Bossacucanova na ponte aérea de volta ao Brasil
Após bem-sucedida turnê na Europa e Japão, o grupo - junto ao veterano Roberto Menescal - divulga no país o disco Brasilidade
Marco Antonio Barbosa
14/02/2002
Contrariar Tom Jobim pode até parecer pecado. Mas se for por uma boa causa... Os integrantes do grupo Bossacucanova até botam fé no que o maestro dizia ao afirmar que "o melhor caminho para o músico brasileiro é o aeroporto". Só que o sentido que eles tomaram foi o inverso: do Velho Mundo de volta para o Brasil. Quase um ano depois do segundo disco do grupo, Brasilidade , ser lançado no exterior, a gravadora Trama afinal solta sua edição nacional. O lançamento coincide com a volta da banda ao Brasil, após uma temporada de 18 shows pela Europa e Japão. Na turnê européia - como no disco - os três integrantes do BCN foram acompanhados por Roberto Menescal, que se encarregou de atar as duas pontas entre a primeira bossa nova e esta, a novíssima bossa nova. O grupo já fez seu debut ao vivo em solo nacional (tocando no Ballroom, Rio de Janeiro, no dia 18 de janeiro) e agora prossegue levando sua bossa renovada Brasil afora.
"Já tinha tocado com eles no primeiro disco (Bossacucanova Vol.1 ), justamente na única música com instrumentos de verdade, O Barquinho. Então, quando me chamaram para participar do segundo trabalho, foi quase uma passagem natural", fala Roberto Menescal sobre sua colaboração com os "meninos" do Bossacucanova. Após a gravação do disco (devidamente destrinchado por Cliquemusic na época de seu lançamento no exterior - clique aqui para ler a matéria), essa "passagem natural" concretizou-se no palco. O baixista Márcio (filho de Roberto), o tecladista Alexandre Moreira e o DJ Marcelinho DaLua nem hesitaram em convocar o veterano para acompanhá-los na turnê internacional, armada pela gravadora belga Crammed.
"O Brasilidade foi todo concebido para ser tocado ao vivo mesmo", conta Márcio Menescal sobre o caminho percorrido até a atual turnê. "O primeiro álbum era mais eletrônico, calcado no acid jazz - que foi de onde tiramos os conceitos sonoros para revitalizar os clássicos da bossa. A Crammed sugeriu que fizessemos um segundo álbum mais tocável, com mais ênfase na percussão, com uma cara mais brasileira. Daí também o fato de termos incluído mais músicas nossas." Márcio refere-se ao fato do primeiro álbum conter basicamente releituras de sucessos da bossa. Já Brasilidade possui três temas inéditos (Guanabara, Brasilidade, Mais Perto do Mar). E possui também a presença de Roberto Menescal.
"Na hora de cair na estrada, pensamos nele na hora, já que ele é parte fundamental do disco", fala Márcio. "Em 2000, participamos de um show comemorativo dos 40 anos da bossa nova e tocamos pela primeira vez com ele (Menescal) ao vivo. Funcionou para caramba." O compositor de Telefone e Rio dá a sua versão: "Todos os três componentes do BCN trabalham ou trabalharam comigo, no meu estúdio ou em minha gravadora (Albatroz). E quando me juntei a eles na estrada, eles só me pediram para tocar e agir de forma natural, sem forçar nada. Acabou ficando totalmente coerente com o que eu já faço", afirma Menescal. "Não mexi em nada, não toquei nada além do que eu toco."
É o veterano Menescal quem narra: "Foi interessante, por exemplo, descobrir que no Japão existem casas noturnas - clubes, com pista de dança, luz estroboscópica e tudo - que só tocam jazz e bossa nova. É como se a garotada de lá não quisesse mais dançar só com o ritmo; eles querem harmonia, melodia também." Quanto à integração com os três jovens, Menescal conta uma história gozada: "Convocamos uma figurinista para decidir como iríamos nos vestir para os shows lá fora. E ela veio com um blazerzinho, um sapato, uma roupa mais comportada. Mas eu já me vestia descontraído, achei estranho... no fundo, eles é que acabaram se vestindo iguais a mim!" Márcio Menescal comenta: "Essa turnê foi feita mais com a intenção de experimentarmos nosso som, nosso entrosamento. Acabou dando muito mais certo do que esperávamos. Os shows na Europa, por exemplo, foram animadores. Pintaram coisas superdiferentes em relação ao disco."
Ao vivo, a eletrônica é diminuída ao mínimo; os loops programados do disco são tocados "na mão" pelo percussionista Siri, e o DJ Marcelinho faz o resto usando discos de vinil e suas pick-ups. Menescal, o pai, conta que nos primeiros dias de turnê teve de passar por um período de adaptação. "Não estava acostumado a tocar tão alto. Sou da escola banquinho-e-violão", lembra. "No fim das contas, a situação se inverteu. Mais tarde, quando fui fazer um show com o Mièle e a Wanda Sá, tocando violão, estranhei foi o silêncio! Fiquei acostumado a usar minha Les Paul (clássico modelo de guitarra da marca Gibson) e a deixar o pau comer, no lugar do violão."
