Cariocas no mais novo <i>auê</i> londrino
Cantora e baixista ganham os ingleses com sua banda de música brasileira, cuja receita não tem nada de batucada: só a delicadeza folk herdada de Joni Mitchell e do Clube da Esquina
Silvio Essinger
05/01/2001
A cantora Gabriela Geluda e o baixista Mauro Berman deixaram o Rio de Janeiro há cinco anos e foram para Londres, onde tocam MPB em bares. Há dois, iniciaram o projeto Auwê, com o brasileiro Luiz de Almeida (guitarra e violão) e o inglês Mark Hinton Stewart (teclados). Ao contrário do que muitos poderiam pensar, a música do quarteto não tem nada a ver com batucada, eletrônica ou DJs. Bossa nova, só em uma versão de Estate, sucesso na voz de João Gilberto. O negócio do Auwê é música folk, com violão e doces vocais (que lembram Renaissance e Joni Mitchell), letras em português e alguns toques de baião e de Clube da Esquina. "É o tipo de som que todos ouviam há 15 anos, quando começaram a tocar", conta Mauro, que está no Rio pela primeira vez com a banda (que veio sem Luiz) para shows no festival Humaitá Pra Peixe (dia 24, ao lado do Moreno + 2) e no Ballroom (dia 2 de fevereiro).
Eles trazem na bagagem cópias de um CD demo , com nove faixas gravadas com produção do inglês Will Mowat, responsável por artistas de alto impacto nas pistas de dança, como os conterrâneos do Soul II Soul e as brasileiras Fernanda Abreu e Daúde. "Como todo inglês de 40 e poucos anos de idade, ele ouviu essas mesmas coisas que a gente ouviu", esclarece Mauro, que recentemente apresentou a Will o som de Milton Nascimento na época do Clube da Esquina. Os dois se conheceram quando o baixista tocava com Marcos Valle no Jazz Cafe londrino. Logo que conheceu o trabalho que Mauro e Gabriela desenvolviam com o Auwê, o inglês os estimulou a seguirem com o projeto e a deixar um pouco de lado os trabalhos de cover de MPB na noite.
Casados, Mauro e Gabriela resolveram ir para Londres com a cara e a coragem. Vindo de bandas de rock como o Coma e o Planet Hemp (onde tocou teclados durante pouco tempo), o baixista acabou engatando uma carreira de músico contratado de brasileiros de passagem pela cidade, como Marcos Valle, Azymuth e Dom Um Romão. Gabriela fez uma pós-graduação de música antiga enquanto cantava na noite com o marido. Um dia, Mauro encontrou Mark Stewart, com quem havia tocado e começaram a pensar num projeto paralelo. "Começamos mais eletrônicos, não sabíamos qual era a onda que íamos seguir", conta. Logo, as composições do casal acabaram levando ao som que o Auwê tem hoje.
De uma viagem à Índia, dois anos atrás, Gabriela voltou cheia de inspiração: fez o baião De Bobeira, que Mauro define como "Luiz Gonzaga em Bombaim" - nele, a cantora toca um instrumento da família da cítara. A música foi a que mais chamou a atenção de Will Mowat. "Ele disse: 'essa música é diferente e é pop, as pessoas cantam'", conta a Gabriela.
De fato, as canções do CD do Auwê revelam grandes possibilidades de execução em rádio: desde as delicadamente folk Chorus Song, Eu Fui e Quiet às mais nordestinas Crise e Felicidade, passando pelas versões de Clube da Esquina nº2 e Estate. O disco encerra com a viagem de Auwê, uma brincadeira com a sonoridade de palavras indígenas, como a que dá nome à banda, que quer dizer "saúde e felicidade". Nas gravações, o quarteto ganhou o reforço dos bateristas Dylan Howe (filho de Steve Howe, guitarrista do Yes, banda da qual o casal é fã de longa data) e Chris Well, do gaitista David Munday e do tocador de tabla Sirishkumar Manji.
