Boca Livre participa de projeto social

Grupo grava CD para instituto que combate a evasão escolar

Marco Antonio Barbosa
02/06/2001
Não basta ser afinado, tem que participar. Assim pode ser resumida a colaboração que o grupo Boca Livre realizou com o Instituto Escola Brasil, que resultou no CD Nossos Cantos - um projeto especial dentro da carreira do Boca, que não será vendido em lojas e vai ter sua renda revertida para os projetos sociais do Instituto, que são muitos. O mais peculiar é que, no disco, o grupo canta canções compostas em parceria com os membros do Instituto. "Eles fazem um trabalho maravilhoso na luta para diminuir a evasão escolar na rede pública de ensino. Fazer este disco foi a forma que achamos para contribuir com essa luta", afirma Cláudio Nucci, um dos vocalistas do grupo.

O Instituto Escola Brasil é uma ONG mantida por funcionários do Banco Real/ABN Amro Bank, com patrocínio do próprio banco. Os membros da instituição promovem projetos de cunho esportivo e social em escolas da rede pública, num esforço para manter as crianças nas salas de aula. Mas como é que o Boca Livre acabou envolvido num projeto social? Cláudio Nucci conta: "No fim do ano passado, nós fomos convidados a participar de um evento organizado pelo pessoal do Instituto, que rolou na Bahia. Lá, nós nos juntamos com os homens - gerentes de banco, que estavam lá para se integrar com a natureza -, enquanto a (cantora) Joyce, que também foi convidada, trabalhou com as mulheres. Dos workshops de criação que fizemos lá com os funcionários do banco, começaram a surgir canções, feitas a partir de idéias e letras deles - que eram musicadas por nós".

As parcerias começaram neste primeiro encontro em 2000, mas não pararam por aí. "O resultado foi ficando tão bom que resolvemos dar continuidade. Daí, surgiu a idéia do CD", lembra Cláudio. Nossos Cantos tem 12 canções, incluindo algumas que o grupo compôs por conta própria - mas sempre pensando no contexto do projeto. "Tínhamos umas coisas guardadas que iriam cair bem no projeto. O Maurício (Maestro) tinha um sambinha, o Fernando (Gama) tinha uma outra também já pronta... Foi só juntar tudo", diz Cláudio. Joyce também participa do álbum, em três faixas.

Nossos Cantos não será vendido em lojas: para comprar o CD, os fãs do Boca (e todos aqueles interessados em ajudar o Instituto Escola Brasil) devem ligar para o telefone 0800 17 7823, ou acessar o site da Internet www.institutoescolabrasil.com.br . "Essa luta contra a evasão escolar é importantíssima. O Instituto faz um trabalho genial e temos orgulho de ter participado disso", fala Cláudio Nucci. O disco foi lançado com um show em São Paulo no dia 21 de maio, no qual (como no CD), os funcionários do banco dividiram os microfones com o Boca.

 Apesar de todo o orgulho, o vocalista deixa claro que este não é um disco de carreira do Boca Livre, e sim um projeto especial. "É um álbum diferente. Não podemos chamá-lo de 'o novo disco do Boca Livre'. Ainda assim, nós curtimos muito, e nos empenhamos para valer no CD - mesmo tendo sido um trabalho bem curto. A prova disso é que já estamos tocando algumas músicas do CD em nossos shows", afirma Cláudio.

E quando é que o Boca Livre volta para valer, então? "Estamos com uma agenda bem cheia de shows, e é possível que viajemos para os EUA no dia 20 deste mês", revela Cláudio. O embarque internacional teria como agenda três shows em solo ianque e um em Porto Rico, abrindo para o cantor panamenho Rubén Bládes. Cláudio Nucci explica a conexão: "Acabamos de gravar vocais para cinco faixas do próximo disco do Rubén. Ele é muito famoso entre a população hispânica dos EUA. É uma grande oportunidade para mostrarmos nosso trabalho lá fora".

Nunca é demais lembrar que o grupo já se apresentou nos EUA, Europa e Japão, tendo inclusive um álbum (Dançando Pelas Sombras amostras de 30s, de 93) lançado no mercado americano. Quanto ao próximo disco próprio, o 11º de sua carreira (e o primeiro após Boca Livre e 14 Bis Ao Vivo amostras de 30s, do ano passado), o grupo ainda não tem nenhuma definição. "Vamos tentar gravar ainda este ano", é o que garante Cláudio.