Cássia Eller: mais comportada, de banquinho e violão
Cantora lança seu projeto Acústico, gravação ao vivo que rendeu CD de releituras e o tradicional especial da MTV, que vai ao ar no próximo dia 5
Carlos Calado
27/04/2001
Quem imaginaria Cássia Eller, sentada discretamente num banquinho, interpretando em francês um pungente sucesso da diva da chanson Edith Piaf? É assim que começa o Acústico – especial estrelado pela cantora, que a MTV exibe a partir de 5 de maio, um dia após a apresentação do making of. Além do costumeiro CD, que chega às lojas na próxima semana, o projeto também vai render um DVD, com lançamento previsto para meados do ano, pela gravadora Universal.
"Não fiz força para ficar comportada, nem me segurei. Esse show não deixa de ser rock’n’ roll por isso", garantiu a cantora, na coletiva de imprensa que aconteceu em São Paulo, anteontem. Com uma timidez que raramente exibe no palco, Cássia disse ter embarcado por vontade própria no batido formato do Acústico, trilhado ao longo da última década por vários figurões do pop brasileiro, como os Titãs, os Paralamas, Legião Urbana, Rita Lee e Gilberto Gil, entre outros. "Era uma coisa que eu esperava há muito tempo", afirmou a intérprete.
Co-produtor do disco (junto com o violonista Luiz Brasil), o titã Nando Reis aproveitou a primeira insinuação sobre o desgaste dessa fórmula, para marcar posição. "Fazendo esse disco, solidifiquei dentro de mim que qualquer idéia sobre a trajetória do Acústico pode embutir preconceitos", contra-atacou o cantor e compositor, explicando que não considera esse álbum um mero projeto. "É um disco de carreira da Cássia", disse.
Ensaios em Teresópolis
A cantora não esconde que a participação dos dois produtores foi decisiva para definir o repertório do álbum, gravado ao vivo durante as noites de 7 e 8 de março, num estúdio de TV, em São Paulo. "Eu só tinha escolhido quatro músicas, quando fomos para a fazenda", admite, referindo-se a um sítio em Teresópolis, que já serviu para recuperar viciados em drogas, onde ela, os músicos e os produtores passaram três semanas, ensaiando e criando os arranjos do disco.
"Desde a primeira vez que trabalhei com a Cássia, percebi que a relação dela com as pessoas é de extrema confiança. Ela delega", comentou Nando Reis, responsável pela introdução no repertório da inusitada Non, Je Ne Regrette Rien (Não, eu não me arrependo de nada), o sucesso de Piaf que abre o CD. "Fiquei assustada no início", confessou a cantora.
Também foi de Nando a idéia de fechar o disco com Top Top, um dos mais debochados rocks dos Mutantes. Seria um recado àqueles que, certamente, iriam criticar essa enésima incursão pelo formato Acústico? "Eu não queria uma coisa que todo mundo esperasse. Gosto dessa história de ‘vou sabotar’ ", respondeu Cássia, parafraseando a letra da canção mutante. "Achei esquisito, mas depois de ouvir gostei", admitiu. "O mais previsível seria terminar com o som pesado do Nação Zumbi", emendou Nando, mencionando a gravação de Quando a Maré Encher (de Fábio Trummer, Roger Man e Bernardo Chopinho, da banda pernambucana Eddie), faixa que conta com participações de três percussionistas da Nação, que por sinal havia gravado a mesma música em seu mais recente disco, Radio S.Amb.A..
Outra faixa que a cantora não imaginava gravar, mas que acabou entrando no disco, foi Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. "Eu queria gravar Come Together, mas o Nando sugeriu essa", contou Cássia, ressaltando sua forte ligação com o quarteto britânico. "Com os Beatles, aprendi a cantar, a tocar violão e até a falar inglês."
Antigos sucessos e novidades
Naturalmente, o repertório do disco também inclui versões acústicas de antigos sucessos da cantora, como Malandragem (Cazuza e Frejat), E.C.T. (Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown) e Nós (Tião Carvalho). Entre as novidades aparecem Partido Alto (Chico Buarque), Queremos Saber (Gilberto Gil), Relicário (Nando Reis) e o delicioso samba Vá Morar com o Diabo (Riachão), que arranca aplausos eufóricos da platéia.
Já a decisão de fazer a gravação com poucos convidados, assumiu Cássia, foi sua. "Sou egoísta. Não sei dividir o palco, porque viajo muito quando estou cantando e fico dispersa", disse a cantora, que teve a seu lado apenas o rapper Xis (autor da faixa De Esquina), além de Nando Reis e os percussionistas do Nação Zumbi. "Eu não queria muita gente porque poderia me atrapalhar. Toda hora eu entrava na vez do Xis", justificou.
