Cazuza ganha livro com toda sua obra
Lucinha Araújo resgata todas as letras do filho e as histórias das músicas contadas pelos parceiros em Preciso Dizer que Te Amo, cujo prefácio é assinado pelo pai do roqueiro
Rodrigo Faour
02/04/2001
Mais de 100 mil pessoas compraram Só as Mães São Felizes, livro escrito em 1997 pela jornalista Regina Echeverria que trazia um testemunho de Lucinha Araújo sobre sua convivência com o filho Cazuza. Os fãs agora têm nova oportunidade de saber mais sobre o ídolo. No próximo dia 4, quando o cantor completaria 43 anos, Echeverria e Lucinha (com a colaboração do jornalista Mauro Ferreira) lançam um livro que reúne toda sua obra, com direito a depoimentos de seus mais diversos parceiros, tais como Frejat, Ezequiel Neves, Lobão, Rita Lee, Arnaldo Brandão, Ângela Ro Ro, Gilberto Gil, Bebel Gilberto, João Donato, Dé, George Israel, Nilo Romero e Orlando Morais, além de fotos, discografia, premiações e um pouco da história da Sociedade Viva Cazuza, que Lucinha ministra há dez anos — e para a qual a renda do livro será revertida.
Até o ano passado, o livro se chamaria O Poeta Está Vivo — uma referência à bela canção de Frejat e Dulce Quental sobre o cantor . "Mas achei muito óbvio. Aí a Regina me sugeriu Museu de Grandes Novidades. Mas achei que não tinha nada a ver, embora adore essa frase. Então decidi batizá-lo de Preciso Dizer que Te Amo por ser uma declaração de amor dos pais a ele", explica a incansável Lucinha, que conseguiu que o produtor musical João Araújo, seu marido e pai de Cazuza, escrevesse pela primeira vez um texto sobre o filho. É dele o prefácio do livro que traz 205 letras e poesias de Cazuza, entre elas 78 inéditas que nunca foram publicadas. "Esse livro tem o objetivo de imortalizar a obra de Cazuza", frisa Lucinha.
Se há um ano Lucinha prometia 72 letras inéditas, ela própria surpreendeu-se ao encontrar mais seis para incluir no novo livro. Tudo isso porque ela resolveu abrir o armário do filho, até então intacto desde sua morte em 7 de julho de 1990. "Tinha um armário dele que eu nunca mexi. Era preciso sentar um dia com calma e organizar aquilo tudo e eu nunca estava com espírito para encará-lo. Até que um dia, quis entregar algumas letras manuscritas por ele à Regina e tive que abri-lo. Qual foi minha surpresa, acabei achando mais coisas novas", explica. Entre as inéditas, a preferida de Lucinha chama-se Tópicos de uma Semana Utópica, que já foi projetada num telão na abertura do show Veneno Antimonotonia (1998), de Cássia Eller, dedicado ao roqueiro . Ela tem versos como: "Ler da tua boca as palavras como fazem os surdos/ Sorrir com os olhos e com as mãos como fazem os mudos".
Mas as surpresas não cessaram por aí. Ao ligar para as editoras detentoras dos direitos sobre a obra de Cazuza, Lucinha descobriu muitas outras regravações de suas canções. "Só Codinome Beija-Flor ganhou 22 regravações. Uma delas instrumental, feita pelo pianista Richard Clayderman e outra vertida para o italiano virou Soprennome Colibri", anima-se. "Incluí, ao final de cada letra, a lista de todas as pessoas que as gravaram. Devo ter esquecido ainda de muita coisa. Mas, se isso acontecer, incluirei nas próximas edições", adianta. Uma das letras de Cazuza quase foi esquecida. Era Fratura (Não) Exposta, gravada por Ney Matogrosso em 1986 , sem maior repercussão, e que jamais foi regravada. "O Ney nem se lembrava mais. Depois, me arranjou a letra".
Contatos paranormais nunca deram certo
Louca pelo filho, Lucinha confessa que já tentou comunicar-se com ele de alguma maneira depois de sua morte. "O que já berrei e gritei para que ele aparecesse para mim não está no gibi. Ele já deve estar de saco cheio! (risos) Já me consultei com algumas pessoas que dizem ter esses poderes (paranormais), mas não acreditei em nenhum. Uma delas chegou e disse, como sendo uma mensagem dele: 'Me arrependi de tudo que fiz!'. Aí já vejo que não era ele. Com todo o respeito, meu filho não era homem de se arrepender do que fazia! Só acreditaria se ele me chamasse por um nome que só eu e ele sabíamos ou me desse alguma pista mais real. Aí, tudo bem. Mas tudo que ouvi até agora não me convenceu. Tem gente até que me manda letras, dizendo que foram psicografadas por ele, e que o João (Araújo) teria que gravar com tal intérprete. Pode? (risos) Se um dia o Chico Xavier receber alguma mensagem dele, aí vou acreditar. Mas também nunca o procurei nem ele a mim", explica.
Um dos grandes trunfos do livro é o prefácio, assinado por João Araújo (já disponível na homepage do livro), que pela primeira vez escreve um texto analisando a obra de Cazuza e sua convivência com ele. "Meu próximo desafio é que ele escreva suas memórias. Porque ele trabalha desde os 14 anos e está com 65. É um recorde. Nenhum outro produtor musical no Brasil teve uma carreira tão longa", espera Lucinha.
