Cidade Negra: reggae à base de luz espiritual
Depois de cinco anos sem lançar disco de inéditas, o grupo fluminense ressurge com Perto de Deus
Marco Antonio Barbosa e Mônica Loureiro
03/09/2004
A música do Cidade Negra sempre fez referências à espiritualidade - tema
recorrente no reggae. Mas, desta vez, a banda está ainda mais Perto de
Deus. O título do novo disco, segundo o guitarrista Da Gama, surgiu por acaso, porém combinou perfeitamente com o clima do trabalho. "A música já estava composta para este projeto. Foi o Toni (Garrido, vocalista) quem sugeriu e bateu bem para todo mundo. É interessante porque as letras têm realmente tendência a passar mensagens, foi um verdadeiro encontro de temas espirituais".
O músico reforça que todos os integrantes têm forte ligação com a religião: "Somos filhos de pessoas religiosas. Eu fui criado na Igreja Batista, que ainda freqüento, o Lazão vai sempre ao Lar do Frei Luiz", exemplifica. Outro tema presente nas letras do novo disco é a luz do Sol. "Se o Sol não aparecer quando você acordar?" (Sinais), "Que o Sol nasceu depois que eu vi você" (Régia) e "É domingo regado de Sol" (Dia Livre) são alguns dos "iluminados" versos. Ele comenta: "Foi uma coincidência maravilhosa, porque a gente não se encontrou todos os dias para fazer este disco. Diferente do anterior, onde a gente se fechou numa casa, desta vez cada um chegava com sua música e os outros iam colocando as idéias. A luz acabou indo ao encontro da espiritualidade", diz.
Perto de Deus (Sony Music) é o oitavo disco do Cidade Negra. O anterior, Acústico MTV , vendeu 350 mil cópias. "Foram dois anos e meio na estrada. Estávamos há quase cinco anos sem um disco de inéditas", diz Da Gama. O novo CD reúne 14 faixas, das quais apenas uma pode não ser considerada inédita: Selva de Pedra, versão de Lazão e do guitarrista Sergio Yasbek para Concrete Jungle, de Bob Marley. "Nem letra nem arranjos foram mudados, porque encaramos Bob Marley como um grande compromisso, não há porque mexer em algo tão maravilhoso. É claro que acaba ficando com a cara da banda, porque são outros instrumentos e outra forma de cantar", diz o guitarrista.
O disco do grupo que grava reggae desde o início da carreira está ainda mais próximo da Jamaica: a mixagem foi feita por Collin "Bulby" York na terra de Marley. "É a primeira vez que finalizamos um disco no exterior. Fomos direto à fonte, para pegar todas as influências dos jamaicanos", explica. Outro "gringo" presente no disco é o produtor Paul Ralphes, um galês que acompanha o Cidade Negra desde o CD Enquanto o Mundo Gira (2000). No novo trabalho, assume também arranjos, percussão, teclados, dub efeitos e até guitarra - ele só não toca nas três últimas faixas. "Paul é um grande músico e grande amigo. Ele teve uma banda e pegou o reggae no momento certo, nos anos 60, época das grandes descobertas", elogia o músico.
Falando em guitarras, Da Gama chama a atenção para outra característica do Cidade Negra, que é a de sempre ter guitarras adicionais nas músicas. "É muito importante variar com outros músicos. No reggae, baixo e bateria meio que se repetem. É a guitarra que tem os detalhes, é com ela que fica mais fácil criar diferenciações. Eu não sou guitarrista da cultura de rock. Se eu chamo, por exemplo, Ricardo Barreto (da Blitz) ou um guitarrista de blues, o feeling é outro, o solo vai ficar diferente", diz.
Perto de Deus tem dois convidados: o jamaicano Anthony B na música homônima ao título e o paulista Rappin'Hood em Homem que Faz a Guerra, co-escrita por ele ao lado de Lazão, Toni, Gama e Bino. "O Anthony é da nova geração do reggae jamaicano, mas mantém a filosofia rasta. Ele é visceral, solta toda sua testosterona fazendo um contraponto com o Toni!", brinca. Já Rappin'Hood era para ter participado do disco anterior. "Mas o MV Bill funcionava melhor naquele conceito", refere-se Da Gama à música A Voz do Excluído, parceria do rapper com o grupo no disco Enquanto o Mundo Gira.
É comum, nos discos da banda, que quase todas as letras e músicas sejam de autoria de todo o grupo ou alternando parcerias entre si. Neste, chama a atenção a presença de Serginho Meriti, que assina com Da Gama Retratos da Vida. "Serginho é meu parceiro há 10 anos. Quando eu era adolescente, ia muito aos seus bailes com o Copa 7! E se engana quem pensa que ele é só compositor de samba (Serginho é autor, por exemplo, de Deixa a Vida me Levar), ele é muito diversificado", destaca Da Gama. O disco ainda tem Bernardo Vilhena, parceiro de Da Gama em Além das ondas, e Roger Negão, ao lado de Lazão, Toni e Bino em Busy Busy.
O show de lançamento está marcado para o dia 25 de novembro no Canecão. Enquanto isso, a banda segue com divulgação e ensaios e Da Gama com seus projetos paralelos. Além do programa "Cidade do reggae", na Rádio Cidade, o guitarrista cuida, através de sua produtora Reggae Brasil (www.reggaebrasilprodutora.com.br), de várias frentes sociais. Como o "Basquete e Arte", que promove jogos com artistas para arrecadar cestas básicas e material escolar, e a Cia. Teatral Patuar, um grupo de atores afro-descendentes. Da Gama também tem planos de lançar um livro de poesias. "Enquanto estávamos produzindo o disco, não dava tempo para pensar em projetos paralelos. Agora, só com os shows, é mais fácil se concentrar nas criações. Pretendo lançar o livro ainda este ano", promete.
