BMG resgata a MPB em eclético pacote <i>2 em 1</i>
Série de 25 títulos traz de volta ao mercado 50 álbuns de artistas como Vanusa, João Bosco, Johnny Alf, Ângela Maria, Herva Doce, Luiz Gonzaga & Fagner, Renato Teixeira, Diana Pequeno, Black Rio, Sá & Guarabyra, Maria Creuza e outros
Rodrigo Faour
04/01/2001
Pela primeira vez, a BMG lança uma série no formato dois LPs em um CD, que fábricas como EMI e Warner já vêm testando há algum tempo. Agora, a gravadora despeja 25 discos no mercado, os mais ecléticos que se possa imaginar. De Vanusa a Banda Black Rio e de Angela Maria a Renato Borgetthi, de Ednardo a Vinicius Cantuária, passando por João Bosco, Os Incríveis e Herva Doce. Apertem os cintos!
A coordenação do projeto 2 em 1 é da incansável Adriana Ramos, que vem fazendo um progressivo trabalho de reedição do acervo da RCA, tentando preservar ao máximo as informações originais das capas e de seus respectivos encartes. Ela conta que a série nasceu de uma conversa com o pesquisador Marcelo Fróes. "Ele queria fazer trabalho calcado em cima de Jovem Guarda, que conicidiria com o lançamento de seu livro sobre o movimento. Só que decidi abrir a série para artistas de outros segmentos porque havia muita coisa no catálogo da RCA que mereceria ganhar também um relançamento nesse formato", explica Adriana.
O que logo salta aos olhos verificando os 25 títulos da série 2 em 1 é que Adilson Ramos, Vanusa e Nilton César - todos egressos da Jovem Guarda - ganharam, cada um, dois CDs (quatro LPs) relançados. "Quando lançamos a série de coletâneas Grandes Sucessos, esses foram artistas que venderam bem, então achamos que havia uma demanda de público que justificaria essa dose dupla", justifica Adriana. O romântico Adilson Ramos teve relançados seus discos Sonhar Contigo (63), Sempre Contigo (64), Feliz por te Amar (65) e Vou Sair dos Lábios Teus (67).
O ultrabrega Nilton César comparece com seus álbuns homônimos entre 68 e 71 e, finalmente, a visceral Vanusa tem relançados seus dois primeiros álbuns, homônimos (de 1968 e 69), influenciados pela era psicodélica (Janis Joplin especialmente), com hits como Sunny, Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones..., assim como dois de sua fase feminista: Viva Vanusa (79), do hit Mudanças, e Vanusa (81), com a impagável versão de I Will Survive, hit de Gloria Gaynor, que na versão do mago Paulo Coelho virou Eu Sobrevivo.
Ainda na seara jovemguardista, a série traz três LPs originais do grupo Os Incríveis, incluindo Isso É Felicidade (75) que sai no mesmo CD com Pelos Caminhos do Rock, de Eduardo Araújo, do mesmo ano. Mas nem só de jovem guarda e canções de estética kitsch estão presentes no pacotão da BMG. Grupos de vulto de nosso cenário MPB/Pop também ganharam relançamentos. Caso da Banda Black Rio - que tem seu Saci Pererê (1980)agrupado com um do grupo A Cor do Som (o outro disco da Black Rio será lançado mais tarde, sozinho, em outra série da companhia). O Trio Elétrio Dodô & Osmar volta em um CD com seus discos de 1985 (Chame Gente - com participações de Caetano Veloso, Moraes Moreira, Elba Ramalho e Luiz Gonzaga) e 87 (Aí Eu Liguei o Rádio, só com com músicas de Moraes).