Depois de ler, reler e estudar a obra do filho, Lucinha confessa-se cada vez mais tiete de Cazuza. "Não tenho nenhum pudor de dizer que se ele tivesse mais tempo de vida se tornaria o maior compositor do Brasil. Se com sete anos de carreira escreveu 205 letras... se tivesse tido mais tempo, sai de baixo! Mesmo com pouco tempo marcou presença na MPB. Se não fosse tão bom não teria sobrevivido à safra dos anos 80. Aliás o Caetano Veloso diz isso na orelha do livro", desabafa. Lucinha diz que em cada fase da vida tem uma música de Cazuza que lhe toca mais à alma. Qual é sua preferida atualmente? Preciso Dizer que Te Amo. Alguma dúvida?
Até o ano passado, o livro se chamaria O Poeta Está Vivo — uma referência à bela canção de Frejat e Dulce Quental sobre o cantor . "Mas achei muito óbvio. Aí a Regina me sugeriu Museu de Grandes Novidades. Mas achei que não tinha nada a ver, embora adore essa frase. Então decidi batizá-lo de Preciso Dizer que Te Amo por ser uma declaração de amor dos pais a ele", explica a incansável Lucinha, que conseguiu que o produtor musical João Araújo, seu marido e pai de Cazuza, escrevesse pela primeira vez um texto sobre o filho. É dele o prefácio do livro que traz 205 letras e poesias de Cazuza, entre elas 78 inéditas que nunca foram publicadas. "Esse livro tem o objetivo de imortalizar a obra de Cazuza", frisa Lucinha.
Se há um ano Lucinha prometia 72 letras inéditas, ela própria surpreendeu-se ao encontrar mais seis para incluir no novo livro. Tudo isso porque ela resolveu abrir o armário do filho, até então intacto desde sua morte em 7 de julho de 1990. "Tinha um armário dele que eu nunca mexi. Era preciso sentar um dia com calma e organizar aquilo tudo e eu nunca estava com espírito para encará-lo. Até que um dia, quis entregar algumas letras manuscritas por ele à Regina e tive que abri-lo. Qual foi minha surpresa, acabei achando mais coisas novas", explica. Entre as inéditas, a preferida de Lucinha chama-se Tópicos de uma Semana Utópica, que já foi projetada num telão na abertura do show Veneno Antimonotonia (1998), de Cássia Eller, dedicado ao roqueiro . Ela tem versos como: "Ler da tua boca as palavras como fazem os surdos/ Sorrir com os olhos e com as mãos como fazem os mudos".
Mas as surpresas não cessaram por aí. Ao ligar para as editoras detentoras dos direitos sobre a obra de Cazuza, Lucinha descobriu muitas outras regravações de suas canções. "Só Codinome Beija-Flor ganhou 22 regravações. Uma delas instrumental, feita pelo pianista Richard Clayderman e outra vertida para o italiano virou Soprennome Colibri", anima-se. "Incluí, ao final de cada letra, a lista de todas as pessoas que as gravaram. Devo ter esquecido ainda de muita coisa. Mas, se isso acontecer, incluirei nas próximas edições", adianta. Uma das letras de Cazuza quase foi esquecida. Era Fratura (Não) Exposta, gravada por Ney Matogrosso em 1986 , sem maior repercussão, e que jamais foi regravada. "O Ney nem se lembrava mais. Depois, me arranjou a letra".
Contatos paranormais nunca deram certo
Louca pelo filho, Lucinha confessa que já tentou comunicar-se com ele de alguma maneira depois de sua morte. "O que já berrei e gritei para que ele aparecesse para mim não está no gibi. Ele já deve estar de saco cheio! (risos) Já me consultei com algumas pessoas que dizem ter esses poderes (paranormais), mas não acreditei em nenhum. Uma delas chegou e disse, como sendo uma mensagem dele: 'Me arrependi de tudo que fiz!'. Aí já vejo que não era ele. Com todo o respeito, meu filho não era homem de se arrepender do que fazia! Só acreditaria se ele me chamasse por um nome que só eu e ele sabíamos ou me desse alguma pista mais real. Aí, tudo bem. Mas tudo que ouvi até agora não me convenceu. Tem gente até que me manda letras, dizendo que foram psicografadas por ele, e que o João (Araújo) teria que gravar com tal intérprete. Pode? (risos) Se um dia o Chico Xavier receber alguma mensagem dele, aí vou acreditar. Mas também nunca o procurei nem ele a mim", explica.
Um dos grandes trunfos do livro é o prefácio, assinado por João Araújo (já disponível na homepage do livro), que pela primeira vez escreve um texto analisando a obra de Cazuza e sua convivência com ele. "Meu próximo desafio é que ele escreva suas memórias. Porque ele trabalha desde os 14 anos e está com 65. É um recorde. Nenhum outro produtor musical no Brasil teve uma carreira tão longa", espera Lucinha.
Depois de ler, reler e estudar a obra do filho, Lucinha confessa-se cada vez mais tiete de Cazuza. "Não tenho nenhum pudor de dizer que se ele tivesse mais tempo de vida se tornaria o maior compositor do Brasil. Se com sete anos de carreira escreveu 205 letras... se tivesse tido mais tempo, sai de baixo! Mesmo com pouco tempo marcou presença na MPB. Se não fosse tão bom não teria sobrevivido à safra dos anos 80. Aliás o Caetano Veloso diz isso na orelha do livro", desabafa. Lucinha diz que em cada fase da vida tem uma música de Cazuza que lhe toca mais à alma. Qual é sua preferida atualmente? Preciso Dizer que Te Amo. Alguma dúvida?