Branco Mello prepara ópera-rock infantil

Vocalista dos Titãs escreve canções para o musical Eu e Meu Guarda-Chuva, que estréia em março no Rio, e ensaia para show, base do seu futuro disco solo, que será apresentado em espaço alternativo do Rock in Rio 3

Tom Cardoso
28/09/2000
As anunciadas férias dos Titãs fizeram bem aos seus sete integrantes. Depois de Nando Reis, Paulo Miklos e Sérgio Britto (estes dois últimos devem lançar discos solos em breve), chegou a vez de Branco Mello ter tempo para tirar da gaveta os seus projetos, que não são poucos. Antes de os Titãs se reunirem em maio, para a gravação do próximo disco, o vocalista quer estrear uma peça infantil de sua autoria, sair em turnê nacional com um show solo, preparar um documentário sobre os 20 anos do grupo e ensaiar sua participação na Tenda Brasil do Rock in Rio, em janeiro.

Atualmente, Branco se dedica ao musical infantil Eu e Meu Guarda-Chuva, que terá canções de sua autoria em parceria com Ciro Pessoa (ex-integrante dos Titãs) e argumento de Hugo Passolo, do grupo Parlapatões. "É uma ópera-rock infantil. Acho que no Brasil não existem canções de rock voltadas para criança e isso faz muito falta", afirma Branco, que pretende convidar músicos de sua geração para participar da peça, entre eles Roberto Frejat e Cássia Eller. "A protagonista será a Andréa Beltrão, que interpretará um menino, Eugênio, um dos personagens criados por mim e pelo Ciro".

O musical, que deve estrear em março do ano que vem no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, vai virar um disco e trará no repertório algumas canções já conhecidas dos fãs dos Titãs, como Dona Nenê, parceria de Banco e Ciro incluída no segundo disco da banda, Televisão, lançado em 1985. Um livro da peça, escrito por Hugo Possolo, também será lançado.

Teste de repertório
Seguindo um caminho contrário da maioria dos artistas, Branco quer primeiro sair com uma pequena turnê para depois lançar um disco solo, que deve chegar às lojas provavelmente pela Abril Music, atual gravadora dos Titãs. "Quero ver como o público vai reagir, como vai sentir o clima deste trabalho", diz o autor de Sonífera Ilha, que montou a banda S-Futurismo para acompanhá-lo e já tem alguns shows marcados – no próximo dia 30, em Florianópolis, e mês que vem em São Paulo, em locais ainda não definidos.

No repertório, inéditas (como Suave Prestações, Lance de Cabelo e Prisioneiro), músicas pouco conhecidas dos Titãs (Flat-Cemitério-Apartamento e Nem Sempre se Pode Ser Deus) e regravações (Salve Linda Canção Sem Esperança, de Luís Melodia; Um Lugar do Caralho, do grupo Júpiter Maçã, e Não Quero Mudar, essa última gravada pelo Kleiderman, grupo formado em 1994 por Branco e Sérgio Britto).

Quando estiver com o show tinindo e bem ensaiado, Branco Mello estará pronto para não só lançar o seu primeiro disco solo, como para participar da terceira edição do Rock in Rio, não no palco principal, com que esteve com os Titãs em 1991, mas no espaço alternativo batizado de Tenda Brasil. "Os Titãs foram convidados, mas férias são férias. Como estarei por aqui aceitei participar do espaço alternativo. Acho que vou tocar na mesma noite do Iron Maiden", adianta o compositor.

Sobre os Titãs, Branco tem pouco a dizer. "A gente vai se reunir em maio e por enquanto ainda desconhecemos completamente a cara do próximo disco." Apesar de estar dando prioridade aos projetos individuais, o vocalista já começou a editar o documentário que será lançado em DVD junto com uma caixa comemorativa dos 20 anos dos Titãs, em 2002. "São entrevistas, shows, participações em programas de televisão e imagens inéditas que eu filmei durante todos esses anos em camarins, viagens e bastidores."