Carnaval 2004: Beija-Flor é campeã no Rio de Janeiro
A escola azul-e-branca defendeu enredo em homenagem à Amazônia e sagrou-se bicampeã do Sambódromo carioca
Marco Antonio Barbosa
25/02/2004
Defendendo o enredo "Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa...que Alimenta o Corpo, Equilibra a Alma e Transmite a Paz", a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis foi a grande campeã do carnaval carioca 2004. Bi-campeã, na verdade, pois no ano passado a agremiação azul-e-branca também levou o título. O samba-enredo da escola campeã, de autoria de Cláudio Russo, José Luiz, Marquinhos, Jessi e Leleco, foi defendido com a garra habitual do puxador Neguinho da Beija-Flor, num ano em que a competição entre as composições foi dura - uma disputa envolvendo passado e presente. O resultado da avaliação dos jurados sobre os desfiles, que ocorreram nas noites de domingo e segunda-feira de Carnaval, foi divulgado na tarde de hoje (dia 25).
A escola de Nilópolis desfilou na madrugada de segunda (dia 23) para terça (24), debaixo de uma forte chuva. O enredo (criado por uma comissão de carnavalescos, e não apenas um único nome) mostrava as belezas da selva amazônica, suas riquezas naturais, seu povo e até o folclore da mata. Mas também não se furtou a comentar os problemas que grassam na região, como a devastação da floresta e a violência contra os índios. Nem a chuva, que atrapalhou a evolução de alguns dos integrantes, nem os problemas com um dos carros alegóricos (que fizeram com que a escola perdesse pontos no quesito alegorias) conseguiram derrubar o brilho do bicampeonato da Beija-Flor.
A competição entre os sambas-enredo do Carnaval carioca teve um ingrediente inesperado este ano. Para 2004, as escolas tiveram a opção de reeditar antigos sambas ao invés de apresentar composições inéditas, e quatro agremiações seguiram este caminho. O destaque foi para o Império Serrano, que resgatou o clássico Aquarela Brasileira (1964), de Silas de Oliveira - sucesso na voz de Martinho da Vila e considerado um dos mais belos sambas-enredo da história dos desfiles cariocas. Apesar de ter ganho o Estandarte de Ouro (tradicional premiação promovida pelo jornal O Globo, paralela ao campeonato oficial da Liga das Escolas de Samba) pelo samba, o Império terminou apenas na nona colocação. As outras escolas que fisgaram sambas do passado foram a Viradouro (Círio de Nazaré, da Unidos de São Carlos, de 1975), Portela, (Lendas e Mistérios da Amazônia, 1970), e a Tradição (Contos de Areia, samba da Portela de 1984). A princípio, as reedições valeriam apenas para 2004, em tributo aos 20 anos de construção do Sambódromo carioca. Mas durante a apuração dos votos dos jurados, a LIESA divulgou que no ano que vem o expediente também vai valer.
Este foi o oitavo título da Beija-Flor, fundada na cidade de Nilópolis (Baixada Fluminense) em 1948. A grande surpresa deste ano, a Unidos da Tijuca - considerada uma escola relativamente sem tradição - chegou em segundo, com o enredo O Sonho da Criação e a Criação do Sonho: a Arte da Ciência no Tempo do Impossível . Em terceiro, a sempre favorita Mangueira, com Mangueira Redescobre a Estrada Real... E Deste Eldorado Faz Seu Carnaval.