Em Londres, o Auwê já abriu shows de Marisa Monte e de Caetano (este, no festival Brasil 500 Anos) e dividiu o festival Braziliance com Bebel Gilberto. As apresentações transcorrem no mais puro clima hippie, com velas e incenso. A expectativa da banda é de vir mais vezes ao Brasil (recentemente, Gabriela passou pelo Rio para participar da ópera As Malibrans, de Jocy de Oliveira). Mas não porque o som não esteja agradando os europeus - ao contrário! "A coisa da música folk é muito forte por lá", explica Mauro. Para ver algumas fotos dos shows do Auwê em Londres, basta visitar o site da banda: www.auwe.net
Eles trazem na bagagem cópias de um CD demo , com nove faixas gravadas com produção do inglês Will Mowat, responsável por artistas de alto impacto nas pistas de dança, como os conterrâneos do Soul II Soul e as brasileiras Fernanda Abreu e Daúde. "Como todo inglês de 40 e poucos anos de idade, ele ouviu essas mesmas coisas que a gente ouviu", esclarece Mauro, que recentemente apresentou a Will o som de Milton Nascimento na época do Clube da Esquina. Os dois se conheceram quando o baixista tocava com Marcos Valle no Jazz Cafe londrino. Logo que conheceu o trabalho que Mauro e Gabriela desenvolviam com o Auwê, o inglês os estimulou a seguirem com o projeto e a deixar um pouco de lado os trabalhos de cover de MPB na noite.
Casados, Mauro e Gabriela resolveram ir para Londres com a cara e a coragem. Vindo de bandas de rock como o Coma e o Planet Hemp (onde tocou teclados durante pouco tempo), o baixista acabou engatando uma carreira de músico contratado de brasileiros de passagem pela cidade, como Marcos Valle, Azymuth e Dom Um Romão. Gabriela fez uma pós-graduação de música antiga enquanto cantava na noite com o marido. Um dia, Mauro encontrou Mark Stewart, com quem havia tocado e começaram a pensar num projeto paralelo. "Começamos mais eletrônicos, não sabíamos qual era a onda que íamos seguir", conta. Logo, as composições do casal acabaram levando ao som que o Auwê tem hoje.
De uma viagem à Índia, dois anos atrás, Gabriela voltou cheia de inspiração: fez o baião De Bobeira, que Mauro define como "Luiz Gonzaga em Bombaim" - nele, a cantora toca um instrumento da família da cítara. A música foi a que mais chamou a atenção de Will Mowat. "Ele disse: 'essa música é diferente e é pop, as pessoas cantam'", conta a Gabriela.
De fato, as canções do CD do Auwê revelam grandes possibilidades de execução em rádio: desde as delicadamente folk Chorus Song, Eu Fui e Quiet às mais nordestinas Crise e Felicidade, passando pelas versões de Clube da Esquina nº2 e Estate. O disco encerra com a viagem de Auwê, uma brincadeira com a sonoridade de palavras indígenas, como a que dá nome à banda, que quer dizer "saúde e felicidade". Nas gravações, o quarteto ganhou o reforço dos bateristas Dylan Howe (filho de Steve Howe, guitarrista do Yes, banda da qual o casal é fã de longa data) e Chris Well, do gaitista David Munday e do tocador de tabla Sirishkumar Manji.
Em Londres, o Auwê já abriu shows de Marisa Monte e de Caetano (este, no festival Brasil 500 Anos) e dividiu o festival Braziliance com Bebel Gilberto. As apresentações transcorrem no mais puro clima hippie, com velas e incenso. A expectativa da banda é de vir mais vezes ao Brasil (recentemente, Gabriela passou pelo Rio para participar da ópera As Malibrans, de Jocy de Oliveira). Mas não porque o som não esteja agradando os europeus - ao contrário! "A coisa da música folk é muito forte por lá", explica Mauro. Para ver algumas fotos dos shows do Auwê em Londres, basta visitar o site da banda: www.auwe.net
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