BiD: produtor brasileiro <i>for export</i>
O homem que começou pilotando a mesa de som em clássico disco de Chico Science hoje é disputado por artistas do Chile e de Portugal e deve lançar disco solo nos EUA.
Carlos Calado
16/06/2000
O nome do produtor e músico paulista Eduardo Bidlovski (ou apenas BiD, como ele prefere) ainda pode soar estranho ao grande público, mas quem acompanha os trabalhos de Chico Science & Nação Zumbi, Pavilhão 9 e mundo livre s/a (de quem produziu discos), Fernanda Abreu, Planet Hemp e Daúde (para quem fez remixes), já o conhece há anos. Sem falar na decisiva participação desse guitarrista, tecladista, compositor e arranjador na big band paulista Funk Como Le Gusta, que vem excitando platéias com um vibrante coquetel de soul, funk, acid jazz e samba-rock.
Logo depois de terminar a produção do novo CD do mundo livre, Por Pouco (que sai no mês que vem), BiD embarcou para Santiago do Chile, dando sequência a uma faceta de sua carreira que vem ganhando força: a de produtor importado. Na capital chilena, ele está produzindo pela segunda vez um álbum da banda pop Chancho en Piedra (porco na pedra, literalmente, nome de um prato típico chileno), hoje uma das mais populares do país graças ao disco anterior, Rindamse Terriculas (Rendam-se, terráqueos), que já se aproxima do segundo disco de platina, com cerca de 53 mil cópias vendidas – número bastante expressivo para o Chile.
"Eles nem me conheciam, dois anos atrás, mas me chamaram porque curtiram o Afrociberdelia, do Chico Science & Nação Zumbi. Acho que eles queriam dar uma internacionalizada no som da banda", explica BiD, animado com o andamento do novo álbum, que será mixado por ele em Los Angeles, já no mês que vem. Segundo o produtor brasileiro, o novo trabalho da Chancho en Piedra aproxima-se mais do rock tradicional.
"A banda está menos Red Hot Chili Peppers. O disco tem muitos grooves, funk e até um pouco de discoteque", revela. Os arranjos de metais e cordas serão escritos por Toly Ramirez, pianista chileno que trabalhou com Tito Puente, em Nova York, nos anos 70. Em algumas faixas, vão participar também dois percussionistas brasileiros. "Por eu vir do Brasil, eles já esperam que eu traga um sabor extra em termos de ritmos", diz.
Hip hop português
Essas não foram as únicas experiências de BiD como produtor importado. No final do ano passado, ele também trabalhou com uma banda portuguesa de hip-hop, a Daweasel. "Mais uma vez foi o disco do Chico Science que abriu as portas para mim", conta o paulista, que produziu para essa banda de Lisboa o CD Manual Prático de uma Vida Banal, já próximo do disco de ouro.
"Todo disco que faço eu sempre agradeço ao Chico [Science], que foi uma espécie de padrinho para mim. Graças ao primeiro projeto com ele consegui um crédito enorme no meio musical, não com as gravadoras, mas com os músicos, que é o mais legal", diz o produtor, lembrando que Afrociberdelia (1996), disco que obteve grande reconhecimento na Europa e nos Estados Unidos, foi seu primeiro trabalho na área de produção. Na época, BiD tocava com a banda Professor Antena. Ele e Science se conheceram num show das duas bandas, em Bauru, no interior de São Paulo. "Na primeira vez em que ele esteve em casa, já programamos e montamos a gravação de Macô. Nesse dia vimos que estávamos conectados para trabalhar juntos, tanto na parte ideológica como na brodagem", lembra.
Aos 33 anos, BiD considera ter tido sorte, até agora, na carreira de produtor. "A maioria de meus trabalhos foi com bandas que já tinham uma personalidade desenvolvida. Nunca trabalhei com Tiazinhas ou artistas fabricados. Eu entro como um membro da banda e jogo idéias, sempre tentando repeitar a banda. Por ser músico, acho que tenho uma visão técnica boa, em termos de arranjo, de afinação ou do que soa legal. Mas sempre é muito delicado mexer na arte dos outros".
Adolescência no Tokio
A vida de músico começou cedo para BiD. Aos 17 anos de idade, já era guitarrista e compositor de boa parte das músicas do Tokio, banda do vocalista Supla, que estourou em 1985 com hits como Humanos e Garota de Berlim. "Fizemos tour pelo Brasil e gastavamos muita moeda na produça, viajávamos com som, luz, técnicos e roadies. Foi uma experiência super sadia e boa naquela fase da minha vida", diz. Logo depois do primeiro disco, ele deixou a banda e foi morar em Los Angeles, onde ficou seis anos tocando em bandas e trabalhando na Capitol Records.
