Charlie Brown Jr. lança <i>Acústico MTV</i>

Especial e CD trazem a banda cercada de convidados especiais, desfrutando de invejável posição no cenário pop-rock

Marco Antonio Barbosa
26/09/2003
Se o Charlie Brown Jr. é hoje a banda mais influente do rock nacional - verdade que pode ser medida pela quantidade de clones, disfarçados ou não, que a banda gerou nos últimos anos - muito disso se deve à MTV. E é por isso que, apesar de parecer uma escolha estranha para um projeto de formato (originalmente) intimista e sutil, o grupo deve ter se sentido em casa ao gravar seu Acústico MTV, que vai ao ar hoje (dia 26), às 22h, pela Music Televsion (consulte o site da emissora, www.mtv.com.br, para saber horários alternativos). O especial chega à telinha ao mesmo em que o disco homônimo (EMI) é despejado nas prateleiras, pronto para ampliar ainda mais a base de fãs da banda (que já vendeu mais de 1,5 milhão de CDs). E para, quem sabe, parir mais uma geração de imitadores.

O especial foi gravado dias 5 e 6 de agosto no Espaço Locall, em São Paulo, em clima celebratório. Chorão, vocalista da banda, afirmou que gravar o Acústico era um desafio que nenhuma outra banda da geração do CBJr. encarou. Mesmo tendo ele admitido que, a princípio, achou engraçada a proposta de fazer um programa banquinho-e-violão. Não que isso tenha detido o cantor e seus asseclas Marcão (violões) Champignon (baixo acústico) e Pelado (bateria), que não abdicaram do peso e do punch. A mistura de funk-metal, hip hop, surf music e reggae do Charlie Brown Jr. não se abrandou com a passagem para o desplugado; apesar dos instrumentos serem acústicos, toda a gama de efeitos e amplificação que o grupo usa normalmente foi empregada. O resultado, naturalmente, não ficou muito longe do som tradicional que a banda tira ao vivo.

Aí é que entra a parte celebratória, com a introdução dos convidados especiais. Tradição na série da MTV, a lista de participações teve como convidado de honra Marcelo Nova, fundador do Camisa de Vênus e - por que não - pai espiritual da marra do CBJr. Junto ao grupo, Nova lascou uma versão da furiosa Hoje, clássico do Camisa. A outra ponta da sonoridade do grupo, a influência do rap, mereceu uma companhia mais alentada. Marcelo D2 (com Daniel Ganjaman, do grupo Instituto) juntou-se a Chorão para um cover de Samba Makossa que serviu também de homenagem ao autor Chico Science. Sabotage, o rapper paulistano morto no começo do ano, também foi lembrado nesta música e em A Banca (Ratata É Bicho Solto), cantada com os integrantes do RZO. Aqui fica clara a dívida do Charlie Brown ao hip hop mais ortodoxo, incluindo até um freestyle de Chorão e um solo de beatbox (percussão simulada feita com a boca). Num momento mais cool, Negra Li, também do RZO, empresta um tom black ao hit Não É Sério.

De resto, o quarteto, mais o produtor/guitarrista/bróder Tadeu Patola mandam praticamente todos os hits da banda - tem Proibida Pra Mim, O Coro Vai Comer, O Preço, Como Tudo Deveria Ser, Papo Reto, Só Por Uma Noite... De inédito, a já batida nas FMs Vicios e Virtudes e Eu Não Uso Sapato completam o pacote.

O namoro do Charlie Brown Jr. com a MTV virou noivado com o sucesso que banda alcançou na telinha da emissora, e sacramentou-se em casamento com o êxito no último Video Music Brasil (no qual os videos de Papo Reto e Só por uma Noite foram premiados). O DVD do especial, com a íntegra da apresentação (e quatro músicas a mais do que o CD que sai hoje) deve ser lançado em algumas semanas. A "geração Charlie Brown" deve garantir mais um êxito para a franquia que, nos últimos anos, tem carregado nas costas as combalidas gravadoras de nossa terra.