peixe. Tenho o projeto futuro de fazer um disco baseado na obra dele."
Guilherme Vergueiro (pianista, compositor e arranjador)
"Eu vejo a música do Moacir como uma criança, com toda aquela pureza e ingenuidade frente à vida. Por trás das melodias simples, encontra-se uma criança dotada do mais alto nível da ciência musical. Os arranjos do Moacir, com aqueles contrapontos, harmonias e timbres, são perfeitos. Você não encontra nada fora do lugar. É música popular, feita para o povo mesmo. Você pode tocar essa música com uma bandinha, num coreto do interior, com um alto grau de sofisticação. É uma delícia."
"O Moacir Santos é um dos maiores músicos que nós temos. Ele encontrou dificuldades para se manter como arranjador na Rádio Nacional, por causa daquele velho problema que atinge as pessoas de origem africana no Brasil. A ida dele para os EUA resultou numa perda muito grande para a nossa música. Isso não prejudicou em nada o potencial criativo do Moacir, mas o conhecimento teórico, as composições e a criatividade dele fazem muita falta por aqui. Seria ótimo se ele voltasse ao Brasil e pudesse continuar transmitindo esse conhecimento. O Moacir é um orgulho para nós todos."
Ed Motta (cantor, compositor e arranjador)
"Você escuta meio compasso de uma música do Moacir e já sabe que é Moacir Santos. Ele tem uma maneira de harmonizar na região grave, uma coisa meio afro, que é única. Adoro a música do Moacir Santos e já fiz várias composições instrumentais inspiradas nele. Tem uma que se chama Sr. Santos e Mr. Silver, que é uma homenagem ao Moacir e ao Horace Silver. Ele tem a mesma importância que o Gil Evans teve no jazz. Na história do arranjo no Brasil, o Moacir Santos é um capítulo à parte."
Laércio de Freitas (pianista, compositor e arranjador)
"Acho que o Moacir Santos foi a grande cabeça na história dos afro-sambas, a tentativa de estabelecer um link entre a música africana, dos escravos, e a música popular brasileira. Muita gente bebeu na fonte do Moacir, mas não disse que bebeu. O Meireles, por exemplo, é cria dele. Muitos arranjadores se pautaram no timbre dos arranjos do Moacir, na maneira de usar a melodia como expressão, no jeito de adaptar a linguagem falada aos instrumentos. A série de temas que ele chama de Coisas é maravilhosa. Tenho o maior respeito pelo Moacir."
Roberto Sion (saxofonista, compositor e arranjador)
"Na música do Moacir existe um encontro da música negra brasileira com a música negra norte-americana através da África. Ele faz uma síntese da música brasileira e do jazz, mas nunca se parece com um jazzista, mesmo quando as letras são cantadas em inglês. O que mais me encanta é que essa música tem uma aura mágica, algo que eu enxergo em poucos músicos. O Moacir é uma pessoa extremamente carismática, bondosa e estudiosa. Eu o vejo no mesmo nível do Radamés Gnattali, do Tom Jobim e do Guerra Peixe. Tenho o projeto futuro de fazer um disco baseado na obra dele."
Guilherme Vergueiro (pianista, compositor e arranjador)
"Eu vejo a música do Moacir como uma criança, com toda aquela pureza e ingenuidade frente à vida. Por trás das melodias simples, encontra-se uma criança dotada do mais alto nível da ciência musical. Os arranjos do Moacir, com aqueles contrapontos, harmonias e timbres, são perfeitos. Você não encontra nada fora do lugar. É música popular, feita para o povo mesmo. Você pode tocar essa música com uma bandinha, num coreto do interior, com um alto grau de sofisticação. É uma delícia."
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