Hoje, "salvo Beatles, Led Zeppelin e Jimi Hendrix", BiD diz não ter mais animação para ouvir rock. Interessa-lhe muito mais a música eletrônica, área na qual mergulhou para compor a primeira faixa de sua carreira solo, Batuk de Amor. Apresentada originalmente numa coletânea da feira Mundo Mix, ela foi reeditada em versão remix na compliação Caipiríssima, só de música eletrônica brasileira, lançada recentemente nos Estados Unidos pelo selo Caipirinha Music. "O mix foi todo gravado e produzido por mim em casa, ao lado do meu cachorro Baboo, com a participação do Toninho Ferragutti no acordeon", conta. Segundo BiD, há interesse da Caipirinha de lançar o seu primeiro disco solo, Brazuca Brothers: Suingue e Fumaça vol. 1, que deve ficar pronto até o final do ano.
Logo depois de terminar a produção do novo CD do mundo livre, Por Pouco (que sai no mês que vem), BiD embarcou para Santiago do Chile, dando sequência a uma faceta de sua carreira que vem ganhando força: a de produtor importado. Na capital chilena, ele está produzindo pela segunda vez um álbum da banda pop Chancho en Piedra (porco na pedra, literalmente, nome de um prato típico chileno), hoje uma das mais populares do país graças ao disco anterior, Rindamse Terriculas (Rendam-se, terráqueos), que já se aproxima do segundo disco de platina, com cerca de 53 mil cópias vendidas – número bastante expressivo para o Chile.
"Eles nem me conheciam, dois anos atrás, mas me chamaram porque curtiram o Afrociberdelia, do Chico Science & Nação Zumbi. Acho que eles queriam dar uma internacionalizada no som da banda", explica BiD, animado com o andamento do novo álbum, que será mixado por ele em Los Angeles, já no mês que vem. Segundo o produtor brasileiro, o novo trabalho da Chancho en Piedra aproxima-se mais do rock tradicional.
"A banda está menos Red Hot Chili Peppers. O disco tem muitos grooves, funk e até um pouco de discoteque", revela. Os arranjos de metais e cordas serão escritos por Toly Ramirez, pianista chileno que trabalhou com Tito Puente, em Nova York, nos anos 70. Em algumas faixas, vão participar também dois percussionistas brasileiros. "Por eu vir do Brasil, eles já esperam que eu traga um sabor extra em termos de ritmos", diz.
Hip hop português
Essas não foram as únicas experiências de BiD como produtor importado. No final do ano passado, ele também trabalhou com uma banda portuguesa de hip-hop, a Daweasel. "Mais uma vez foi o disco do Chico Science que abriu as portas para mim", conta o paulista, que produziu para essa banda de Lisboa o CD Manual Prático de uma Vida Banal, já próximo do disco de ouro.
"Todo disco que faço eu sempre agradeço ao Chico [Science], que foi uma espécie de padrinho para mim. Graças ao primeiro projeto com ele consegui um crédito enorme no meio musical, não com as gravadoras, mas com os músicos, que é o mais legal", diz o produtor, lembrando que Afrociberdelia (1996), disco que obteve grande reconhecimento na Europa e nos Estados Unidos, foi seu primeiro trabalho na área de produção. Na época, BiD tocava com a banda Professor Antena. Ele e Science se conheceram num show das duas bandas, em Bauru, no interior de São Paulo. "Na primeira vez em que ele esteve em casa, já programamos e montamos a gravação de Macô. Nesse dia vimos que estávamos conectados para trabalhar juntos, tanto na parte ideológica como na brodagem", lembra.
Aos 33 anos, BiD considera ter tido sorte, até agora, na carreira de produtor. "A maioria de meus trabalhos foi com bandas que já tinham uma personalidade desenvolvida. Nunca trabalhei com Tiazinhas ou artistas fabricados. Eu entro como um membro da banda e jogo idéias, sempre tentando repeitar a banda. Por ser músico, acho que tenho uma visão técnica boa, em termos de arranjo, de afinação ou do que soa legal. Mas sempre é muito delicado mexer na arte dos outros".
Adolescência no Tokio
A vida de músico começou cedo para BiD. Aos 17 anos de idade, já era guitarrista e compositor de boa parte das músicas do Tokio, banda do vocalista Supla, que estourou em 1985 com hits como Humanos e Garota de Berlim. "Fizemos tour pelo Brasil e gastavamos muita moeda na produça, viajávamos com som, luz, técnicos e roadies. Foi uma experiência super sadia e boa naquela fase da minha vida", diz. Logo depois do primeiro disco, ele deixou a banda e foi morar em Los Angeles, onde ficou seis anos tocando em bandas e trabalhando na Capitol Records.
Hoje, "salvo Beatles, Led Zeppelin e Jimi Hendrix", BiD diz não ter mais animação para ouvir rock. Interessa-lhe muito mais a música eletrônica, área na qual mergulhou para compor a primeira faixa de sua carreira solo, Batuk de Amor. Apresentada originalmente numa coletânea da feira Mundo Mix, ela foi reeditada em versão remix na compliação Caipiríssima, só de música eletrônica brasileira, lançada recentemente nos Estados Unidos pelo selo Caipirinha Music. "O mix foi todo gravado e produzido por mim em casa, ao lado do meu cachorro Baboo, com a participação do Toninho Ferragutti no acordeon", conta. Segundo BiD, há interesse da Caipirinha de lançar o seu primeiro disco solo, Brazuca Brothers: Suingue e Fumaça vol. 1, que deve ficar pronto até o final do ano.