BMG, Warner e EMI vão alugar música pela internet

Três gravadoras e a RealNetworks criam empresa para licenciar a venda de música online por assinatura em sites de parceiros. Finalmente!

Vicente Tardin
02/04/2001
Três grandes empresas de mídia e entretenimento donas de gravadoras - AOL Time Warner, Bertelsmann e EMI Group – e a RealNetworks anunciaram hoje a criação em conjunto de uma nova empresa, a MusicNet, uma espécie de plataforma para a distribuição de música pela internet.

As três empresas que controlam as gravadoras Warner Music, BMG e EMI serão acionistas e entram com as músicas; a RealNetworks também será acionista e entra com a tecnologia. A MusicNet irá operar como empresa independente.

Agora vem a melhor parte: a MusicNet irá licenciar sua plataforma para outras empresas de internet que estejam interessadas em vender serviços de música por assinatura. Finalmente a indústria do disco toma uma atitude mais positiva em direção ao licenciamento de seu catálogo para a venda em formato digital.


Depois de meses e meses de incontáveis ações na justiça e investimentos que não dão em nada, tudo indica que a venda (ou aluguel) vai acontecer onde faz mais sentido - nas pontocom especializadas em música e nas áreas de música dos portais. O licenciamento da MusicNet deverá começar pela America Online e pela própria RealNetworks e eventualmente se estender a outras ambientes de distribuição, como o próprio Napster, disseram as empresas.

O negócio da MusicNet será alugar música pela internet, através de terceiros. Se as decisões em torno de preços e formatos seguros forem as mais acertadas, pode ser montado um serviço com chances de sucesso.

Apesar da imensa adesão do público à música na internet, a venda de canções por download ou o seu aluguel por assinatura ainda não decolaram por uma série de razões. Não existe uma oferta ampla de fonogramas à venda. E quando há venda, os formatos protegidos dão trabalho ao usuário, que de graça consegue o que deseja de forma mais simples.

A MusicNet pode alterar o cenário atual. Principalmente porque possibilita que terceiros licenciem o sistema e abram pontos de vendas, com livre concorrência - cada um com sua audiência segmentada, que naturalmente irá se interessar por diferentes tipos de música. No mundo dos CDs, as gravadoras trabalham com varejistas. No mundo da música sem CD até agora não credenciam varejistas.

A questão sobre quem tem o direito de distribuir música pela internet na forma de arquivo digital é o ponto crucial aqui. Diversas empresas foram criadas para serem varejistas de música online, pois vender canções sem disco parecia uma aplicação óbvia da rede. A música por um preço pequeno, direto para o computador do usuário, foi a idéia que fez surgir sites especializados em todo o mundo.

Porém, muitos sites ricos e pobres nasceram, cresceram e morreram sem nunca ver chegar este dia. Não conseguiram convencer os donos dos fonogramas de que poderiam vender as músicas e prestar contas de forma correta e lucrativa. Outros sites prosseguem tentando e esperando, pois têm público e tecnologia, só não possuem a licença das gravadoras – justamente o que foi anunciado hoje, pelo menos em tese.

Se estrear antes do Napster pago, o serviço da MusicNet poderá ser o primeiro do gênero a oferecer uma boa parte do acervo das grandes gravadoras. Mas não será o único, pois a porta que se abrir dará passagem a outros candidatos, como os portais MSN, Yahoo e AOL, que apenas aguardam o momento oportuno de lançar seus serviços.

E as outras duas gravadoras grandes, Sony e Universal? Estas estão ocupadas em desenvolver sua própria alternativa e aparentemente resistem ao licenciamento. Propriamente chamada de Duet, pelo menos a proposta das duas não descarta a oferta de música de outros catálogos.

A indústria tem mais ou menos o mês de julho próximo como uma data importante. Até lá o Napster tem que aparecer com o seu prometido sistema de formato seguro por assinatura. Quem sabe não pode ser baseado na própria plataforma MusicNet, anunciada hoje?