Para os shows no Brasil, o Bossacucanova conta com o reforço vocal da cantora Cris Delanno (que no disco canta em Nós e o Mar, Guanabara e Rio). "Estamos querendo trazer o Ed Motta também, que no álbum canta em Garota de Ipanema, fala Márcio. Com ou sem Ed, as perspectivas são animadoras para o grupo. Márcio ressalva: "Chamamos muito a atenção, seja aqui ou lá fora, pois não tem ninguém mais fazendo o que fazemos." Roberto Menescal completa: "O mix de bossa tradicional com essa coisa mais moderna e dançante é uma coisa única. Dei sorte de trabalhar com o Bossacucanova e eles também de toparem comigo: nenhum de nós poderia criar por conta própria o que estamos criando."
"Já tinha tocado com eles no primeiro disco (Bossacucanova Vol.1 ), justamente na única música com instrumentos de verdade, O Barquinho. Então, quando me chamaram para participar do segundo trabalho, foi quase uma passagem natural", fala Roberto Menescal sobre sua colaboração com os "meninos" do Bossacucanova. Após a gravação do disco (devidamente destrinchado por Cliquemusic na época de seu lançamento no exterior - clique aqui para ler a matéria), essa "passagem natural" concretizou-se no palco. O baixista Márcio (filho de Roberto), o tecladista Alexandre Moreira e o DJ Marcelinho DaLua nem hesitaram em convocar o veterano para acompanhá-los na turnê internacional, armada pela gravadora belga Crammed.
"O Brasilidade foi todo concebido para ser tocado ao vivo mesmo", conta Márcio Menescal sobre o caminho percorrido até a atual turnê. "O primeiro álbum era mais eletrônico, calcado no acid jazz - que foi de onde tiramos os conceitos sonoros para revitalizar os clássicos da bossa. A Crammed sugeriu que fizessemos um segundo álbum mais tocável, com mais ênfase na percussão, com uma cara mais brasileira. Daí também o fato de termos incluído mais músicas nossas." Márcio refere-se ao fato do primeiro álbum conter basicamente releituras de sucessos da bossa. Já Brasilidade possui três temas inéditos (Guanabara, Brasilidade, Mais Perto do Mar). E possui também a presença de Roberto Menescal.
"Na hora de cair na estrada, pensamos nele na hora, já que ele é parte fundamental do disco", fala Márcio. "Em 2000, participamos de um show comemorativo dos 40 anos da bossa nova e tocamos pela primeira vez com ele (Menescal) ao vivo. Funcionou para caramba." O compositor de Telefone e Rio dá a sua versão: "Todos os três componentes do BCN trabalham ou trabalharam comigo, no meu estúdio ou em minha gravadora (Albatroz). E quando me juntei a eles na estrada, eles só me pediram para tocar e agir de forma natural, sem forçar nada. Acabou ficando totalmente coerente com o que eu já faço", afirma Menescal. "Não mexi em nada, não toquei nada além do que eu toco."
É o veterano Menescal quem narra: "Foi interessante, por exemplo, descobrir que no Japão existem casas noturnas - clubes, com pista de dança, luz estroboscópica e tudo - que só tocam jazz e bossa nova. É como se a garotada de lá não quisesse mais dançar só com o ritmo; eles querem harmonia, melodia também." Quanto à integração com os três jovens, Menescal conta uma história gozada: "Convocamos uma figurinista para decidir como iríamos nos vestir para os shows lá fora. E ela veio com um blazerzinho, um sapato, uma roupa mais comportada. Mas eu já me vestia descontraído, achei estranho... no fundo, eles é que acabaram se vestindo iguais a mim!" Márcio Menescal comenta: "Essa turnê foi feita mais com a intenção de experimentarmos nosso som, nosso entrosamento. Acabou dando muito mais certo do que esperávamos. Os shows na Europa, por exemplo, foram animadores. Pintaram coisas superdiferentes em relação ao disco."
Ao vivo, a eletrônica é diminuída ao mínimo; os loops programados do disco são tocados "na mão" pelo percussionista Siri, e o DJ Marcelinho faz o resto usando discos de vinil e suas pick-ups. Menescal, o pai, conta que nos primeiros dias de turnê teve de passar por um período de adaptação. "Não estava acostumado a tocar tão alto. Sou da escola banquinho-e-violão", lembra. "No fim das contas, a situação se inverteu. Mais tarde, quando fui fazer um show com o Mièle e a Wanda Sá, tocando violão, estranhei foi o silêncio! Fiquei acostumado a usar minha Les Paul (clássico modelo de guitarra da marca Gibson) e a deixar o pau comer, no lugar do violão."
Para os shows no Brasil, o Bossacucanova conta com o reforço vocal da cantora Cris Delanno (que no disco canta em Nós e o Mar, Guanabara e Rio). "Estamos querendo trazer o Ed Motta também, que no álbum canta em Garota de Ipanema, fala Márcio. Com ou sem Ed, as perspectivas são animadoras para o grupo. Márcio ressalva: "Chamamos muito a atenção, seja aqui ou lá fora, pois não tem ninguém mais fazendo o que fazemos." Roberto Menescal completa: "O mix de bossa tradicional com essa coisa mais moderna e dançante é uma coisa única. Dei sorte de trabalhar com o Bossacucanova e eles também de toparem comigo: nenhum de nós poderia criar por conta própria o que estamos criando."