O músico reforça que todos os integrantes têm forte ligação com a religião: "Somos filhos de pessoas religiosas. Eu fui criado na Igreja Batista, que ainda freqüento, o Lazão vai sempre ao Lar do Frei Luiz", exemplifica. Outro tema presente nas letras do novo disco é a luz do Sol. "Se o Sol não aparecer quando você acordar?" (Sinais), "Que o Sol nasceu depois que eu vi você" (Régia) e "É domingo regado de Sol" (Dia Livre) são alguns dos "iluminados" versos. Ele comenta: "Foi uma coincidência maravilhosa, porque a gente não se encontrou todos os dias para fazer este disco. Diferente do anterior, onde a gente se fechou numa casa, desta vez cada um chegava com sua música e os outros iam colocando as idéias. A luz acabou indo ao encontro da espiritualidade", diz.
Perto de Deus (Sony Music) é o oitavo disco do Cidade Negra. O anterior, Acústico MTV , vendeu 350 mil cópias. "Foram dois anos e meio na estrada. Estávamos há quase cinco anos sem um disco de inéditas", diz Da Gama. O novo CD reúne 14 faixas, das quais apenas uma pode não ser considerada inédita: Selva de Pedra, versão de Lazão e do guitarrista Sergio Yasbek para Concrete Jungle, de Bob Marley. "Nem letra nem arranjos foram mudados, porque encaramos Bob Marley como um grande compromisso, não há porque mexer em algo tão maravilhoso. É claro que acaba ficando com a cara da banda, porque são outros instrumentos e outra forma de cantar", diz o guitarrista.
O disco do grupo que grava reggae desde o início da carreira está ainda mais próximo da Jamaica: a mixagem foi feita por Collin "Bulby" York na terra de Marley. "É a primeira vez que finalizamos um disco no exterior. Fomos direto à fonte, para pegar todas as influências dos jamaicanos", explica. Outro "gringo" presente no disco é o produtor Paul Ralphes, um galês que acompanha o Cidade Negra desde o CD Enquanto o Mundo Gira (2000). No novo trabalho, assume também arranjos, percussão, teclados, dub efeitos e até guitarra - ele só não toca nas três últimas faixas. "Paul é um grande músico e grande amigo. Ele teve uma banda e pegou o reggae no momento certo, nos anos 60, época das grandes descobertas", elogia o músico.
Falando em guitarras, Da Gama chama a atenção para outra característica do Cidade Negra, que é a de sempre ter guitarras adicionais nas músicas. "É muito importante variar com outros músicos. No reggae, baixo e bateria meio que se repetem. É a guitarra que tem os detalhes, é com ela que fica mais fácil criar diferenciações. Eu não sou guitarrista da cultura de rock. Se eu chamo, por exemplo, Ricardo Barreto (da Blitz) ou um guitarrista de blues, o feeling é outro, o solo vai ficar diferente", diz.
Perto de Deus tem dois convidados: o jamaicano Anthony B na música homônima ao título e o paulista Rappin'Hood em Homem que Faz a Guerra, co-escrita por ele ao lado de Lazão, Toni, Gama e Bino. "O Anthony é da nova geração do reggae jamaicano, mas mantém a filosofia rasta. Ele é visceral, solta toda sua testosterona fazendo um contraponto com o Toni!", brinca. Já Rappin'Hood era para ter participado do disco anterior. "Mas o MV Bill funcionava melhor naquele conceito", refere-se Da Gama à música A Voz do Excluído, parceria do rapper com o grupo no disco Enquanto o Mundo Gira.
É comum, nos discos da banda, que quase todas as letras e músicas sejam de autoria de todo o grupo ou alternando parcerias entre si. Neste, chama a atenção a presença de Serginho Meriti, que assina com Da Gama Retratos da Vida. "Serginho é meu parceiro há 10 anos. Quando eu era adolescente, ia muito aos seus bailes com o Copa 7! E se engana quem pensa que ele é só compositor de samba (Serginho é autor, por exemplo, de Deixa a Vida me Levar), ele é muito diversificado", destaca Da Gama. O disco ainda tem Bernardo Vilhena, parceiro de Da Gama em Além das ondas, e Roger Negão, ao lado de Lazão, Toni e Bino em Busy Busy.
O show de lançamento está marcado para o dia 25 de novembro no Canecão. Enquanto isso, a banda segue com divulgação e ensaios e Da Gama com seus projetos paralelos. Além do programa "Cidade do reggae", na Rádio Cidade, o guitarrista cuida, através de sua produtora Reggae Brasil (www.reggaebrasilprodutora.com.br), de várias frentes sociais. Como o "Basquete e Arte", que promove jogos com artistas para arrecadar cestas básicas e material escolar, e a Cia. Teatral Patuar, um grupo de atores afro-descendentes. Da Gama também tem planos de lançar um livro de poesias. "Enquanto estávamos produzindo o disco, não dava tempo para pensar em projetos paralelos. Agora, só com os shows, é mais fácil se concentrar nas criações. Pretendo lançar o livro ainda este ano", promete.