Do regional ao rock
No âmbito mais regional, a veterana Banda Pau e Corda (hoje com 28 anos de carreira), está no pacote com Redenção (74) e Vivência (75). O violeiro Renato Teixeira aparece com Romaria (78) - catapultado pelo sucesso da faixa-título lançada por Elis Regina em 77 - e Amora (79). Outro resgatado foi Ednardo, com seus LPs Do Boi Só se Perde o Berro (76) e O Azul e o Encarnado (77). Do Nordeste, temos ainda o papa Luiz Gonzaga com o discípulo Fagner, nos dois discos que os cantores fizeram juntos nos anos 80, com destaque para a fervorosa versão de Vem, Morena. E, para contrabalançar, diretamente do Sul, Renato Borgetthi tem Esse Tal de Borguetinho e um álbum homônimo relançados. E com aquele "cheiro mineiro de flor", Sá & Guarabyra também não foram esquecidos, com os bucólicos O Paraíso Agora (84) e Harmonia (86).
Ainda no pacote, há dois antigos LPs de João Bosco (Bandalhismo, de 80, e Essa É a Sua Vida, de 81); dois de Wilson Simonal - já longe da fase áurea -, Ninguém Proibe o Amor (75) e A Vida É Só pra Cantar (77) e dois de uma dupla que fez grande sucesso nos anos 70, Antonio Carlos & Jocafi, que desapecereu da mídia em seguida: Mudei de Idéia (71) e Definitivamente (74). Falando em desaparecidos, Diana Pequeno - que tocava muito no rádio no começo da década de 80 - tem Eterno Como Areia (79) e Sinal de Amor (81) relançados. Outra cantora de grande sucesso do cast da RCA - durante os anos 70 -, Maria Creuza, também foi enfocada com Eu Disse Adeus (73) e Poético (82). Só faltou Eliana Pittman para reviver os fósseis que um dia foram do primeiro time da companhia.
Para completar o supereclético pacote, uma diva veterana (Angela Maria), um precursor da bossa nova (Johnny Alf) e dois expoentes dos primórdios do pop/rock brasileiro dos anos 80 (Herva Doce e Vinicius Cantuária). Angela aparece com dois discos interessantes - Angela Maria Canta para o Mundo - Volumes 1 e 2 (respectivamente, de 1962 e 63) - sendo que o primeiro é o mais expressivo, com diversos sucessos, como Foi Deus e os impagáveis Garota Solitária e Beijo Roubado. Já o cool Johnny Alf, tem Rapaz de Bem (61) e Diagonal (65) na coleção. Indo de um polo ao outro, temos o pop de Vinicius Cantuária, de seus dois primeiros discos, Vinicius Cantuária (82) e Gávea da Manhã (83), com seus sucessos iniciais como Lua e Estrela e Coisa Linda. O Herva Doce fecha o pacote com Amante Profissional (cuja faixa-título tocou à exaustão, sendo tema até de anúncio de TV) e Desastre Mental. Como se vê, há discos para todos os paladares.
A coordenação do projeto 2 em 1 é da incansável Adriana Ramos, que vem fazendo um progressivo trabalho de reedição do acervo da RCA, tentando preservar ao máximo as informações originais das capas e de seus respectivos encartes. Ela conta que a série nasceu de uma conversa com o pesquisador Marcelo Fróes. "Ele queria fazer trabalho calcado em cima de Jovem Guarda, que conicidiria com o lançamento de seu livro sobre o movimento. Só que decidi abrir a série para artistas de outros segmentos porque havia muita coisa no catálogo da RCA que mereceria ganhar também um relançamento nesse formato", explica Adriana.
O que logo salta aos olhos verificando os 25 títulos da série 2 em 1 é que Adilson Ramos, Vanusa e Nilton César - todos egressos da Jovem Guarda - ganharam, cada um, dois CDs (quatro LPs) relançados. "Quando lançamos a série de coletâneas Grandes Sucessos, esses foram artistas que venderam bem, então achamos que havia uma demanda de público que justificaria essa dose dupla", justifica Adriana. O romântico Adilson Ramos teve relançados seus discos Sonhar Contigo (63), Sempre Contigo (64), Feliz por te Amar (65) e Vou Sair dos Lábios Teus (67).
O ultrabrega Nilton César comparece com seus álbuns homônimos entre 68 e 71 e, finalmente, a visceral Vanusa tem relançados seus dois primeiros álbuns, homônimos (de 1968 e 69), influenciados pela era psicodélica (Janis Joplin especialmente), com hits como Sunny, Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones..., assim como dois de sua fase feminista: Viva Vanusa (79), do hit Mudanças, e Vanusa (81), com a impagável versão de I Will Survive, hit de Gloria Gaynor, que na versão do mago Paulo Coelho virou Eu Sobrevivo.