Entre o nervosismo gerado pela gravação de seu Acústico e a apresentação desse mesmo repertório, na série de shows que deve começar em junho, no Rio de Janeiro, Cássia não tem qualquer dúvida: prefere a próxima fase. "Não gosto de gravar discos. Essa é última coisa em que eu penso. Estou a fim mesmo é de cair na estrada com esse show", finalizou a cantora.
"Não fiz força para ficar comportada, nem me segurei. Esse show não deixa de ser rock’n’ roll por isso", garantiu a cantora, na coletiva de imprensa que aconteceu em São Paulo, anteontem. Com uma timidez que raramente exibe no palco, Cássia disse ter embarcado por vontade própria no batido formato do Acústico, trilhado ao longo da última década por vários figurões do pop brasileiro, como os Titãs, os Paralamas, Legião Urbana, Rita Lee e Gilberto Gil, entre outros. "Era uma coisa que eu esperava há muito tempo", afirmou a intérprete.
Co-produtor do disco (junto com o violonista Luiz Brasil), o titã Nando Reis aproveitou a primeira insinuação sobre o desgaste dessa fórmula, para marcar posição. "Fazendo esse disco, solidifiquei dentro de mim que qualquer idéia sobre a trajetória do Acústico pode embutir preconceitos", contra-atacou o cantor e compositor, explicando que não considera esse álbum um mero projeto. "É um disco de carreira da Cássia", disse.
Ensaios em Teresópolis
A cantora não esconde que a participação dos dois produtores foi decisiva para definir o repertório do álbum, gravado ao vivo durante as noites de 7 e 8 de março, num estúdio de TV, em São Paulo. "Eu só tinha escolhido quatro músicas, quando fomos para a fazenda", admite, referindo-se a um sítio em Teresópolis, que já serviu para recuperar viciados em drogas, onde ela, os músicos e os produtores passaram três semanas, ensaiando e criando os arranjos do disco.
"Desde a primeira vez que trabalhei com a Cássia, percebi que a relação dela com as pessoas é de extrema confiança. Ela delega", comentou Nando Reis, responsável pela introdução no repertório da inusitada Non, Je Ne Regrette Rien (Não, eu não me arrependo de nada), o sucesso de Piaf que abre o CD. "Fiquei assustada no início", confessou a cantora.
Também foi de Nando a idéia de fechar o disco com Top Top, um dos mais debochados rocks dos Mutantes. Seria um recado àqueles que, certamente, iriam criticar essa enésima incursão pelo formato Acústico? "Eu não queria uma coisa que todo mundo esperasse. Gosto dessa história de ‘vou sabotar’ ", respondeu Cássia, parafraseando a letra da canção mutante. "Achei esquisito, mas depois de ouvir gostei", admitiu. "O mais previsível seria terminar com o som pesado do Nação Zumbi", emendou Nando, mencionando a gravação de Quando a Maré Encher (de Fábio Trummer, Roger Man e Bernardo Chopinho, da banda pernambucana Eddie), faixa que conta com participações de três percussionistas da Nação, que por sinal havia gravado a mesma música em seu mais recente disco, Radio S.Amb.A..
Outra faixa que a cantora não imaginava gravar, mas que acabou entrando no disco, foi Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. "Eu queria gravar Come Together, mas o Nando sugeriu essa", contou Cássia, ressaltando sua forte ligação com o quarteto britânico. "Com os Beatles, aprendi a cantar, a tocar violão e até a falar inglês."
Antigos sucessos e novidades
Naturalmente, o repertório do disco também inclui versões acústicas de antigos sucessos da cantora, como Malandragem (Cazuza e Frejat), E.C.T. (Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown) e Nós (Tião Carvalho). Entre as novidades aparecem Partido Alto (Chico Buarque), Queremos Saber (Gilberto Gil), Relicário (Nando Reis) e o delicioso samba Vá Morar com o Diabo (Riachão), que arranca aplausos eufóricos da platéia.
Já a decisão de fazer a gravação com poucos convidados, assumiu Cássia, foi sua. "Sou egoísta. Não sei dividir o palco, porque viajo muito quando estou cantando e fico dispersa", disse a cantora, que teve a seu lado apenas o rapper Xis (autor da faixa De Esquina), além de Nando Reis e os percussionistas do Nação Zumbi. "Eu não queria muita gente porque poderia me atrapalhar. Toda hora eu entrava na vez do Xis", justificou.
Entre o nervosismo gerado pela gravação de seu Acústico e a apresentação desse mesmo repertório, na série de shows que deve começar em junho, no Rio de Janeiro, Cássia não tem qualquer dúvida: prefere a próxima fase. "Não gosto de gravar discos. Essa é última coisa em que eu penso. Estou a fim mesmo é de cair na estrada com esse show", finalizou a cantora.