A letra do samba campeão:
Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa...que Alimenta o Corpo, Equilibra a Alma e Transmite a Paz
A ambição cruzou o mar
Trazida pelo invasor
A Espanha veio explorar
Pilhar e semear a dor
Amazônia, terra santa
Dos igarapés, mananciais
Alimenta o corpo, equilibra a alma
Transmite a paz
Brilhou o Eldorado,
no coração da mata as guerreiras
Belezas naturais, riquezas minerais
O reino de Tupã ergue a bandeira
Êh! Manôa
Minha canoa vai cruzar o rio-mar
Verde paraíso é onde Iara me seduz
com seu cantar
Força, mistério e magia
Fruto da energia o meu guaraná
A lágrima que o trovão derramou
A terra guardou semente no olhar
Maués, Anauê cultura milenar
viva a Paris tropical
Água que lava minh´alma
Ao matar a sede da população
Caboclo, ê, a homenagem hoje é
A todo povo da floresta um canto de fé
Se Deus me deu vou preservar
Meus filhos vão se orgulhar
A Amazônia é Brasil, é luz do criador
Avante com a tribo Beija-Flor
A escola de Nilópolis desfilou na madrugada de segunda (dia 23) para terça (24), debaixo de uma forte chuva. O enredo (criado por uma comissão de carnavalescos, e não apenas um único nome) mostrava as belezas da selva amazônica, suas riquezas naturais, seu povo e até o folclore da mata. Mas também não se furtou a comentar os problemas que grassam na região, como a devastação da floresta e a violência contra os índios. Nem a chuva, que atrapalhou a evolução de alguns dos integrantes, nem os problemas com um dos carros alegóricos (que fizeram com que a escola perdesse pontos no quesito alegorias) conseguiram derrubar o brilho do bicampeonato da Beija-Flor.
A competição entre os sambas-enredo do Carnaval carioca teve um ingrediente inesperado este ano. Para 2004, as escolas tiveram a opção de reeditar antigos sambas ao invés de apresentar composições inéditas, e quatro agremiações seguiram este caminho. O destaque foi para o Império Serrano, que resgatou o clássico Aquarela Brasileira (1964), de Silas de Oliveira - sucesso na voz de Martinho da Vila e considerado um dos mais belos sambas-enredo da história dos desfiles cariocas. Apesar de ter ganho o Estandarte de Ouro (tradicional premiação promovida pelo jornal O Globo, paralela ao campeonato oficial da Liga das Escolas de Samba) pelo samba, o Império terminou apenas na nona colocação. As outras escolas que fisgaram sambas do passado foram a Viradouro (Círio de Nazaré, da Unidos de São Carlos, de 1975), Portela, (Lendas e Mistérios da Amazônia, 1970), e a Tradição (Contos de Areia, samba da Portela de 1984). A princípio, as reedições valeriam apenas para 2004, em tributo aos 20 anos de construção do Sambódromo carioca. Mas durante a apuração dos votos dos jurados, a LIESA divulgou que no ano que vem o expediente também vai valer.
Este foi o oitavo título da Beija-Flor, fundada na cidade de Nilópolis (Baixada Fluminense) em 1948. A grande surpresa deste ano, a Unidos da Tijuca - considerada uma escola relativamente sem tradição - chegou em segundo, com o enredo O Sonho da Criação e a Criação do Sonho: a Arte da Ciência no Tempo do Impossível . Em terceiro, a sempre favorita Mangueira, com Mangueira Redescobre a Estrada Real... E Deste Eldorado Faz Seu Carnaval.
A letra do samba campeão:
Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa...que Alimenta o Corpo, Equilibra a Alma e Transmite a Paz
A ambição cruzou o mar
Trazida pelo invasor
A Espanha veio explorar
Pilhar e semear a dor
Amazônia, terra santa
Dos igarapés, mananciais
Alimenta o corpo, equilibra a alma
Transmite a paz
Brilhou o Eldorado,
no coração da mata as guerreiras
Belezas naturais, riquezas minerais
O reino de Tupã ergue a bandeira
Êh! Manôa
Minha canoa vai cruzar o rio-mar
Verde paraíso é onde Iara me seduz
com seu cantar
Força, mistério e magia
Fruto da energia o meu guaraná
A lágrima que o trovão derramou
A terra guardou semente no olhar
Maués, Anauê cultura milenar
viva a Paris tropical
Água que lava minh´alma
Ao matar a sede da população
Caboclo, ê, a homenagem hoje é
A todo povo da floresta um canto de fé
Se Deus me deu vou preservar
Meus filhos vão se orgulhar
A Amazônia é Brasil, é luz do criador
Avante com a tribo Beija-Flor