Ainda na seara jovemguardista, a série traz três LPs originais do grupo Os Incríveis, incluindo Isso É Felicidade (75) que sai no mesmo CD com Pelos Caminhos do Rock, de Eduardo Araújo, do mesmo ano. Mas nem só de jovem guarda e canções de estética kitsch estão presentes no pacotão da BMG. Grupos de vulto de nosso cenário MPB/Pop também ganharam relançamentos. Caso da Banda Black Rio - que tem seu Saci Pererê (1980)agrupado com um do grupo A Cor do Som (o outro disco da Black Rio será lançado mais tarde, sozinho, em outra série da companhia). O Trio Elétrio Dodô & Osmar volta em um CD com seus discos de 1985 (Chame Gente - com participações de Caetano Veloso, Moraes Moreira, Elba Ramalho e Luiz Gonzaga) e 87 (Aí Eu Liguei o Rádio, só com com músicas de Moraes).
Do regional ao rock
No âmbito mais regional, a veterana Banda Pau e Corda (hoje com 28 anos de carreira), está no pacote com Redenção (74) e Vivência (75). O violeiro Renato Teixeira aparece com Romaria (78) - catapultado pelo sucesso da faixa-título lançada por Elis Regina em 77 - e Amora (79). Outro resgatado foi Ednardo, com seus LPs Do Boi Só se Perde o Berro (76) e O Azul e o Encarnado (77). Do Nordeste, temos ainda o papa Luiz Gonzaga com o discípulo Fagner, nos dois discos que os cantores fizeram juntos nos anos 80, com destaque para a fervorosa versão de Vem, Morena. E, para contrabalançar, diretamente do Sul, Renato Borgetthi tem Esse Tal de Borguetinho e um álbum homônimo relançados. E com aquele "cheiro mineiro de flor", Sá & Guarabyra também não foram esquecidos, com os bucólicos O Paraíso Agora (84) e Harmonia (86).
Ainda no pacote, há dois antigos LPs de João Bosco (Bandalhismo, de 80, e Essa É a Sua Vida, de 81); dois de Wilson Simonal - já longe da fase áurea -, Ninguém Proibe o Amor (75) e A Vida É Só pra Cantar (77) e dois de uma dupla que fez grande sucesso nos anos 70, Antonio Carlos & Jocafi, que desapecereu da mídia em seguida: Mudei de Idéia (71) e Definitivamente (74). Falando em desaparecidos, Diana Pequeno - que tocava muito no rádio no começo da década de 80 - tem Eterno Como Areia (79) e Sinal de Amor (81) relançados. Outra cantora de grande sucesso do cast da RCA - durante os anos 70 -, Maria Creuza, também foi enfocada com Eu Disse Adeus (73) e Poético (82). Só faltou Eliana Pittman para reviver os fósseis que um dia foram do primeiro time da companhia.
Para completar o supereclético pacote, uma diva veterana (Angela Maria), um precursor da bossa nova (Johnny Alf) e dois expoentes dos primórdios do pop/rock brasileiro dos anos 80 (Herva Doce e Vinicius Cantuária). Angela aparece com dois discos interessantes - Angela Maria Canta para o Mundo - Volumes 1 e 2 (respectivamente, de 1962 e 63) - sendo que o primeiro é o mais expressivo, com diversos sucessos, como Foi Deus e os impagáveis Garota Solitária e Beijo Roubado. Já o cool Johnny Alf, tem Rapaz de Bem (61) e Diagonal (65) na coleção. Indo de um polo ao outro, temos o pop de Vinicius Cantuária, de seus dois primeiros discos, Vinicius Cantuária (82) e Gávea da Manhã (83), com seus sucessos iniciais como Lua e Estrela e Coisa Linda. O Herva Doce fecha o pacote com Amante Profissional (cuja faixa-título tocou à exaustão, sendo tema até de anúncio de TV) e Desastre Mental. Como se vê, há discos para todos os paladares.