Associação de selos independentes já está em atividade

Objetivo da entidade sem fins lucrativos, que nasceu em debates no Itaú Cultural, é divulgar e premiar os melhores produtos e representar as pequenas gravadoras no Brasil e no exterior

Carlos Calado
23/03/2001
O resultado não poderia ser mais promissor. O Encontro Sobre Produção Fonográfica Independente terminou ontem à noite, na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, com os participantes aplaudindo a fundação da ABMI (Associação Brasileira da Música Independente). Segundo documento divulgado ao final do evento, o objetivo maior dessa entidade sem fins lucrativos será "unir os produtores fonográficos independentes em torno de interesses e atividades comuns, para fins de representação e fomento da Música Independente".

Os representantes dos 31 selos que fundaram a ABMI nomearam uma comissão de trabalho para formalizar os estatutos da associação, que já começaram a ser discutidos em reuniões paralelas ao encontro. A comissão será composta por Benjamim Taubkin (do selo Núcleo Contemporâneo), José Carlos Costa Neto (Dabliú Discos), Eduardo Muzkat (MCD Discos), Thomas Roth (Lua Discos) e Pena Schmidt (Tinitus).

O documento divulgado também relaciona uma série de metas gerais da associação: divulgar as realizações da produção musical independente; promover um encontro anual que deve incluir mostra de produtos e entrega de prêmios; contribuir para o aperfeiçoamento de seus membros na indústria; representar os anseios e demandas dos selos independentes no país e no exterior; promover convênios institucionais. Informações sobre a ABMI podem ser obtidas, temporariamente, através do e-mail abmi@pobox.com.

Jabá
No debate de ontem, que contou com as participações dos jornalistas Patrícia Palumbo (da Eldorado FM/São Paulo) e Carlos Bozzo (Folha de S. Paulo), os participantes do Encontro Sobre Produção Fonográfica Independente mostraram-se especialmente interessados no problema do famigerado jabá - o dinheiro pago extra-oficialmente pelas grandes gravadoras para que as rádios comerciais toquem os discos de seus artistas.

"Todos sabem que o jabá já está institucionalizado nas rádios mais comerciais", disse Patrícia, depois de relatar as dificuldades econômicas que enfrenta há anos, produzindo programas especiais orientados exclusivamente para a música popular brasileira de qualidade. "Não tenho nem uma produtora para me ajudar no trabalho. Rádio sem jabá tem que funcionar sem grana", disse a radialista, ao ser questionada sobre por que nem sempre responde aos telefonemas de divulgadores ou dos próprios músicos independentes.

Bozzo chegou até a redigir uma lista de conselhos para melhorar o contato dos artistas e selos independentes com os veículos de imprensa, recomendando com ênfase a utilização de assessores de imprensa para profissionalizar o acesso direto aos jornalistas. Também não escapou da incômoda questão. "Muita gente acha que os jornalistas também recebem jabá", disse o cantor e compositor Carlos Careqa, representante do selo Thanx God, justificando a pergunta, que foi respondida pelo jornalista com uma negativa e uma certa surpresa.

Ao final dos debates, Benjamim Taubkin, da organização do evento, informou que o projeto Rumos Itaú Cultural Música programa para o mês de junho uma nova série de debates, voltados para os produtores independentes. Dessa vez o tema geral será Comunicação. Mais informações no site do órgão: www.itaucultural.org.br.

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